Agropolítica
Lula e Trump se encontram na Malásia para discutir tarifaço
Negociações entre os dois países começam neste domingo; Trump quer tudo resolvido em pouco tempo, diz chanceler Mauro Vieira.
Redação Agro Estadão * | Atualizada às 11h54
26/10/2025 - 07:56

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniram neste domingo, 26, na Malásia. O encontro, que durou cerca de 50 minutos, ocorreu durante a realização da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e teve como pauta a revisão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras.
Durante a conversa, Lula afirmou que não há razão para desavenças entre os dois países e pediu a Trump a suspensão imediata das tarifas enquanto durarem as negociações.
“O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, cada um coloca seus problemas, a tendência natural é encaminhar para um acordo”, afirmou Lula.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que acompanhou o encontro, disse que a reunião foi “muito positiva” e que Trump autorizou sua equipe a iniciar ainda neste domingo o processo de negociação para revisão das tarifas. “O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda, porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo”, afirmou o chanceler.
Tudo justo
Antes do encontro, os dois líderes concederam uma breve entrevista à imprensa no Centro de Convenções de Kuala Lumpur (KLCC). Questionado sobre a possibilidade de rever o tarifaço ainda neste domingo, Trump afirmou que estava disposto a “avançar rápido” nas discussões. O presidente norte-americano negou ainda que sejam injustas as razões para aplicar o tarifaço ao Brasil, como defende o governo brasileiro.“Não, acho que tudo é justo. Temos muito respeito pelo seu presidente e pelo Brasil. Provavelmente faremos alguns acordos”, disse Trump. “Eles podem oferecer muita coisa, e nós podemos oferecer muita coisa.”
O presidente norte-americano desconversou ao ser questionado sobre quais seriam as condições para reduzir as tarifas e afirmou que o tema seria tratado com calma. “Vamos discutir por um tempo e provavelmente chegaremos a uma conclusão muito rapidamente.”
Lula, por sua vez, afirmou que havia levado uma pauta por escrito para entregar a Trump e pediu que a imprensa deixasse a sala para dar início à reunião. “A imprensa vai ter boas notícias assim que acabar a reunião. Antes, são só suposições. O Brasil tem interesse em ter uma relação extraordinária com os EUA, como temos há 201 anos. Não há nenhuma razão para desavença entre Brasil e EUA”, declarou.
China
Questionado pelo Estadão sobre a relação privilegiada do Brasil com a China, Trump disse apenas que vai se reunir com a China depois.
“Acho que teremos um acordo com a China. Vou me reunir com o presidente Xi na Coreia do Sul. Eles querem fazer um acordo e nós queremos fazer um acordo. Vamos nos encontrar depois na China e nos EUA em Mar-a-Lago, Palm Beach. Tivemos muitas conversas antes de nos reunir, tivemos conversas com o Brasil. Acho que terminaremos com um bom acordo para os dois países, com a China isso vai acontecer. As pessoas parecem estar muito interessadas na China, acho que teremos uma reunião muito justa com a China.”
Repercussão do setor
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) disse que reunião entre os lideres do Brasil e Estados Unidos foi “positiva”. Segundo a associação, há uma disposição dos dois lados para avançar na questão das tarifas.
“O encontro reforça a importância do diálogo para o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e demonstra a disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas atualmente em vigor”, destacou a entidade.
A Abiec também lembrou que o Brasil é fornecedor seguro de carne e disse acreditar “que o entendimento entre os dois países pode preservar a competitividade do produto brasileiro, garantir previsibilidade aos exportadores e ampliar a presença da carne bovina nacional no mercado norte-americano”.
Também por meio de nota, a Associação Brasileira do Café (ABIC) diz que segue defendendo a reavaliação técnica das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro e reforça sua confiança no histórico de parceria entre Brasil e Estados Unidos.
“Os últimos encontros entre os Presidentes dos EUA e do Brasil têm sido mais positivos e estamos otimistas. As relações de longo prazo entre Brasil e Estados Unidos permitirão uma reavaliação equilibrada e responsável dessas tarifas, com base em critérios técnicos e em benefício mútuo”, comenta Pavel Cardoso, Presidente da ABIC.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) também celebraram o encontro entre os líderes dos dois países por “representar uma perspectiva concreta de solução para as tarifas aplicadas ao setor cafeeiro”, segundo nota da BSCA.
Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, que acompanha a missão brasileira na Indonésia e na Malásia, afirmou que estar participado pessoalmente das reuniões com a equipe do governo federal, levando informações estratégicas e ressaltando pontos importantes para a isenção das tarifas aos cafés brasileiros. De acordo com a nota emitida pelo Cecafé, há “disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas atualmente em vigor.”
*com informações do Broad Cast e Agência Brasil
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