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Economia

Cacau: produtores e governo em alerta após novo foco de monilíase no Amazonas

Brasil é o sexto maior produtor de cacau, com mais de 270 mil toneladas; monilíase pode destruir totalmente os cacaueiros

2 minutos de leitura 17/07/2024 - 17:41

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Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com

O fungo Moniliophthora roreri ataca os frutos do cacaueiro e do cupuaçuzeiro. Foto: Adobe Stock
O fungo Moniliophthora roreri ataca os frutos do cacaueiro e do cupuaçuzeiro. Foto: Adobe Stock

A confirmação de um novo foco de monilíase do cacaueiro no município de Uruburituba, no Amazonas, coloca em alerta setor produtivo e autoridades. Desde 2021, o Brasil está em estado de emergência fitossanitária para a doença, quando o primeiro foco da praga foi identificado no Acre – em 2022, um segundo foco foi detectado também no Amazonas.

O produtor de cacau e diretor da Federação da Agricultura da Bahia, Guilherme Moura, afirma que a produção do fruto no Amazonas é baixa, porém a proximidade com o Pará preocupa, já que é um dos maiores produtores de cacau junto com a Bahia. 

Ao Agro Estadão, Guilherme Moura diz que seria uma “catástrofe” se a monilíase entrasse em um desses estados. “As consequências seriam muito graves, comprometendo a produção de cacau no país. Porque todo o cacau do Pará é processado na Bahia, então deixaria a Bahia exposta. O Espírito Santo também ficaria exposto e a doença ganharia um risco de propagação muito grande”, analisa Moura.

O Brasil é o sexto maior produtor de cacau do mundo, com 273 mil toneladas, segundo dados do IBGE de 2022. O país tem se destacado no mercado internacional, com os problemas enfrentados pelos produtores de cacau na África. 

“A cadeia produtiva de cacau e chocolate movimenta R$ 24 bilhões por ano [no país] e o mercado tem passado por um forte problema de oferta de cacau. O Brasil tem se mostrado uma origem de cacau com muito potencial de crescimento, com sustentabilidade, onde as questões sociais e ambientais são muito respeitadas”, comenta Moura.

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Medidas adotadas pelo Mapa para conter a monilíase

Com a constatação do novo foco, no dia 2 de julho, o governo federal adotou medidas para conter a doença, como a interdição da propriedade, proibição de trânsito de frutos e amêndoas do município afetado para outras regiões.

“Aumentamos a fiscalização sobre o trânsito de vegetais e iniciamos campanhas de conscientização e treinamento em Urucurituba e em dez municípios vizinhos entre Itacoatiara e Parintins, na divisa com o Pará”, afirma em nota Edilene Cambraia, diretora do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura. 

Além disso, o Mapa decidiu prorrogar a emergência fitossanitária para os estados do Acre, Rondônia, Amazonas e incluir o Pará. Segundo nota do Mapa, foi encaminhado pedido ao governo do Amazonas para restringir a emissão de notas fiscais interestaduais de amêndoas de cacau produzidas no estado. E alerta que é fundamental a notificação imediata de qualquer suspeita de ocorrência da praga em qualquer região do país. 

A força destrutiva da monilíase

A monilíase é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ataca os frutos do cacaueiro e do cupuaçuzeiro em qualquer fase do desenvolvimento e pode provocar a perda total da produção. 

A doença está em todos os países produtores de cacau da América Latina, com exceção do Brasil. Aqui, a praga é considerada “quarentenária”, ou seja, exige atenção. Há mais de 30 anos, a doença devastou os cacaueiros do sul da Bahia, reduzindo a produção a 25% e eliminando 250 mil empregos diretos. 

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