Clima
Vinícola é destruída no RS e diversas regiões seguem em alerta com ciclone
Municípios gaúchos relatam destelhamentos, quedas de árvores e interrupções de energia; ciclone deve seguir atuando até quinta-feira no País

Um sistema de baixa pressão que originou, hoje, um ciclone extratropical desencadeou fortes tempestades sobre o Rio Grande do Sul na tarde dessa segunda-feira, 09. A região mais afetada foi a Serra, com danos importantes na cidade de Flores da Cunha.
A Defesa Civil gaúcha registrou ocorrências em 12 municípios, incluindo casas destelhadas, queda de árvores, falta de energia, vias bloqueadas e famílias desalojadas.
O acumulado de chuva em 12 horas chegou a 104,6 mm em Cruzeiro do Sul, seguido de São Sepé (100,6 mm) e Venâncio Aires (90,4 mm).
Possível micro explosão em Flores da Cunha

O caso mais grave segue em Flores da Cunha, onde pelo menos 43 residências foram danificadas. Houve estragos também na área rural, no telhado da igreja da comunidade, de uma Unidade Básica de Saúde, de uma escola e de comércios na localidade de Alfredo Chaves.
O agricultor Leandro Viasiminski lamentou a devastação em sua propriedade. Estufas e cerca de 3,5 hectares de uva foram destruídos — resultando em um prejuízo estimado em R$ 400 mil. Em entrevista à Rádio Solaris, ele descreveu, emocionado, os momentos de pânico e tristeza ao ver o trabalho de uma vida destruído em poucos minutos.
“Eu fui me refugiar lá dentro do pavilhão e daí, no momento que cheguei lá dentro começou a chuva forte. De repente, ela deu uma estiada e logo em seguida, questão de segundos, veio um vento muito forte. E aí, quando eu vi começou a cair tudo. Foi uma cena que eu só vi nos noticiários. É triste porque é um trabalho de uma vida, é uma coisa que a gente jamais imagina passar”, disse.
A estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha é de que mais de 50 parreirais foram danificados pela tempestade no interior do município.
Segundo o presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider, houve ainda grande prejuízo em uma vinícola que teve a sede e os tanques metálicos usados para armazenamento de vinho destruídos.
“As informações até o momento é que [o temporal] atingiu a vinícola Terra Sul, com queda quase na totalidade das pipas [recipiente usado para fermentação]. Uma parte delas veio abaixo. Somente ventos muito fortes pra destelhar toda a igreja e a vinícola”, afirmou.
Em nota nas redes sociais, a Terrasul Vinhos informou que o empreendimento está fechado por tempo indeterminado. “Agradecemos o carinho e apoio de todos! Voltaremos mais fortes!”, diz o comunicado.
Segundo a meteorologista Cátia Valente, da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, há possibilidade de uma micro explosão ter acontecido na comunidade, mas análises continuam sendo feitas. Ela explica que o fenômeno foi causado por um sistema de baixa pressão que faz parte da formação do ciclone extratropical que atua a partir de hoje sobre o RS.
Deslocamento do ciclone e impactos previstos
Segundo especialistas, os efeitos do ciclone devem se estender até quinta-feira, 10. Nesta terça, 9, o fenômeno avança sobre o Rio Grande do Sul e ainda há risco de temporais isolados com episódios de chuva intensa, vento forte e queda de granizo ao longo do dia, especialmente em áreas da metade Norte — principalmente durante à tarde e à noite.

A meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, explica que no decorrer da madrugada e manhã da quarta-feira, 10, o centro do ciclone deve alcançar o mar, no litoral do Rio Grande do Sul, movimentando-se devagar para alto-mar. “Quando estiver totalmente organizado, nos dias 10 e 11 de dezembro, este ciclone poderá causar rajadas de vento da ordem de 90 a 120 km/h que poderão ocorrer em áreas do litoral e das regiões mais elevadas das serras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina”, afirmou Josélia.
Em Santa Catarina, o governo determinou a suspensão das aulas em boa parte das escolas estaduais, em virtude dos riscos e a título de prevenção. A expectativa para esta terça, no Estado, é de chuva segue persistente e intensa em curtos períodos de tempo, especialmente nas áreas litorâneas e áreas serranas próximas.
Segundo comunicado oficial, o risco é alto para ocorrências associadas, principalmente alagamentos e enxurradas. No Litoral, as rajadas de vento ficam mais fortes, podendo atingir 70 km/h.
Na quarta-feira, 10, apesar do afastamento do ciclone, o vento aumenta em SC, “com rajadas entre 60 e 80km/h na maior parte das regiões. Nas áreas mais costeiras e serranas essas rajadas podem chegar aos 100 km/h em alguns momentos”. Veja aqui o deslocamento do fenômeno.
Inmet mantém alertas para Sul, Sudeste e MS
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) manteve nesta terça-feira, 9, o alerta vermelho de tempestade — nível mais alto de severidade — para grande parte da Região Sul, com validade até 23h59. O aviso prevê chuva acima de 100 mm, ventos superiores a 100 km/h e possibilidade de granizo, com risco elevado de danos em telhados, quedas de árvores, interrupção de energia e transtornos nos transportes.

Além do aviso máximo, o órgão também mantém alertas laranja e amarelo de chuvas intensas em áreas do Paraná, com acumulados que podem chegar a 60 mm/h e rajadas entre 60 km/h e 100 km/h. Municípios do interior paranaense seguem hoje sob risco de alagamentos e queda de galhos, enquanto a Grande Curitiba permanece em atenção para descargas elétricas e vento forte.
No litoral do RS, de Santa Catarina e do Paraná, vigora ainda um aviso de ventos costeiros (nível laranja), válido até a madrugada de quarta, 10. A previsão indica intensificação dos ventos sobre a faixa costeira, com movimentação de dunas, ressaca e condições adversas para navegação.

O Inmet também estende avisos de chuva intensa para áreas do Centro-Oeste e Sudeste, incluindo Mato Grosso do Sul, interior de São Paulo e Sul de Minas, com acumulados de até 50 mm/dia e ventos de 40–60 km/h, riscos moderados de alagamentos e cortes de energia.
O conjunto de alertas está associado à atuação do ciclone extratropical no Sul e à presença de um corredor de umidade sobre o Centro-Sul do País, que mantêm o tempo instável desde domingo.
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