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Inovação

Sistema Antecipe aumenta produtividade do milho safrinha em 287% no Tocantins

Tecnologia da Embrapa reduz risco em caso de janelas curtas de plantio de milho segunda safra

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

17/12/2024 - 08:00

Foto: Guilherme Viana/Embrapa
Foto: Guilherme Viana/Embrapa

Desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o sistema Antecipe vem demonstrando resultados promissores em diferentes partes do país. Em Tocantins, no município de Marianópolis, um experimento usando a tecnologia resultou em um aumento de 287% da produtividade do milho segunda safra em relação ao que era feito na propriedade. 

O trabalho foi conduzido por três unidades da Embrapa: Milho e Sorgo, Pesca e Aquicultura e Pecuária Sudeste. Os pesquisadores observaram que com o uso do Antecipe a produtividade saltou de cerca de mil quilos de milho por hectare para 3 mil quilos por hectare. 

O sistema Antecipe consiste, basicamente, em antecipar o plantio do milho safrinha, que é feito nas entrelinhas da soja, enquanto a oleaginosa termina de chegar ao ponto de colheita (veja mais abaixo). Como conta um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Antecipe, Decio Karam, essa tecnologia tem foco na mitigação das perdas na  janela curta de plantio do milho. 

“O que a gente quer com o Antecipe é trazer o milho pós-soja, que está no final do zoneamento agrícola, para uma condição favorável do zoneamento agrícola. É onde nós temos o ganho. Mesmo cortando o milho, ele passa a ser mais produtivo do que aquele que está no maior risco”, explica o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. 

A inovação no plantio do milho safrinha foi lançada em 2020 e desde então vem sendo testada e aprimorada em diferentes regiões do Brasil. “Esse trabalho estou conduzindo no Brasil todo. O projeto teve até agora oito máquinas disponíveis para montar esses trabalhos. Temos trabalhos desde Boa Vista (RR) até ali, o ponto mais crítico onde nós temos a safrinha, que fica em Castro (PR), Ponta Grossa (PR)”, pontua.

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Como funciona o Antecipe?

Karam lembra que antes de colocar em prática o Antecipe é preciso se planejar e entender o clima, as particularidades do cultivo da soja e do milho em cada região e saber o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a área em questão. Além disso, é importante definir se o produto vai ou não adotar a tecnologia antes do plantio, pois as entrelinhas necessitam ter as mesmas medidas (45 centímetros ou 50 centímetros). 

O plantio do milho acontece entre as fileiras de soja. Devido às necessidades de cada uma das culturas, é necessário ter uma certa precisão no tempo da semeadura do milho. No geral, são 20 dias antes da colheita da soja, mas o recomendado é que o produtor avalie o estádio fenológico da soja. Quanto ela está em R6 — começa a cair folhas e ficar com cor amarronzada, além de grãos iniciarem a soltura da vagem — é o tempo mais certo para semear o milho no espaçamento entrelinhas.  

Isso porque é preciso que entre a luz entre as fileiras da soja e quanto mais antecipado, maior a tendência de um bom desenvolvimento do milho. “Nós estamos observando ganhos de 1,5 a 2 sacas de milho por hectare por dia de antecipação”, indica o pesquisador. 

No entanto, não pode ser muito antecipado, pois no momento da colheita da soja que o milho é cortado. Se ele estiver no estádio V6 ou mais, o desenvolvimento da planta é afetado, já que o ponto de crescimento é danificado. Por isso, a recomendação é que no momento da colheita o milho esteja em V4 ou V5. “Os experimentos demonstraram que se antecipar mais do que isso, não tem luminosidade e o milho demora para sair do solo e ele fica debilitado”, explica Karam.

Cuidados que o produtor deve ter

Além da parte técnica, o interessado em aplicar o sistema tem que ter um maquinário próprio para o plantio do milho. A plantadeira Antecipe foi desenvolvida pela Embrapa e atualmente está disponível para venda pela Jumil

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Outro ponto é que a tecnologia atende principalmente a áreas que costumeiramente plantam milho no limite do ZARC ou mesmo fora dessa janela, o que agrava o risco climático. Por isso, ainda não é utilizado em 100% da área das propriedades que adotam o sistema.

Fatores como a escolha da cultivar a performance na região também podem influenciar na hora de iniciar o sistema. “Se deixar 20 dias para plantar [o milho] em Boa Vista (RR), perde a soja, porque ela chega muito rápido. Ali temos que trabalhar com 15 dias mais ou menos de antecipação”, exemplifica o pesquisador, que ainda recomenda optar por cultivares de soja que correspondem a plantas mais eretas e com menos engalhamento. 

Intensificação do Antecipe

Segundo Karam, o que a Embrapa tem feito agora é analisar e desenvolver as melhores variedades de milho e soja para serem aplicadas no sistema. Além disso, o projeto mira a intensificação desse sistema de produção, com a adoção de novas culturas no plantio antecipado e intercalado.

“Hoje, nós estamos trabalhando com sorgo, milheto, braquiária, gergelim, algodão, crotalária, ou seja, a intensificação do sistema e a antecipação não é só para milho mas sim para várias culturas e é isso que nós estamos buscando hoje, trazer para qualquer cultura que dê resultado no corte uma condição de menor risco climático”, afirma o pesquisador, que também indica já ter resultados promissores. 

Por ainda ser uma tecnologia relativamente nova, o Antecipe tem margem para ser adotado em larga escala pelo país. Karam encoraja os produtores a não terem medo de adotar esse sistema e equipara o sistema a outras iniciativas já consagradas da agricultura brasileira. “A oportunidade tem que ser vista. […] toda tecnologia, toda a inovação tem um risco. Veja, por exemplo, o que era o plantio direto, o milho safrinha, e o que é hoje”, conclui.

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