Economia
Indústria de máquinas agrícolas cresce 20% de janeiro a abril
Apesar dos bons números no ano, abril trouxe retração nas vendas e preocupação com a alta dos juros no próximo Plano Safra

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
29/05/2025 - 15:37

A indústria brasileira de máquinas e implementos agrícolas segue em ritmo de crescimento no acumulado de 2025, puxada principalmente pela demanda interna. Entre janeiro e abril, o setor faturou R$ 20,3 bilhões – avanço de 20,6% em relação ao mesmo período de 2024. O mercado interno respondeu por R$ 17,5 bilhões, alta de 21,2% no comparativo anual. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 20, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
O bom desempenho também se reflete nas vendas de tratores e colheitadeiras. No acumulado até abril, foram 15.380 unidades vendidas no mercado interno, crescimento de 11,9% frente ao mesmo período do ano anterior. Já as exportações desse segmento recuaram 23,6%, totalizando 1.377 unidades. O quadro limitou uma alta mais expressiva da venda total de máquinas, que fechou em 16.757 unidades – 7,8% no acumulado do ano.
Desaceleração em abril
Apesar dos bons números no ano, abril trouxe sinais de alerta. Na comparação com março, a receita líquida total do setor caiu 4,4%, e as vendas internas recuaram 5,6%. Ainda assim, na comparação com abril de 2024, houve crescimento de 11,7% na receita total e de 9,5% no mercado doméstico, indicando que, embora o mês tenha sido mais fraco, a base ainda é positiva frente ao ano passado.
No segmento de tratores e colheitadeiras, abril foi estável nas vendas internas, com 4.421 unidades, variação praticamente nula (+0,1%) frente a abril de 2024. No entanto, as exportações despencaram 32,9%, somando apenas 339 unidades no mês. Com isso, a venda total de máquinas nesse segmento recuou 3,3% na comparação interanual.
Juros preocupam, mas perspectivas são positivas
Apesar da desaceleração em abril, as perspectivas do setor seguem positivas, mesmo diante da preocupação com a taxa de juros do próximo Plano Safra. Pedro Estevão, presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq, disse que a projeção de alta de 8% para o ano segue mantida. “A expectativa de crescer 8% ainda não foi revista por conta dos juros do Plano Safra, que tem um viés de alta, podendo deixar o produtor restritivo com novos investimentos”, afirmou, durante coletiva de imprensa.
No entanto, segundo Estevão, o resultado de 2025 será melhor do que o ano anterior, quando houve significativas perdas de safras, deixando o produtor retraído. “Do ponto de vista de dentro da porteira, está tudo normal, com exceção do Rio Grande do Sul, que enfrenta o quarto ano consecutivo de perdas devido a problemas climáticos. Algumas culturas estão com uma rentabilidade melhor, como cana-de-açúcar e laranja, o que tem sustentado parte da demanda por máquinas agrícolas”, explicou.
Comércio exterior perde força
No aspecto das exportações, o setor tem sentido o enfraquecimento. No acumulado de 2025, as vendas externas totais somam US$ 485,76 milhões, uma leve alta de 4,2%. No entanto, o resultado de abril acendeu um sinal amarelo, com retração de 9,6% no acumulado de 12 meses e de 19,3% na comparação com abril de 2024.
No caso específico de tratores e colheitadeiras, as exportações estão em trajetória mais preocupante, com quedas de 23,6% no acumulado do ano e de 32,9% no mês.
Emprego segue em alta
Já a geração de empregos no setor mantém viés positivo. Em abril, o número de trabalhadores chegou a 122,3 mil, alta de 7,5% na comparação com abril de 2024 e de 2,4% frente a março. No entanto, no acumulado dos últimos 12 meses, ainda há um pequeno recuo de 1,5%, reflexo de ajustes ocorridos em 2024.

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