Agropolítica
Abimaq: juros mais altos devem impactar vendas de máquinas
Setor considera insuficiente montante anunciado para agricultura empresarial

O governo federal confirmou, na manhã desta terça-feira, 01, o Plano Safra 2025/2026 com um volume de R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial. As medidas do novo pacote foram antecipadas pela reportagem do Agro Estadão.
A avaliação do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão, é que o volume anunciado será insuficiente e que os juros foram mais altos que o ideal. “Esse volume de recursos teoricamente dura quatro ou cinco meses, então depois disso você vai para o mercado, se você quiser comprar uma máquina financiada vai a 20%, o agricultor não vai comprar. Os juros, 13,5% que estão no Moderfrota, é caro, ou seja, vão segurar investimentos de máquina agrícola”, afirmou.
Segundo Estevão, o próximo ano agrícola será de redução nas vendas. “Deve impactar sim. Temos esse ano uma previsão mais ou menos entre 65 e 70 bilhões, já considerando um juro alto. Se fosse o mercado normal, a gente estaria vendendo entre 75 e 80 bilhões, ou seja, a gente já está com uma expectativa de impacto nas vendas com esse juro alto”, alerta.
Na mesma linha, Glauber Silveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), avalia que os valores anunciados são inadequados e levam mais apreensão ao setor. “Acho que a grande preocupação nesse momento é se vai ser efetivado realmente esse valor. A gente tem um país com alguns setores bastante endividados, alguns estados produtores com bastante dificuldade que precisam realmente de recursos. E realmente o que é anunciado é um corte, sendo que a gente precisava que dobrasse o valor. Então, realmente é muito preocupante. A gente está num momento de muita incerteza no país”, explicou à reportagem do Agro Estadão durante o anúncio dos números em Brasília.
Silveira considerou positiva a vinculação da concessão do crédito rural ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) e disse que o setor espera por menos entraves na ponta. “O que precisa é que, realmente, a efetivação seja mais rápida. E não que seja mais burocrática. Cada ano, o governo quer colocar mais burocracia. E o problema é que, depois que lança o plano safra, vem toda a normatização. E o que nos preocupa é que a sinalização dessa normatização, de como vai ser disponibilizado esse recurso, que ele venha muito engessado. E isso, realmente, é o grande problema” concluiu.
A ampliação do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) foi uma das medidas divulgadas pelo governo federal. A partir desta safra, cafeicultores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) também poderão acessar recursos do Fundo, mesmo que ainda tenham contratos ativos em outras linhas. “O Funcafé é um instrumento essencial, não apenas para o produtor, mas também para o setor industrial, que transforma em pacote e oferece o café ao consumidor brasileiro e ao mercado externo”, avaliou o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio.
Ele revela que a cadeia acompanhou com grande atenção a confirmação da taxa de juros do Plano. “Linhas como compra de café e capital de giro são indispensáveis para que a indústria mantenha a regularidade de seus estoques e suporte os custos da operação ao longo do ano. Uma taxa elevada compromete esse fluxo, encarece o produto final e pode gerar retração na demanda, especialmente num cenário em que o consumidor já vem sentindo os efeitos do aumento de preços nos últimos meses”, avaliou.
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