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Economia

Boicote: Caso Carrefour será tratado no parlamento do Mercosul

No estado de São Paulo, mais de 90% dos empresários associados à FHORESP declararam boicote ao Carrefour Brasil

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Sabrina Nascimento | São Paulo - Atualizada em 26/11/2024, às 08h30

25/11/2024 - 20:03

Foto: Adobe Stock
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O boicote promovido por redes varejistas francesas às carnes do Mercosul será tratado como prioridade na próxima reunião do bloco econômico, marcada para 9 de dezembro, em Montevidéu, no Uruguai. A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 25, pelo senador Nelsinho Trad, presidente da representação brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).

O parlamentar destacou ainda que o assunto também será amplamente debatido nesta terça-feira, 26, durante a reunião da representação no Senado Federal, com o objetivo de propor encaminhamentos concretos e reforçar a posição do bloco frente às medidas unilaterais da França.

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“Como presidente da delegação brasileira no Parlasul, vou articular com os países do bloco uma resposta conjunta para defender os nossos produtores e buscar alternativas que fortaleçam o Mercosul”, afirmou Trad.

O senador ressaltou que, embora o boicote seja anunciado como uma ação contra o Mercosul, o principal alvo é o Brasil. “Isso afeta diretamente os produtores que se organizaram, se certificaram e seguem rigorosos padrões para exportar seus produtos. O impacto ao setor agropecuário será evidente e o governo brasileiro deve reagir de forma firme para evitar maiores prejuízos”, acrescentou. Trad ainda destacou manter diálogo sobre o tema com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Diante da escalada dos repúdios e movimento de boicote ao Carrefour, representantes da embaixada francesa no Brasil solicitaram uma reunião com o governo federal. Havia a expectativa de o encontro ocorrer nesta segunda-feira, 25, no entanto, não houve confirmação por parte da assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Ao Agro Estadão a assessoria informou que ainda não há data para a reunião entre o ministro Carlos Fávaro e o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain.

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“Temos mais de 90% de adesão”, diz diretor do setor de alimentação de SP

O movimento de boicote ao Carrefour Brasil está crescendo. No estado de São Paulo, a ação conta com a adesão de mais de 90% dos empresários associados à Federação de hotéis, bares e restaurantes (FHORESP), o que equivale a cerca de 450 mil empresas — ao todo, a entidade conta com 500 mil associados. 

“Nós recomendamos que os empresários do nosso setor prefiram os mercados locais e prefiram outras redes que não essa [Carrefour], que não mostrou respeito aos produtores brasileiros”, informou ao Agro Estadão o diretor executivo da FHORESP, Edson Pinto. 

Conforme o dirigente, a adesão do setor de alimentos se justifica, uma vez que, em sua declaração, o CEO global do Carrefour fez um apelo especial aos restaurantes, para que se unam a esse compromisso de não vender carnes do Mercosul. Na França, o setor representa mais de 30% do consumo de carne, sendo 60% importada. 

Segundo a FHROESP, o boicote à rede de origem francesa não é definitivo e poderá ser suspenso caso o CEO global do Carrefour se retrate publicamente e reveja seu posicionamento. “A gente não quer quebrar o Carrefour, não queremos causar demissões na rede, muito pelo contrário, esperamos que a gente possa, rapidamente, suspender esse boicote. Basta haver um novo reposicionamento da rede global”, destacou Pinto. 

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Durante a entrevista, Edson mencionou que a posição do Carrefour tem estimulado outras redes varejistas, como a Les Mousquetaires, que atuam no país e em Portugal, a bloquearem a comercialização de produtos do Mercosul. 

Para o diretor executivo da FHORESP, quando “as empresas francesas se lançam numa guerra comercial, fingindo serem os mocinhos, eles devem se lembrar que do outro lado há consumidores e há líderes setoriais que também podem reagir.”

Apoio do setor de turismo e bares do Paraná

A iniciativa de boicote à rede Carrefour Brasil ganhou nesta segunda-feira, 25, o apoio da Associação brasileira de bares e casas noturnas (Abrabar) e da Federação das empresas de hospedagem, gastronomia, entretenimento, lazer e similares do estado do Paraná (Feturismo). 

O posicionamento das entidades atende à cobrança de empresários do setor paranaense, principalmente, de Cascavel, Foz do Iguaçu e Curitiba. “Nós estamos aderindo ao movimento de São Paulo, acho que é importante nós aqui no Paraná, porque é um estado totalmente agropecuário, com a força do campo, mas também com a indústria e nosso setor de turismo”, afirmou Fábio Aguayo, presidente da Abrabar e Feturismo.

Em um banner criado para redes sociais e grupos de WhatsApp, as entidades utilizam a frase em francês “je ne veux pas Carrefour”, que significa “eu não quero Carrefour”, para endossar o movimento de boicote.

Atualmente, a Abrabar conta com mais de 10 mil empresas ativas. A Feturismo no Paraná tem 70 mil empresas atuando no setor. 

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