Clima
Frente fria chega ao Sul com possibilidade de avançar para Centro-Oeste
Apesar de precipitações, não há previsão de chuvas volumosas; próximos dias seguem quentes
4 minutos de leitura 09/09/2024 - 19:11
Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
A segunda semana de setembro segue sob alertas meteorológicos decorrentes de altas temperaturas e baixa umidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Em 12 estados brasileiros e no Distrito Federal, prevalece, até a próxima quinta-feira, 12, um alerta laranja de perigo. Nesses locais, conforme o Inmet, a umidade relativa do ar deve variar entre 20% e 12%, com risco de incêndios florestais e riscos à saúde, como doenças pulmonares e dores de cabeça.
Além do DF, o alerta vale para os estados de Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, São Paulo e Maranhão.
O instituto também emitiu um alerta amarelo, de perigo potencial, para os estados do Acre, Amazonas, Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul, onde a umidade relativa do ar deve oscilar entre 30% e 20%.
De acordo com a Tempo OK, nos próximos dias a atuação de uma alta pressão anômala mantém o tempo estável na maior parte do Brasil, e favorece também a manutenção das temperaturas elevadas, principalmente na região central do país.
Porém, a partir do dia 12 de setembro, uma frente fria deve avançar pelo Sul do país e provocar chuvas de fraca a moderada intensidade no subsistema Sul. Ainda segundo informação da empresa de meteorologia, a frente fria pode avançar para o Sudeste e organizar algumas instabilidades no Centro-Oeste entre sábado, 14, e domingo, 15. “Mas não há previsão de volumes elevados. A frente fria se afasta na segunda-feira (16)”, informa a Tempo OK.
A empresa também alerta que a chuva que ocorrer pode conter fuligem das queimadas e apresentar coloração escura. “Com o avanço da frente fria entre os dias 12 e 15 de setembro, há condições para chuva escura no interior do Rio Grande do Sul, no oeste de Santa Catarina, no interior do Paraná, em Mato Grosso do Sul, em São Paulo, no sul e no oeste de Mato Grosso”, diz.
Agosto mais quente da história, de novo
Pelo segundo ano consecutivo, agosto teve temperatura recorde. “A anomalia de temperatura global do ar na superfície terrestre durante o mês de agosto de 2024 igualou o valor registrado em 2023, com 1,51°C acima da média. Os dois últimos meses de agosto foram os mais quentes já registrados na história. O planeta vem registrando sucessivos recordes de temperatura desde junho de 2023”, informa a Tempo Ok, com dados do Copernicus – Programa de Observação da Terra da União Europeia.
Temperaturas elevadas e os impactos sobre as lavouras
Fora as perdas decorrentes de incêndios, desde maquinários, lavouras e cabeças de gado, as altas temperaturas têm impactado significativamente o setor agropecuário do Brasil. A combinação de dias secos, temperaturas beirando os 40ºC e déficit hídrico pode afetar o desenvolvimento de produções em fase de florescimento, como é o caso do café, ou atrasar o início da semeadura da soja, previsto para ocorrer neste mês.
No Paraná, segundo a Federação da Agricultura do Estado (FAEP), há preocupação com a baixa umidade do solo para semeadura da soja e do milho primeira safra, especialmente na porção oeste e central do estado, que já estão com o calendário de semeadura aberto desde o último dia 1º de setembro e são as que plantam mais cedo no Paraná.
“O agravante é que setembro deve ser um mês mais seco, indicando que a semeadura será atrasada, comprometendo a janela de plantio do milho segunda safra que vem na sequência. Para as demais localidades da porção norte, apesar do mesmo cenário limitante de umidade do solo, a semeadura da safra de verão ocorre mais tarde e se estende até meados de janeiro”, avalia a Federação em estudo publicado na semana passada.
A FAEP também ressalta que a produção de grãos na safra 23/24, em encerramento, foi fortemente afetada pelas estiagens ocorridas ao longo do ciclo e pelas geadas tardias.
“As produtividades obtidas, quando comparadas à estimativa inicial, foram reduzidas, tanto na safra de verão quanto na de inverno. A estiagem provocou perdas de quase R$ 10 bilhões no valor bruto da produção agropecuária (VBP)”, afirma a Faep.
Em Minas Gerais, onde muitas lavouras estão no período de floração, o estresse hídrico pode comprometer o vingamento da flor, alerta José Donizeti Alves, professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Segundo o especialista, “em lavouras depauperadas, há sérios riscos.”
O depauperamento ou esgotamento da planta, ocorre em cafezais que tiveram produção excessiva em um ciclo ou onde haja desequilíbrio nutricional e fisiológico.
O professor da UFLA também cita novas lavouras e/ou lavouras de sequeiro em solos arenosos sob risco. Conforme Alves, condições assim são observadas nas regiões da Mogiana Paulista, Cerrado Mineiro e Espírito Santo.
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