PUBLICIDADE

Agropolítica

Cerealistas e distribuidoras de insumos dizem que atual regulamentação da Reforma Tributária pode aumentar custos de produção

Segundo Acebra, cooperativas que revendem insumos agrícolas terão benefícios com o novo texto; OCB afirma que há equívoco na interpretação

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

05/07/2024 - 19:10

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

A Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra) e a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) tentam reverter uma parte do texto substitutivo do projeto de lei complementar 68/2024 apresentado nesta quinta, 04, pelo grupo de trabalho (GT). Os setores entendem que a isonomia tributária não foi atendida já que traz mais benefícios fiscais para outros canais que fazem revenda de insumos agropecuários. 

“O texto também apresenta enormes assimetrias, e atenta diretamente contra o princípio da isonomia tributária e livre concorrência, considerando que em outros canais de venda a operação com produtos e serviços serão beneficiadas com a redução a zero das alíquotas de IBS e CBS, enquanto as empresas do comércio e distribuição destes mesmos produtos, terão a incidência da alíquota cheia”, disse a Andav em nota. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Na mesma linha, o presidente da Acebra, Jerônimo Goergen, afirmou ao Agro Estadão que isso vai acarretar em mais impostos. “É evidente a inconstitucionalidade, porque a isonomia está garantida na Constituição, e o texto, como ele ficou, dá, na venda de insumos, uma vantagem competitiva que é dada com dinheiro público, com tributo, porque gera elevação [de tarifa] em outra ponta. Nós estamos fazendo um alerta”, se posicionou Goergen.

Para o presidente da entidade, isso pode trazer benefícios para cooperativas agrícolas que fazem a venda de produtos agrícolas. Ele argumenta que o relatório vai “além do ato cooperativo”, que estabelece o modelo de negócio baseado na relação entre cooperado e cooperativa. Ou seja, os insumos revendidos por empresas cerealistas e por revendedoras não cooperativadas custarão mais caro do que os produtos de quem participa desse tipo de modelo.

“Em uma cooperativa [agrícola], ela vende um defensivo agrícola, que não é produzido pela cooperativa e nem pelo produtor. O texto está garantindo que para esse tipo de operação não seja cobrado o IBS e o CBS. Não é uma relação de cooperação[…] e não precisa nem ser cooperado da cooperativa para comprar”, destacou. “E como é que fica uma região que não tem cooperativa, só tem uma cerealista? Então, vai ter produtor pagando mais caro [na produção]”, explicou o representante das cerealistas.

PUBLICIDADE
Jerônimo Goergen, presidente da Acebra. Foto: Acebra/Divulgação

Ainda de acordo com Goergen, a proposta original encaminhada pelo governo federal não trazia essa distinção e por isso ele defende a retomada dos trechos que tratam sobre o assunto. “O texto que o governo mandou foi muito bom, porque manteve a isonomia. Não tinha vantagem para ninguém. Todo mundo que atuava na mesma cadeia estava atuando com tranquilidade”, pontuou. 

O presidente da Acebra também disse que já está articulando para tratar do assunto junto aos deputados e vê margem para uma disputa judicial, caso o projeto seja aprovado no Congresso Nacional da forma como está. 

“Obviamente, nós vamos trabalhar no sentido da judicialização quando aprovado. Como nosso objetivo não é já sair em uma guerra jurídica, nós vamos apresentar uma proposta de emenda, tentando adequar o texto até semana que vem”, acrescentou Goergen.

Cooperativas apontam equívoco e dizem que relação cooperativa com mercado será tributada

Questionada pelo Agro Estadão, a Organização Brasileira das Cooperativas (OCB) vê que há um equívoco na análise sobre esses pontos. “É um equívoco. Não tem como ter uma isonomia com modelos societários diferentes. Não dá para comparar, pois a lógica é diferente”, afirmou Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB.

Além disso, a executiva apontou que o novo texto prevê a tributação sobre as cooperativas e não mais sobre o cooperado e que as relações feitas extra ato cooperativo serão tarifadas assim como os demais entes do mercado. 

“Tudo que for relação cooperativa e cooperado ou cooperado e cooperativa, isso é ato cooperativo e não incide tributo. Nós queríamos a extensão do ato, ou seja, que algumas operações de mercado também fossem consideradas, porque as cooperativas estavam fazendo para o cooperado. Mas nós aceitamos a restrição ao conceito do ato cooperativo. Se for para o mercado, vai ser igual a qualquer outra empresa convencional. […] Isso já está pacificado e vai incidir IVA (Imposto sobre Valor Agregado) sim”, justificou Zanella.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Brasil abandona acordo por transporte pesado elétrico um dia após assinatura

Agropolítica

Brasil abandona acordo por transporte pesado elétrico um dia após assinatura

Após repercussão negativa, Ministério dos Transportes deixou coalizão global e reafirmou meta de quadruplicar biocombustíveis até 2035

Governo amplia prioridades de medidas antitarifaço do Plano Brasil Soberano

Agropolítica

Governo amplia prioridades de medidas antitarifaço do Plano Brasil Soberano

Linhas especiais de financiamento passam a contemplar empresas com 1% ou mais do faturamento afetado pelas tarifas dos EUA

Governo discute tornar Seguro Rural despesa obrigatória, mas depende de convencimento interno

Agropolítica

Governo discute tornar Seguro Rural despesa obrigatória, mas depende de convencimento interno

Expectativa do Mapa é que a medida, entregue a Fernando Haddad, ganhe apoio em outros ministérios e no Congresso Nacional

Brasil amplia exportações para Emirados Árabes e Líbano

Agropolítica

Brasil amplia exportações para Emirados Árabes e Líbano

Produtos de origem animal e vegetal ampliam presença brasileira no exterior após novos acordos

PUBLICIDADE

Agropolítica

Mapa fecha duas fábricas clandestinas de bebidas alcoólicas em TO

Operação em parceria com a Polícia Civil, a Perícia Técnica e a Vigilância Sanitária recolheu 11 mil litros de destilados impróprios para consumo

Agropolítica

Governo libera contratação de empresas para auxiliar inspeção em abates

Decreto faz parte da regulamentação da Lei do Autocontrole, que é discutida há meses; Anffa Sindical criticou a medida

Agropolítica

Conab vai destinar R$ 67 milhões para escoar trigo do RS e PR

Medida deve facilitar a retirada de 250 mil toneladas de trigo dos mercados locais desses Estados

Agropolítica

Conab vai adquirir de 137 mil t de arroz para formar estoques

O leilão atenderá Estados onde os preços do cereal estão abaixo do mínimo estabelecido com o limite de venda de 189 toneladas por produtor

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.