Clima
Frente fria avança no Brasil e ameaça lavouras com geadas na próxima terça-feira
No RS, chuvas extremas se afastam, mas solo encharcado mantém alerta

Paloma Santos | Brasília - Atualizada em 22/06/25, às 12h25
21/06/2025 - 08:00

O tempo volta a mudar no Brasil a partir deste fim de semana, com impactos diretos sobre áreas agrícolas. A meteorologista Desirée Brandt, sócia-executiva da Nottus, alerta para uma sequência de eventos climáticos que começou com tempo firme no sábado, 21, e prevê queda acentuada de temperatura no início da próxima semana.
A situação se altera rapidamente: “a partir de domingo [22] já começa a chover, especialmente no interior do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul.”
Segundo a meteorologista, essa chuva pode interromper temporariamente atividades no campo, como a semeadura do trigo, sobretudo no Rio Grande do Sul. “Embora menos duradoura do que as chuvas recentes, ainda pode paralisar trabalhos em campo”, afirmou.
A instabilidade climática se intensifica na segunda-feira, 23, quando a frente fria avança em direção a outras regiões. “Depois dessa chuva, o sistema avança para áreas entre São Paulo e Mato Grosso do Sul”, diz Brandt.
A chegada de uma massa de ar frio de origem continental trará temperaturas muito baixas a partir de terça-feira, 24. “Essa alta pressão continental tem um potencial grande para derrubar a temperatura”, afirma. Os produtores no Sul do país devem ficar atentos para o risco de geada.
As mínimas previstas incluem temperaturas negativas em diversas localidades. “Na região de Guarapuava (PR), por exemplo, a mínima deve chegar a -2°C. General Carneiro (PR) pode registrar valores ainda mais baixos, e o Planalto de Santa Catarina pode ter -1°C”, alerta. A Serra Gaúcha, incluindo Vacaria, também será atingida.
O frio pode causar prejuízos em lavouras sensíveis, especialmente de milho. “O risco maior para danos fica na metade sul e sudoeste do Paraná, com destaque para a região de Cascavel, onde a previsão é de 1°C na terça-feira”, pontua Brandt.
A previsão indica que terça será o dia mais frio da semana, com melhora já na quarta-feira, 24. “Daí, já não tem mais esse risco de geada, diminui bastante”, afirma a meteorologista.
Para o restante da semana, a expectativa é de estabilidade climática na maior parte do país, com o retorno das chuvas a partir de quinta-feira, 25, devido à formação de novas áreas de instabilidade. No Centro do Brasil, o tempo seco predomina, o que é considerado normal para este período do ano.
No Nordeste, há previsão de chuva restrita à faixa leste, o que, por ora, favorece o cultivo da cana-de-açúcar.
Solo encharcado mantém alerta no RS
Apesar da melhora nas condições climáticas neste sábado, o cenário no Rio Grande do Sul ainda inspira cuidados. Segundo Desirée Brandt, meteorologista e sócia-executiva da Nottus, o sistema que provocou volumes extremos de chuva nos últimos dias já se afastou, mas os efeitos permanecem.
“O sistema que provocou essa grande quantidade de chuva nos últimos dias já se afastou”, afirma Brandt. “Muitas áreas tiveram em torno de 250 milímetros em menos de 72 horas”, acrescenta. Esse volume expressivo causou saturação do solo e elevação dos níveis de rios e córregos, especialmente na região serrana.
A partir de domingo, 22, novas instabilidades voltam a se formar. “A chuva retorna no Sul do Brasil no domingo, começando pelo oeste do Paraná e Santa Catarina, e na segunda-feira alcança o norte do Rio Grande do Sul, inclusive a região serrana”, explica.
Embora os volumes previstos não se comparem aos registrados recentemente, a situação ainda é preocupante. “Qualquer chuva que venha a cair neste momento, sendo mais forte, especialmente em região serrana, é um risco”, alerta a meteorologista. O solo encharcado aumenta a vulnerabilidade para deslizamentos e alagamentos, mesmo com acumulados menores.

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