Cannabis: centro de pesquisa recebe certificado para estudos com planta geneticamente modificada

As pesquisas relacionadas à cannabis no Brasil vêm ganhando tração nos últimos anos, inclusive com intenções da própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de iniciar estudos sobre a planta. Quem está nessa vanguarda científica é o Centro Biotecnológico de Plantas Psicoativas (CBPP) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais. A unidade recebeu a primeira autorização no Brasil para desenvolver projetos in vitro com cannabis medicinal geneticamente modificada. 

O laboratório já tinha a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer pesquisas que envolviam o cultivo in vitro de cannabis medicinal. A novidade é que agora eles também poderão fazer estudos com a planta transgênica. Isso foi permitido depois da obtenção do Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) dado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Esse certificado atesta que as atividades que são realizadas dentro do centro seguem os padrões de segurança biológica. Na prática, isso permite uma ampliação das atuações do laboratório, já que para pesquisar plantas transgênicas no Brasil é exigida essa qualificação. 

De acordo com a universidade, o desenvolvimento da cannabis transgênica possibilita a criação de variedades da planta com propriedades específicas. Por exemplo, será possível ter variedades que produzam mais compostos terapêuticos. 

“A biotecnologia aplicada à cannabis representa um passo fundamental para a evolução da medicina e para a democratização do acesso a tratamentos baseados nessa planta de grande relevância terapêutica. A obtenção desse certificado reforça o nosso compromisso com a excelência científica, garantindo um ambiente seguro para descobertas inovadoras e avanços na biotecnologia de Cannabis medicinal, beneficiando a comunidade científica, a sociedade, que necessita de novas opções terapêuticas, e a formulação de políticas públicas que garantam acesso a esses tratamentos”, comenta em nota a coordenadora do centro e professora da UFLA, Vanessa Cristina Stein.