Clima
Geada: campos ficam congelados e produtores relatam impactos
Frio intenso beneficia culturas de inverno e o fenômeno de dormência das frutas, mas produtores temem perdas com as baixas temperaturas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
25/06/2025 - 12:02

O dia amanheceu gelado no centro-sul do Brasil, com regiões batendo recordes de temperaturas negativas nesta quarta-feira, 25. Com as baixas temperaturas, os campos e lavouras ficaram cobertos de geada em diversas localidades.
No Rio Grande do Sul, as estações meteorológicas indicaram mínimas de −6,1° graus. O registro foi em Capão Bonito do Sul, no nordeste do estado. No vídeo e nas fotos enviadas pelo produtor Eduardo Gubert de Moura, ao Agro Estadão, é possível observar a grama toda branca da geada.

No Noroeste gaúcho, mas, no município de Augusto Pestana, a geada chegou no momento certo, segundo o produtor Remi Luis Beck. Ao Agro Estadão, ele contou que, o frio, neste momento, ajuda a limpar os campos das ervas daninhas, além de acabar com a soja guaxa — plantas de soja que crescem em áreas onde não foram plantadas.
De acordo com Beck, há benefícios também para a pecuária. “Esse frio de agora, também ajuda a reduzir a reprodução de carrapatos do gado e também mata a cigarrinha do milho. Não acaba com ela, mas diminui”, destaca. Segundo ele, o gado na propriedade de Augusto Pestana, é criado em sistema de confinamento, em um galpão, assim, a estrutura protege os animais do frio intenso.
Apesar da avaliação positiva neste início de inverno, o produtor lembra, no entanto, do risco de geadas no final da estação. “O frio só é prejudicial depois, em setembro. Ele prejudica a canola e o trigo, porque congela a semente e acaba abortando”, diz.
Frutas
Já na Serra Gaúcha os termômetros oscilaram entre -4,5º graus, em Vacaria, e -3,2º graus em Cambará do Sul. Segundo o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Thompson Didoné, o frio, nesta época do ano, é essencial para que culturas como uva, maçã, pera, pêssego e ameixa completem um importante ciclo fisiológico: o da dormência. “As frutíferas caducifólias, que são aquelas que perdem suas folhas no inverno, entram em um estado de dormência com o frio. Esse processo é indispensável para que, na primavera, haja uma boa brotação e, consequentemente, uma frutificação adequada”, explicou o extensionista, em boletim.
Segundo ele, cada variedade dessas plantas exige uma quantidade específica de horas de frio, geralmente com temperaturas abaixo de 7,2° graus. Esse limite técnico é considerado, pela maioria das pesquisas, necessário para o metabolismo das plantas.
Frio além do Sul
Desta vez, contudo, o frio não ficou restrito apenas ao Sul do país. Houve baixas temperaturas também em São Paulo. Em Fernão, município do interior do estado, os pomares do produtor André Moreno amanheceram cobertos por uma fina camada de gelo da geada.
Mesmo com a resistência maior das laranjeiras, essa geada preocupa o agricultor quanto ao futuro. “Esse nível de gelo irá prejudicar tanto os frutos que serão colhidos nos próximos meses, acentuando a queda, quanto também as plantas, pois esse frio causará danos aos ramos podendo comprometer a safra do próximo ano”, disse à reportagem.
Confira aqui como os termômetros devem ficar nos próximos dias.


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