Inovação
Estudo usa inteligência artificial para mapear 50 anos de agricultura
Levantamento identificou seis áreas de pesquisa, lacunas em culturas básicas e crescimento previsto em práticas sustentáveis até 2030
Redação Agro Estadão
21/09/2025 - 08:00

As avaliações de impacto na agricultura, cada vez mais exigidas por governos e financiadores, foram analisadas em um estudo da Embrapa que aplicou inteligência artificial para mapear quase seis décadas de publicações científicas. O trabalho revelou tendências, lacunas e prioridades emergentes capazes de orientar políticas e a condução da pesquisa agrícola global.
O levantamento examinou 239 estudos publicados entre 1969 e 2022. “O primeiro artigo da série, publicado em 1969, já discutia a necessidade de aprimorar a gestão dos recursos públicos destinados à pesquisa agrícola. Desde então, o campo passou por grande transformação, refletindo as próprias mudanças da agricultura mundial – da Revolução Verde à emergência climática e aos debates sobre sustentabilidade”, explicou Daniela Maciel Pinto, analista da Embrapa Territorial.
O estudo identificou seis grandes grupos temáticos: economia e desenvolvimento agrícola (49 estudos), inovação e desempenho tecnológico (37), segurança alimentar e mudanças climáticas (33), gestão de recursos e desenvolvimento sustentável (31), impactos sociais e transformações institucionais (47) e adoção de tecnologias e práticas sustentáveis (42).
As projeções não medem impactos econômicos ou ambientais, mas sim a expectativa de crescimento no número de estudos publicados sobre cada tema até 2030. Isso significa que práticas sustentáveis devem ter mais que o triplo de pesquisas em relação ao período anterior (crescimento de 233%), enquanto gestão de recursos tende a mais que dobrar e impactos sociais devem crescer 59%. Inovação tecnológica e segurança alimentar também devem avançar, embora em ritmo mais moderado.
Lacunas
Apesar dos avanços, a pesquisa revelou lacunas importantes. Poucas avaliações tratam de culturas fundamentais para a segurança alimentar, como arroz, trigo, batata e inhame, presentes em apenas 10% dos estudos. Outro desafio é o baixo número de pesquisas experimentais, mesmo em áreas que poderiam se beneficiar desse tipo de abordagem.
O diferencial do trabalho foi o uso de técnicas de processamento de linguagem natural (PLN), área da inteligência artificial que permite aos computadores “ler” e identificar padrões em grandes volumes de texto. A busca inicial recuperou 447 artigos nas bases Scopus e Web of Science, plataformas internacionais que reúnem publicações científicas, refinados até chegar ao conjunto final de 239.
Do ponto de vista metodológico, foram catalogadas 73 técnicas distintas, organizadas em desenho da avaliação, coleta e análise de dados. “Se antes predominavam abordagens estritamente quantitativas, hoje há maior equilíbrio com métodos qualitativos. A partir dos anos 2000, cresceu o uso de métodos mistos e de ferramentas de ciência de dados, indicando uma tendência a avaliações mais interdisciplinares”, disse Adriana Bin, pesquisadora da Unicamp.
Segundo Geraldo Stachetti Rodrigues, da Embrapa Meio Ambiente, “questões sociais mais complexas exigem maior diversidade metodológica, enquanto áreas tradicionais, como economia agrícola, apesar do volume de estudos, utilizam menos variedade de ferramentas. Essa diferença reforça a necessidade de combinar métodos para capturar as múltiplas dimensões dos impactos agrícolas”.
A pesquisa também estruturou um dicionário com 103 métodos e técnicas aplicados em avaliação de impacto. Para Daniela Maciel Pinto, a ferramenta “pode servir como guia prático para pesquisadores, avaliadores e formuladores de políticas”.
*Com informações da Embrapa
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Inovação
1
CONTEÚDO PATROCINADO
Nestlé impulsiona a sustentabilidade na cadeia do leite por meio do Programa Nature por Ninho
2
CONTEÚDO PATROCINADO
Inovação biotecnológica transforma o manejo agrícola no Brasil
3
Pesquisa comprova que bactérias ajudam a produzir tilápias em sistema de bioflocos
4
Pesquisadores obtêm mel com sabor chocolate da casca da amêndoa do cacau
5
Agtechs colocam Brasil em nova era da agricultura inteligente
6
Inteligência Artificial: máquinas que 'pensam' ajudam o produtor
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Inovação
Tecnologia da soja ganha nova função em florestas
Pesquisadores da Embrapa desenvolvem inoculante capaz de ajudar na restauração de solos degradados
Inovação
Conheça os tratores premiados na Agritechnica, na Alemanha
Referência mundial, prêmio destaca tendências em conectividade, inteligência embarcada e sustentabilidade que em breve chegarão ao campo
CONTEÚDO PATROCINADO
Inovação biotecnológica transforma o manejo agrícola no Brasil
Totalmente produzido no País, o Fortivance combina ciência e tecnologia para otimizar o uso de inseticidas
CONTEÚDO PATROCINADO
Nestlé impulsiona a sustentabilidade na cadeia do leite por meio do Programa Nature por Ninho
Iniciativa, existente no Brasil há mais de duas décadas, contribui para elevar qualidade e sustentabilidade no campo
Inovação
Inteligência Artificial: máquinas que 'pensam' ajudam o produtor
Sensores, drones e satélites alimentam a IA para monitorar plantas e animais, permitindo ações proativas e evitando perdas na fazenda
Inovação
Ridesa Brasil lança 18 variedades de cana em Ribeirão Preto (SP)
Rede interuniversitária destaca ganhos de produtividade e resistência de até 33,9% em cultivares
Inovação
CropLife Brasil lança o CropData, plataforma de dados do setor
Portal integra dados sobre sementes, bioinsumos e defensivos, com boletins e análises periódicas do desempenho do setor
Inovação
Agtechs colocam Brasil em nova era da agricultura inteligente
Número de startups do agro cresceu 27% no País nos últimos cinco anos e já representa cerca de 80% de todas agtechs da América do Sul