Governo veta isenção de Fiagro na regulamentação da Reforma Tributária | Agro Estadão
PUBLICIDADE

Agropolítica

Governo veta isenção de Fiagro na regulamentação da Reforma Tributária

Medida pode tornar fundos menos atrativos e volume de recursos captados deve diminuir

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com | Atualizada às 17h48

17/01/2025 - 17:07

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagro) tiveram a isenção dos novos impostos previstos da Reforma Tributária vetados. A sanção do Projeto de Lei Complementar (PLP) 68 de 2024 – que trata da regulamentação da Reforma Tributária — aconteceu nesta quinta-feira, 18, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Com a sanção, vieram também os vetos. 

A proposta que foi aprovada no final do ano passado pelos deputados e senadores garantia que os Fiagro não fossem contribuintes do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS). Isto quer dizer que os rendimentos obtidos pelos fundos seriam isentos, desde que seguissem alguns parâmetros já previstos na legislação, como ter no mínimo 100 cotistas. 

No despacho assinado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o veto é orientado pelo Ministério da Fazenda e pela Advocacia-Geral da União. Na argumentação do veto, o governo indica que “não há autorização constitucional para que os fundos de investimentos e os fundos patrimoniais não sejam considerados contribuintes”, ou seja, a isenção seria inconstitucional.  

Atualmente, os Fiagro não têm tributação. O efeito prático seria a inclusão de uma despesa fiscal que acarretaria em menos retorno ao cotista, deixando essa forma de investimento menos atrativa. O ex-secretário de Política Agrícola, José Carlos Vaz, qualifica o bom desempenho desses fundos como “decorrente substancialmente da isenção de impostos”.

“Então, se, no futuro, a isenção acabar, o volume de recursos naqueles instrumentos vai cair. Acho difícil que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) venha a deixar de ter força política para impedir essa tribulação”, pontuou Vaz ao Agro Estadão. 

PUBLICIDADE

Em nota, a FPA disse discordar do veto presidencial. Segundo a frente, “a taxação desses fundos compromete a competitividade, aumenta os custos para produtores e afeta a oferta de crédito” e salientou a importância do dinheiro investido nos Fiagro para suprir as necessidades de recursos do setor. “Vamos derrubar [o veto]”, afirmou o presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), à reportagem.

De acordo com o último boletim de Finanças Privadas do Agro publicado na terça-feira, 14, pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o valor patrimonial dos Fiagro era de R$ 40,90 bilhões. O documento traz apenas os dados até novembro de 2024. No comparativo com o mesmo período de 2023, o patrimônio desses fundos cresceu 109%. 

Medida vetada abre margem para que pequeno produtor tenha cobrança com juros 

Outro mecanismo vetado foi o que permitia que produtores não contribuintes — de forma geral, pequenos produtores — recolhessem impostos diferidos sem acréscimos ou juros. O PLP prevê que haja um diferimento do recolhimento do imposto em casos que envolvam a compra e venda de insumos agropecuários. Basicamente, permite um adiamento do pagamento do IBS e da CBS. Produtores que são ou não contribuintes terão essa tributação, que não será paga na compra do insumo, mas na venda da produção. Na operação de compra do insumo feita pelo contribuinte, há incidência da tributação a ser paga pelo adquirente, a depender do produto. Já na operação de compra de insumo pelo não contribuinte, o valor não recolhido deve entrar no cálculo do crédito presumido.

Assim, nos casos de venda da produção do não contribuinte para agentes contribuintes, como para empresas, há um repasse para do crédito presumido. Mas quando essa venda acontece para outro agente que não é contribuinte, como a venda para outro pequeno produtor, quem vende deve recolher o tributo referente ao insumo. O trecho vetado garantia que não houvesse acréscimos sobre esse recolhimento.  

“Em uma primeira leitura, entendo que isso ficou prejudicial ao pequeno produtor rural”, pontua o advogado tributarista Eduardo Lourenço. Na justificativa instruída pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o governo afirma que dispositivo “contraria o interesse público” e “confere tratamento tributário desigual no diferimento de aquisição de insumos entre produtores rurais contribuintes e não contribuintes”. Além disso, essa medida “prejudicaria o desenvolvimento da agricultura familiar”.    

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Mudanças feitas pelo CMN são “um passo da construção do Plano Safra”, sinaliza Fávaro

Agropolítica

Mudanças feitas pelo CMN são “um passo da construção do Plano Safra”, sinaliza Fávaro

Ministro disse que negociações para regionalização de gripe aviária estão em curso e anuncia que embargos da Coreia do Sul serão apenas para RS

CMN amplia exigibilidades e reduz vencimentos de LCAs

Agropolítica

CMN amplia exigibilidades e reduz vencimentos de LCAs

Especialista acredita que medidas ainda não preparam para Plano Safra 2025/2026

Ministro da Agricultura é convidado a prestar esclarecimentos no Senado sobre gripe aviária

Agropolítica

Ministro da Agricultura é convidado a prestar esclarecimentos no Senado sobre gripe aviária

CRA quer ouvir Carlos Fávaro sobre prevenção, controle e impactos da doença no setor avícola; ainda não há data definida para a audiência

Marina diz que licenciamento ambiental sofreu "golpe de morte"

Agropolítica

Marina diz que licenciamento ambiental sofreu "golpe de morte"

Em evento do Ministério do Meio Ambiente em parceria com o BNDES, ministra comentou aprovação do projeto pelo Senado

PUBLICIDADE

Agropolítica

Alckmin, sobre impacto de gripe aviária nos preços: "Tem vírus no mundo todo"

Vice-presidente afirmou que todos os protocolos sanitários foram adotados e que problema deve passar logo, caso se mantenha localizado

Agropolítica

Ministério da Agricultura firma 9 acordos com países africanos

Ministros africanos fazem visita ao Brasil e recebem promessas de cooperação

Agropolítica

Aprovação do marco do licenciamento ambiental destrava logística, avalia setor agropecuário

Projeto foi aprovado nesta quarta-feira, 21, pelo Senado Federal depois de quase quatro anos; proposta retorna para a Câmara dos Deputados

Agropolítica

Senado aprova fundo para estados atingidos por enchentes e queimadas

Texto passou pela Câmara dos Deputados há cerca de um mês e aguardava tramitação; projeto segue para sanção presidencial

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.