Economia
Como diminuir os riscos da segunda safra de milho
Sistema desenvolvido pela Embrapa permite antecipar em até 20 dias o plantio e a colheita da segunda safra.

Mário Sérgio Venditti
14/12/2023 - 15:20

O Antecipe pode ser utilizado em todas as regiões, mas é especialmente indicado para o Centro-oeste, onde os produtores têm um intervalo menor para semear a segunda safra do milho.
A técnica reduz os riscos provocados pelo clima, uma vez que permite a antecipação da semeadura do milho em até 20 dias. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), ela viabiliza o plantio da segunda safra do cereal em regiões em que não foi ainda plenamente estabelecida.
A Embrapa desenvolveu o Antecipe durante 13 anos especialmente para o plantio intercalado de milho e soja. As sementes são espalhadas no solo em fileiras alternadas na lavoura, quando os grãos da soja ainda estão enchendo.
Na hora da colheita, a máquina corta os pés de soja e também os caules do milho. Mas isso não é um problema, porque a força de crescimento do milho está abaixo do solo nessa fase. Depois de alguns dias, o caule rebrota e ele se desenvolve normalmente.
Há propriedades onde só é possível fazer o plantio de metade da área dentro da janela de tempo ideal. Dessa forma, ao antecipar a semeadura em 20 dias, o agricultor consegue completar a lavoura com menos riscos.
O sistema antecipe e a segunda safra de milho
Ao adotar o sistema, o produtor consegue colocar o mesmo número de plantas de milho por hectare do sistema convencional. Ele também consegue expandir o cultivo da segunda safra para as áreas onde o seguro não cobriria os riscos climáticos. Essa técnica pode ser empregada em outras culturas, como sorgo e milheto.
Vale ressaltar que a tecnologia está alinhada com as diretrizes do Plano ABC (Política Nacional de Agricultura de Baixo Carbono).
Outro aspecto importante é que o Sistema Antecipe oferece a possibilidade para o produtor fazer o plantio da segunda safra dentro das regras do seguro agrícola. As lavouras plantadas fora dos prazos do zoneamento climático não contam com o seguro, porque os prejuízos podem passar de 40%. Com o plantio antecipado do milho, e com o risco caindo abaixo de 20%, é possível planejar o seguro da plantação.
Máquina rápida e eficiente

Mas houve um impasse antes de colocar a nova tecnologia em prática: como semear o milho no meio da soja, sem provocar danos na cultura em fase final de maturação? A resposta veio rápida: era necessário construir um equipamento que fizesse esse trabalho com eficiência, agilidade e sem prejuízos à plantação.
Uma fabricante brasileira de máquinas agrícolas assumiu a parceria com a Embrapa Milho e Sorgo e desenvolveu uma adubadora e semeadora especial, lançada há dois anos. A máquina é comercializada aos agricultores em versões de quatro e seis linhas. O objetivo é atender especialmente os pequenos produtores, que trabalham com menor escala e não têm condições de adquirir plantadeiras, que chegam a ter 60 linhas.
Todos os detalhes foram levados em consideração para a construção da nova máquina. Ela tem suspensão elevada para não comprometer os pés de soja, em fase final de crescimento e executa duas funções: joga o adubo e as sementes de milho no solo.
Décio Karam, agrônomo da Embrapa que liderou o projeto, enumera outras vantagens do Antecipe: “Ele diminui o custo da lavoura da soja, pois o produtor não precisa gastar dinheiro com herbicidas na dessecação das plantas. Assim, pode deixar a cultura chegar ao estágio final naturalmente. Além disso, usa cultivares de soja de ciclo mais longo, que têm produtividades melhores do que as sementes de ciclo precoce”, afirma.

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