Economia
Café: mercado deve achar reequilíbrio após 3 safras cheias, avalia Abics
A oferta de café aumentou diante do avanço da colheita no Brasil, porém os baixos estoques mundiais ainda pesam no cenário

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
18/06/2025 - 08:00

Depois de enfrentar anos consecutivos de quebra de safra, o mercado global de café ainda busca um reequilíbrio. A avaliação é de Fábio Sato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).
Segundo ele, há a necessidade de duas a três safras cheias para que os estoques internacionais voltem a níveis confortáveis. “Estamos no início da colheita de 2025 e o conilon, principalmente, tem uma boa perspectiva. A safra deve ficar entre 25 e 26 milhões de sacas. Por outro lado, o arábica sofre mais neste ano, com uma produção menor”, disse Sato.
Nos últimos anos, o setor lidou com condições climáticas adversas, como seca e geadas, que comprometeram a produção global, especialmente no Brasil — maior produtor e exportador mundial. Esse cenário apertou a oferta e levou à escalada dos preços, que bateram recordes consecutivos.
Entretanto, o início dos trabalhos de colheita, mencionados por Sato, tem levado um pouco de alívio ao mercado. Na primeira quinzena de junho, com a oferta dos grãos colhidos, as cotações do arábica e do conilon recuaram, respectivamente, 5,91% e 7,97% no indicador Cepea/Esalq.
Porém, apesar da queda, os preços da saca de 60 quilos seguem em patamares elevados — acima de R$ 2.000 para o arábica e R$ 1.200 para o robusta. “O mundo consumiu os estoques. Hoje, para que a gente volte aos patamares de preço de três anos atrás [ao consumidor], seriam necessárias pelo menos mais duas ou três safras muito boas”, explica o presidente da Abics.
A expectativa é que a safra cheia em 2026 — caso o clima colabore — possa gerar algum alívio nos preços, especialmente no conilon, que já apresenta certa queda no mercado. No entanto, o arábica deve seguir valorizado. Essa diferença pode influenciar os blends produzidos pela indústria, com possível aumento na proporção de robusta para baratear o produto final. “Sempre que há uma diferença grande entre os dois tipos, o blend médio de mercado tende a se alterar para onde está mais barato”, afirma Sato, ressaltando que essa é uma possibilidade.
Diante desse cenário, o consumidor deve seguir encontrando café com preços elevados nos supermercados por mais algum tempo. “É provável que os preços se mantenham nesses níveis pelos próximos anos, com pequenos recuos pontuais conforme o comportamento da oferta e a composição dos blends”, salienta.

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