Máquinas agrícolas: espera pelo Plano Safra e quebra nas lavouras ajudaram a derrubar vendas
A comercialização de colheitadeiras caiu mais de 50% no primeiro trimestre de 2024, divulgou Abimaq durante a Agrishow
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30/04/2024
Por: Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com
Os efeitos do El Niño não provocaram queda só na produção de grãos brasileira, mas ao que tudo indica, tiveram participação importante no resultado das vendas de máquinas agrícolas. No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida do setor caiu 35,8% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior e alcançou R$ 11,6 milhões. Nesse período, as exportações recuaram 23,1% (somaram US$ 351 milhões); enquanto as vendas internas registraram queda de 36,9%, totalizando R$ 9,9 milhões.
A comercialização de tratores caiu 34,8% e registrou 8.397 unidades vendidas. Já entre as colheitadeiras, a queda foi maior: 54,7%, resultando em 926 máquinas. Os números de vendas de máquinas foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) nesta terça-feira, 30, durante a Agrishow 2024, em Ribeirão Preto (SP).
Na avaliação da entidade, as perdas nas lavouras de soja e milho foram o principal motivo para esse resultado, já que 60% das vendas de colheitadeira são para produtores dessas culturas. Além disso, a expectativa dos produtores rurais quanto aos anúncios do Plano Safra 2024/2025 também seguraram as vendas.
“No primeiro semestre a gente achava que teria dificuldade por não ter dinheiro do Plano Safra. O novo Plano só entra em julho, então o pessoal não vai comprar agora, vai esperar”, afirma Pedro Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da (Abimaq).
O setor pediu ao governo R$ 36 bilhões para o Plano Safra 2024/2025, divididos em R$ 26 bi para Moderfrota e R$ 10 bi para o Pronamp.
Segundo semestre deve ser de retomada, mas vendas ainda serão 15% menores
Segundo Bastos, os resultados das vendas são das fábricas para as revendas. “Desconfiamos que das concessionárias para os produtores, os números estão melhores. Muitas indústrias paralisaram as operações porque os estoques das revendas estão altos”, analisa.
Além disso, a safra de outras culturas como cana-de-açúcar, algodão e café estão com boas produtividades. “A gente entende que o pior já passou”, diz Bastos. Mesmo assim, ele afirma que a Abimaq vai esperar o fim da Agrishow para reavaliar a projeção de queda nas vendas de 15% em 2024.
A organização da Agrishow já disse que se a comercialização for igual a da edição passada, será uma grande vitória. Em 2023, foram fechados R$ 13,2 bilhões. “Não tem clima de pessimismo”, finaliza Bastos.