Clima
Frente fria provoca novos temporais no Sul neste fim de semana
Chuvas previstas se concentram principalmente na faixa leste do país, do Rio Grande do Sul até o sul da Bahia
Redação Agro Estadão
27/06/2025 - 18:28

As instabilidades atmosféricas voltam a ganhar força sobre a Região Sul a partir deste sábado, 28, com previsão de temporais que devem se concentrar na faixa leste do país, do Rio Grande do Sul até o sul da Bahia. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), são esperados volumes entre 50 e 110 mm, principalmente no norte do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina.
No restante do país, as condições climáticas devem ser mais estáveis, com tempo seco predominando em boa parte do interior das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, beneficiando os trabalhos no campo, como a colheita em Mato Grosso do Sul e o cultivo de cana-de-açúcar em áreas do Sudeste.
RS segue em alerta
De acordo com a Defesa Civil gaúcha, os temporais devem atingir com maior intensidade as regiões dos Vales, Serra, Região Metropolitana de Porto Alegre, Centro-Norte e Litoral Norte, principalmente entre a noite de sábado, 28, e a manhã de domingo, 29. As chuvas podem ocorrer em curto intervalo de tempo, acompanhadas de rajadas de vento superiores a 70 km/h e risco de granizo no Norte e Noroeste do estado.
A atuação de um ciclone extratropical próximo à costa intensificará os ventos, deixando o mar agitado em todo o litoral gaúcho. “É um evento de curta duração, com pico entre o fim do sábado e o domingo. Na segunda-feira, 30, já enfraquece e se desloca para o Paraná”, explica a meteorologista Desirée Brandt, da Nottus.

O Inmet emitiu aviso de perigo para a faixa litorânea que se estende do Rio Grande do Sul a Santa Catarina, válido entre a 1h de sábado, 29, e as 3h de segunda-feira, 30. A intensificação dos ventos pode provocar movimentação de dunas e areia sobre áreas urbanas próximas à orla, afetando cidades como Araranguá (SC), Arambaré (RS) e a Região Metropolitana de Porto Alegre.
No domingo, 29, a frente fria reforça as instabilidades também em Santa Catarina e no Paraná, com acumulados que podem superar os 100 mm, além de ventos e raios.

O Inmet emitiu um alerta de grande perigo para acumulado de chuva em áreas do Rio Grande do Sul entre a 1h de sábado, 28, e o meio-dia de domingo, 29. O aviso abrange regiões do Noroeste, Centro Oriental e Nordeste do estado, incluindo municípios como Passo Fundo, Caxias do Sul, Erechim e partes da Região Metropolitana de Porto Alegre. A previsão indica volumes superiores a 100 mm em 24 horas ou chuva intensa acima de 60 mm/h, com risco elevado de alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas em áreas vulneráveis.
Na segunda-feira, 30, o tempo começa a estabilizar no Sul, com apenas chuvas pontuais no Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Segundo a meteorologista Desirée Brandt, o ar frio que avança após a frente fria não será intenso e não deve provocar geadas em áreas produtoras. “Esse ar polar não avança de forma continental e logo se dissipa no oceano. Julho começa com pouca chance de chuva no Sul e, por isso, o risco de geada se mantém muito baixo”, afirma.
Sudeste e Centro-Oeste
A partir desta sexta-feira, 27, a faixa sul e o litoral de São Paulo, além da Região Metropolitana da capital paulista, devem registrar pancadas de chuva, segundo o Inmet. As instabilidades também atingem o centro-sul do Mato Grosso do Sul e partes do Paraná, com acumulados entre 20 e 60 mm.
Ao longo da próxima semana, as chuvas se concentram na faixa leste entre o Sul e o Sudeste, alcançando até o sul da Bahia. Já no interior dessas regiões, o tempo firme deve predominar, favorecendo atividades no campo. “No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a colheita não deve ser prejudicada, pois não há previsão de chuva significativa”, diz Desirée.
Norte e Nordeste
Para o Norte e o interior do Nordeste, a previsão é de predomínio de tempo seco ao longo do fim de semana e da próxima semana. A exceção fica por conta da faixa leste nordestina, onde podem ocorrer pancadas de chuva passageiras.
Produtores do Sul avaliam impactos nas lavouras
A recente onda de frio e as chuvas dos últimos dias deixaram um rastro de destruição em muitas regiões agrícolas. Os campos e lavouras ficaram cobertos de geada em diversas localidades. Em Capão Bonito do Sul (RS), por exemplo, as estações meteorológicas indicaram mínimas de −6,1° graus.
De acordo com a Emater-RS, as chuvas prejudicaram lavouras e atrasaram o plantio da safra de inverno no estado. O trigo alcançou, até agora, 39% da área prevista, com avanço de apenas 2% na última semana. O ritmo lento é consequência das chuvas intensas e frequentes, que chegaram a 300 mm em boa parte da região produtora.
As lavouras recém-semeadas sofreram danos por erosão, encharcamento e compactação do solo, principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento. Culturas como aveia-branca, canola e cevada também foram prejudicadas.
A Emater aponta ainda que em razão do frio intenso e do solo encharcado, o crescimento das pastagens nativas se reduziu, causando problemas para os pecuaristas quem tem bovinos e ovinos. Até a produção de mel está comprometida no estado. Houve “diminuição da atividade das abelhas, das floradas e da produção, declínio populacional e confinamento dos enxames”, dizem os técnicos.
Até esta sexta-feira, 27, o número de municípios do RS afetados chega a 146. Desde 14 de junho, mais de 10 mil gaúchos tiveram que deixar suas casas. Cinco pessoas morreram.

No Paraná, segundo a Federação da Agricultura do estado (Faep), já existe um trabalho para dimensionar a extensão dos danos. As perdas estimadas são de 30% no milho e de 20% a 25% no trigo. Hortaliças e café, por serem mais sensíveis, podem ter perdas acima de 90% quando atingidas por geadas intensas.
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