Economia
Setor de máquinas agrícolas cresce 17% em fevereiro
Seca em 2024 derrubou as vendas no setor, que amarga queda acumulada no ano; Abimaq projeta recuperação de 8,2% em 2025
Paloma Custódio | Brasília | paloma.custodio@estadao.com
03/04/2025 - 15:17

O setor de máquinas e implementos agrícolas registrou uma receita líquida de R$ 5,2 bilhões em fevereiro de 2025, um crescimento de 17% em relação ao mesmo mês de 2024 e de 24% na comparação com janeiro deste ano. No acumulado dos últimos 12 meses, porém, o setor faturou R$ 62,4 bilhões, uma queda de 14,1% frente ao período anterior. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Segundo o levantamento, a receita interna com máquinas agrícolas atingiu R$ 4,5 bilhões em fevereiro, avançando 15,1% na comparação anual e 26,4% em relação a janeiro. No acumulado de 12 meses, a receita interna totalizou R$ 54,2 bilhões, registrando uma retração de 14,8%.
Ao Agro Estadão, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, explica que o bom resultado em fevereiro e o recuo no acumulado dos últimos 12 meses se devem à queda de 20% nas vendas ao longo de 2024.
“O principal fator foi a seca [em janeiro e fevereiro de 2024] que diminuiu muito a produtividade das lavouras e, consequentemente, a rentabilidade dos agricultores, especialmente de soja e milho, os principais mercados de máquinas agrícolas”, explica. “Para este ano, nós tivemos uma boa produtividade das lavouras, principalmente soja e milho. Então, teremos um ano um pouco normal com relação à rentabilidade. O produtor volta a comprar”, estima.
A Abimaq projeta um crescimento de 8,2% no faturamento do setor de máquinas agrícolas em 2025, após a queda de 20% no ano passado. “Olhando os principais mercados de máquinas agrícolas — soja, milho, algodão, laranja e arroz — os produtores estão tendo uma rentabilidade razoável. Exceto o café, cujos preços estão muito bons. O grande problema deste ano é a taxa de juros muito alta, variando entre 18% e 20% ao ano”, pondera.
Importações e exportações em queda no acumulado
Em fevereiro, o Brasil manteve a tendência de queda no acumulado dos últimos 12 meses, tanto nas importações quanto nas exportações do setor. As importações totalizaram US$ 1,2 bilhão, uma redução de 9,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as exportações somaram US$ 1,4 bilhão, representando uma retração de 15,7% na mesma base de comparação.
Pedro Estevão explica que, devido à concentração das exportações do setor de máquinas e equipamentos agrícolas brasileiro na América Latina, especialmente nos mercados de soja e milho, as vendas externas foram impactadas pela queda nos preços das commodities em 2024. “Nosso desempenho da exportação é muito parecido com o mercado do interno”, destaca.
Considerando apenas as receitas do segundo mês de 2025, no entanto, o país importou US$ 96,83 milhões em máquinas agrícolas, um crescimento de 70,6% na comparação anual e de 13,3% em relação a janeiro. As exportações, por sua vez, alcançaram US$ 117,38 milhões em receitas, um avanço de 17,6% frente a fevereiro de 2024 e de 14,5% em relação ao mês anterior.
China e Estados Unidos seguem como os principais fornecedores de máquinas agrícolas para o Brasil. No lado das exportações, a América Latina se mantém como o principal destino, com destaque para Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru e México. Além disso, uma parcela significativa das vendas externas é direcionada ao continente africano e a países da Europa Oriental, como Rússia, Ucrânia e Lituânia.
O levantamento também revela que, no final de fevereiro, o Brasil registrou 116.874 trabalhadores no setor de máquinas agrícolas, um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado e de 2,8% frente a janeiro. A média em 12 meses, no entanto, foi de 114.593 empregados, um recuo de 3,2% no comparativo anual.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
China acelera compras de carne bovina à espera de decisão sobre salvaguardas
2
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
3
Arábia Saudita quer aumentar em 10 vezes sua produção de café
4
Adoçado com engano: apicultores denunciam uso de ‘falso mel’ na indústria alimentícia
5
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
6
Soja brasileira será brutalmente atingida pelo acordo entre EUA e China?
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Agro Estadão é finalista do 4º prêmio de jornalismo Cafés do Brasil
Portal foi o único veículo de comunicação com dois finalistas na mesma categoria do prêmio promovido pelo Conselho Nacional do Café
Economia
Otimismo 'cauteloso' e pessimismo se misturam em setores ainda tarifados
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), índice das exportações do agro isentas das tarifas dos EUA é de 55%
Economia
Alckmin: impasse sobre CBIOs para biocombustíveis dos EUA está patricamente resolvido
Vice-presidente e ministro do MDIC diz que próximo passo de negociação com os EUA é colocar mais produtos na lista de exceções tarifárias
Economia
China adia anúncio de salvaguarda e mercado de carne bovina ganha fôlego
Novo prazo estabelecido pelo Ministério do Comércio da China é janeiro de 2026
Economia
Agricultura eleva projeção do valor bruto da produção para R$ 1,412 trilhão
O maior crescimento do VBP agrícola em 2025 será para café, com alta de 46,2%, chegando a R$ 114,859 bilhões
Economia
Unica fecha acordo com associações e eleva impasse do Consecana; Orplana vê racha no setor
Indústria sucroenergética e produtores de cana tentam chegar a um consenso sobre a revisão da metodologia do Consecana-SP desde abril
Economia
Balança comercial tem superávit de US$ 1,8 bi na 3ª semana de novembro
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, valor foi alcançado com exportações de US$ 6,939 bilhões e importações de US$ 5,139 bilhões
Economia
USDA anuncia pacote de ajuda e novas compras de soja pela China
EUA pretendem comprar até US$ 30 milhões em frutas frescas para aliviar agricultores de excedentes de produção