Cotações
Milho, soja e boi: tendência para o curto e médio prazo
Cotações do café seguem sustentadas, enquanto algodão e cana-de-açúcar indicam movimentos de baixa ou estabilidade

Sabrina Nascimento | São Paulo
16/12/2024 - 17:07

Projeções de safra, condições climáticas e fatores internos e externos têm impactado o mercado agrícola neste final de 2024. Nas principais commodities, as expectativas de curto prazo apresentam uma continuidade de movimentos de baixa ou estabilidade para as principais culturas, como soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.
Para o boi gordo é esperada a continuidade de recuo das cotações, enquanto que para o café, a valorização de preços deve continuar. Acompanhe abaixo a análise completa da consultoria Markestrat.
Milho
A curto prazo, “os preços do milho no mercado interno devem se manter estáveis, mas com viés baixista, em função do bom desenvolvimento da safra 2024/25”, destaca o relatório da Markestrat. Além disso, as atenções começam a se voltar à segunda safra de milho brasileira, que pode enfrentar margens pressionadas por custos elevados de insumos e alta do câmbio.
Na última semana, as cotações do grão na Bolsa de Valores Brasileira (B3) operaram em queda, enquanto que registraram leve valorização na bolsa de Chicago (CBOT).
No mercado interno a saca foi cotada a R$ 72,93 em Campinas (SP), uma queda de 0,8% na semana, mas alta mensal de 0,22%. Já os contratos futuros de janeiro e março na B3 recuaram 2% e 0,7%, negociados a R$ 74,43 e R$ 73,65 por saca, respectivamente.
Na Bolsa de Chicago, os contratos de março tiveram alta de 0,4%, fechando a US$ 4,42 por bushel, equivalente a R$ 59,01 por saca. De acordo com os analistas da Markestrat, o aumento foi impulsionado pelas projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que indicaram estoques menores devido à maior demanda, mas contido pela queda nos preços da soja e derivados.
Soja
Segundo relatório da consultoria Markestrat, o mercado da soja também reflete as projeções do USDA, que mantém estimativas de aumento na área plantada, produtividade e produção da safra brasileira 2024/25. Para os analistas, os preços da soja devem permanecer estáveis no curto prazo, mas com viés de baixa.
Na última semana, os preços da saca de soja continuaram em queda em Paranaguá (PR) – embora de forma moderada, acompanhando o recuo da commodity na bolsa de Chicago. No mercado físico, a saca desvalorizou 0,9%, sendo negociada a R$ 141,62. Na CBOT, os contratos de janeiro fecharam com leve baixa de 0,6%, a US$ 9,88 por bushel, equivalente a R$ 131,62 por saca).
Pecuária
A cotação da arroba do boi gordo, na última semana, seguiu em queda no mercado físico, enquanto os contratos futuros apresentaram comportamentos mistos.
Em São Paulo, a arroba foi negociada a R$ 313,80, com desvalorização de 2,6% na semana. Segundo a Markestrat, a pressão de baixa é reflexo da desaceleração do consumo interno de carne bovina, afetado pelos preços elevados ao consumidor final.
No mercado futuro, os contratos de dezembro acompanharam a queda no mercado físico, fechando a R$ 308,15 por arroba — desvalorização semanal de -0,9%. No entanto, os contratos de janeiro e fevereiro de 2025 apresentaram leve valorização, sendo negociados a R$ 310,70 por arroba (+0,4%) e R$ 311,90 por arroba (+2,4%), respectivamente.
Para o mercado de reposição, o preço do bezerro em São Paulo recuou 0,4%, para R$ 2.636,59 por cabeça. Contudo, a relação de troca, que já vinha deteriorada, piorou: agora são necessárias 8,3 arrobas para adquirir um bezerro desmamado, devido ao ciclo pecuário de alta e ao abate recorde de fêmeas.
Café
Após meses de valorização, os preços do café arábica registraram queda no mercado físico e futuro na última semana. No cenário doméstico, a saca do grão foi negociada a R$ 2.141,91, uma redução de 0,8% frente a semana anterior. No mercado futuro, os contratos de março em Nova York recuaram 5,2%, fechando a R$ 2.544,00 por saca.
O café robusta, por outro lado, apresentou leve valorização de 0,6% no mercado físico, encerrando a semana a R$ 1.805,23 por saca de 60 kg. No mercado futuro, os contratos em Londres registraram quedas entre 1,1% e 1,4%. Segundo os analistas da Markestrat, “apesar das quedas pontuais, os preços do café devem permanecer elevados no curto e médio prazo, sustentados pela demanda constante e pela oferta limitada nas principais regiões produtoras”.
Algodão
Depois de três semanas de alta, o preço da pluma recuou na última semana e a arroba foi negociada a R$ 137,37 (-1,3%). No mercado futuro, os contratos também recuaram de forma moderada, fechando a R$ 139,57 por arroba — recuo semanal de -0,3%.
Segundo o relatório da Markestrat, a queda reflete as estimativas de maior produtividade e expansão da área plantada de algodão para a safra 2024/25 no Brasil, que indicam aumento da oferta futura. Além disso, o bom ritmo do plantio contribui para a pressão sobre os preços.
Cana-de-açúcar
Os preços do açúcar mantiveram a tendência de queda na última semana, tanto no mercado físico quanto no futuro. A saca foi negociada a R$ 161,29 no mercado físico — com desvalorização de 1,1% —, enquanto os contratos para março na CBOT recuaram 1,5%, fechando a R$ 166,52 por saca.
Para o etanol, os preços seguiram praticamente estáveis, com pequenas quedas no mercado físico e leve alta nos contratos futuros de dezembro, que fecharam a R$ 2,74 por litro (+0,4%).
A consultoria Markestrat aponta que, no caso do açúcar, a pressão de baixa é intensificada pela previsão de safra recorde na Índia. Já para o etanol, os analistas preveem estabilidade no curto prazo, mas com perspectivas positivas no médio prazo, devido aos incentivos ao uso de combustíveis renováveis e à maior competitividade frente aos fósseis.
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