Agropolítica
Mapa e MDA acreditam em Plano Safra robusto para 2025, mas juros preocupam
Autoridades reforçam compromisso com ampliação do crédito agrícola, mas apontam entraves com taxa básica de juros
Paloma Santos | Brasília
28/05/2025 - 14:52

O Governo Federal trabalha na formulação de um Plano Safra 2025/2026 robusto, mas as restrições orçamentárias e a elevada taxa básica de juros preocupam. A avaliação é do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos Júnior. Ele, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, além de vários representantes do setor participaram de um seminário promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), realizado nesta quarta, 28, em Brasília.
Em entrevista ao Agro Estadão, Campos afirmou que as propostas de ampliação do Plano Safra apresentadas pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) são consideradas razoáveis, mas precisam ser compatibilizadas com a atual capacidade fiscal. “Estamos construindo um Plano Safra robusto, compatível com o momento de restrição orçamentária”, afirmou.
As propostas apresentadas preveem um Plano Safra da ordem de R$ 599 bilhões, com R$ 390 bilhões destinados a custeio e comercialização, R$ 101 bilhões para investimentos e R$ 103 bilhões voltados à agricultura familiar. A CNA também reivindica 1% do montante total para a subvenção ao Seguro Rural, com a criação de um fundo de catástrofe para ampliar a cobertura de riscos climáticos. “São propostas razoáveis dentro da expectativa do crescimento da própria atividade.”
No entanto, Campos destacou que a taxa básica de juros é o principal parâmetro para definição dos recursos de subvenção. “Montante e taxa de juros são antagônicos. Temos que trabalhar para compatibilizar os dois”, disse. Ele também confirmou que o governo estuda mudanças com o objetivo de ampliar o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), por meio da vinculação entre crédito e contratação de seguro, mas não detalhou o modelo em discussão. “Está em construção”, afirmou.
Manter o padrão
Já o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, reforçou que o governo pretende manter o padrão de investimento dos ciclos anteriores. “A expectativa é de um Plano Safra robusto. O Plano Safra 2023 foi recorde e tivemos recorde da safra. O Plano Safra 2024 foi recorde e novamente tivemos recorde da produção”, disse, sem detalhar expectativas quanto à taxas nem volume de recursos.
Porém, segundo o ministro, há apoio direto do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e do vice-presidente, Geraldo Alckmin, para medidas que fortaleçam o setor. “Todos os instrumentos necessários para o avanço do Plano Safra e da mecanização têm o apoio do governo. Basta indicar como fazê-los para que possamos avançar nesse processo”, afirmou.
Na abertura do evento, o presidente executivo da Abimaq, José Velloso, destacou que, em um cenário de juros elevados e baixa rentabilidade no setor, o programa de crédito agrícola é essencial. “Na atual conjuntura de altas taxas de juros, de ambiente de negócios refratário a novos investimentos e de rentabilidade insuficiente, o Plano Safra torna-se crucial”, reforçou.
Velloso também alertou para os desafios estruturais, como o déficit de armazenagem. “Este ano, esperamos colher cerca de 330 milhões de toneladas de grãos, mas nossa capacidade estática de armazenamento é de apenas 212 milhões de toneladas, segundo a Conab. Esse déficit de quase 40% compromete a qualidade da produção e reduz a rentabilidade do produtor”, afirmou.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Governo retoma investigação que pode impor barreira sobre importação de leite
2
Já imaginou tomar um choque por causa de um peixe?
3
Crédito para renegociação trava no RS e Banco do Brasil busca explicação
4
Agricultores familiares fazem ato por medidas contra crise no campo
5
RS: Farsul aponta entraves na renegociação de dívidas rurais
6
Banco do Brasil e Mapa vão ao Paraná destravar as renegociações de dívidas rurais
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Agropolítica
Após queda, seguradoras projetam alta de 2,3% no seguro rural em 2026
Regiões de alta volatilidade climática devem liderar a demanda por seguro rural em 2026, com potencial de dobrar a área protegida em relação a 2025
Agropolítica
Conab lançará sistema que libera Código do Armazém em até 15 dias
Com o sistema, armazém cadastrado passa a integrar a base de dados da Conab, permitindo mapear, regular e planejar a logística mais rápido
Agropolítica
Setor do biodiesel comemora projeto que combate a prática do 'devedor contumaz'
Segundo a FPBio, casos recorrentes de sonegação evidenciam a urgência de um marco legal robusto para coibir o crime
Agropolítica
Governo estuda nova MP para destravar o crédito de dívidas rurais
Casa Civil avalia nova MP para incluir a safra 24/25, dívidas judicializadas e reduzir juros nos programas de renegociação
Agropolítica
Senado reafirma importância do RenovaBio como política de descarbonização
Sessão solene comemorou e homenageou a trajetória do programa, que atinge 95% de toda a oferta nacional de etanol
Agropolítica
Tilápia pode entrar em lista de invasoras, mas criação seguirá liberada
Ministério do Meio Ambiente diz que medidas visam evitar expansão da espécie em habitats naturais, como a Amazônia
Agropolítica
Agricultores familiares fazem ato por medidas contra crise no campo
Mobilização em frente a prédios de ministérios, em Porto Alegre, cobra do governo federal ações para aliviar dívidas e valorizar produção
Agropolítica
Marco temporal movimenta fim do ano no Congresso Nacional e no STF
PEC avançou no Senado e agora vai para a Câmara, enquanto Supremo começa a julgar ações; debate entre poderes se arrasta há anos