PUBLICIDADE

Agropolítica

Reforma Tributária: ruralistas acreditam que carne entra na cesta básica e incluem cooperativismo entre prioridades

OCB espera texto da regulamentação da Reforma Tributária mais adequado conforme propostas da entidade; cooperativas de crédito ainda preocupam

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com | Atualizado em 03/07/2024 às 9h55

03/07/2024 - 08:30

Foto: FPA/Divulgação
Foto: FPA/Divulgação

O primeiro relatório do grupo de trabalho sobre a regulamentação da Reforma Tributária deve ser entregue nesta quarta-feira, 03, ao Congresso Nacional. O texto traz as regras para o funcionamento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que será formado pelos cinco tributos que existem atualmente.

E um dos temas polêmicos é a cesta básica, que terá alíquota zero. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), disse que parece haver um entendimento dos membros do grupo de trabalho (GT) sobre a inclusão das proteínas animais na cesta básica, que terá alíquota zero com a Reforma Tributária. O GT é formado por sete deputados e discute o texto que será apresentado no Plenário da Câmara dos Deputados e que trata da regulamentação da Reforma. 

“O grupo de trabalho parece que concordou com esse termo, cabe a eles colocarem no relatório ou não. Se concordarem com esse tema, será muito positivo isso ocorrer”, ressaltou Lupion aos jornalistas após participar da reunião-almoço da FPA desta terça, 02.

No projeto de lei 68/2024, encaminhado pelo governo federal, as carnes não estariam entre os alimentos que terão alíquota zerada com a implementação da Reforma Tributária. As proteínas fariam parte de um outro grupo de alimentos, com tarifa de 40% da alíquota. 

O presidente da FPA disse que as negociações foram intensas, com a intenção de que “não haja necessidade de reação” depois que o texto for apresentado e que o relatório já saia com os pleitos atendidos. 

PUBLICIDADE

Entenda nesta reportagem do Agro Estadão o impacto da Reforma Tributária no agronegócio.

“Ou terá FPA junto ou não terá FPA”

O cooperativismo está entre os temas prioritários da bancada. As cooperativas entendem que ao menos três eixos precisam estar na regulamentação da Reforma Tributária: inclusão dos ramos de consumo, crédito e saúde no regime específico das cooperativas; retorno da opcionalidade de troca de regime pelas cooperativas agropecuárias e de transporte; reconhecimento da não incidência.

“Nós somos uma frente parlamentar organizada, que tem bastante voto e colocamos questões primordiais ali, como essa questão do cooperativismo, por exemplo, e a gente não abre mão. Ou terá a FPA junto ou não terá a FPA”, enfatizou Lupion.

Com uma posição fechada sobre o assunto, o presidente da bancada demonstrou estar confiante de que esses pontos do cooperativismo serão vistos pelo GT e classificou as negociações sobre o assunto como “extremamente intensas”. “Acho que esse é um tema extremamente importante que está havendo uma negociação bem pesada e, ao meu ver, vai acabar positiva”, destacou.

Além da questão das cooperativas, outros temas que estão sendo trabalhados pela FPA junto aos deputados do GT são os insumos agrícolas e a tributação do produtor rural. 

PUBLICIDADE

Mudança na não incidência tem acordo entre OCB e deputados

Ao Agro Estadão, a superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Tania Zanella, disse que boa parte dos pedidos de revisão da proposta do PLP 68/2024 deve ser atendida no relatório final. Uma das principais questões era a não incidência sobre as cooperativas. A Constituição garante que esse modelo de negócio não deve sofrer incidência de impostos, porém a proposta trazia alíquota zerada para as cooperativas, o que abre margem para tarifas no futuro. 

Segundo Zanella, esse assunto foi tratado e houve uma alteração. Até então, no modelo atual, a tributação é feita nos cooperados e não nas cooperativas, por isso a não incidência sobre elas. Porém, a nova proposta deve inverter essa lógica. 

“A cooperativa não tem mais a neutralidade e vai incidir sobre ela, mas deixa de incidir sobre o cooperado. Porque se incidir no cooperado e na cooperativa, nós vamos ter uma bitributação”, explicou a executiva. Essa alteração ocorreu a pedido do GT. O entendimento era que seria mais fácil para a Receita Federal tributar 4.830 cooperativas do que mais de 20,5 milhões de cooperados. 

No entanto, o caso das cooperativas de crédito e de saúde parece estar emperrado. A OCB defende que essas cooperativas também devem participar do regime específico do cooperativismo, mas há uma resistência para a inclusão delas nesse modelo. 

“A gente tem ouvido muito por parte da consultoria e da Receita que é uma decisão política. Por quê? Hoje ainda existe um lobby forte dos bancos dizendo que tem que haver uma isonomia entre bancos e cooperativas, o que é uma grande bobagem. Tem muitas diferenças de uma coisa para outra”, completou Zanella.

Na visão das cooperativas, já se “cedeu até onde tinha que ceder” e não há mais margem sem que se danifique o modelo de negócio. A expectativa é de que o relatório tenha os ajustes, mas Zanella revela que a entidade já prepara emendas caso nem todos os pontos sejam atendidos.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Após vetos de Lula, FPA apresenta 568 emendas ao Licenciamento Ambiental

Agropolítica

Após vetos de Lula, FPA apresenta 568 emendas ao Licenciamento Ambiental

Segundo a federação, alterações buscam recompor trechos vetados; relator prevê novo ritmo de diálogo com o governo

FPA classifica Plano Clima como “autossabotagem” e cobra revisão de metas

Agropolítica

FPA classifica Plano Clima como “autossabotagem” e cobra revisão de metas

Bancada crítica viés ideológico do plano, que impõe ao agro a maior meta de redução de emissões entre todos os segmentos da economia

Missão brasileira em Angola busca ampliar cooperação agrícola 

Agropolítica

Missão brasileira em Angola busca ampliar cooperação agrícola 

Entre janeiro e julho de 2025, o Brasil registrou U$ 347,7 milhões em exportações para o país africano 

CNA responde aos EUA sobre tarifas, etanol e desmatamento; entenda

Agropolítica

CNA responde aos EUA sobre tarifas, etanol e desmatamento; entenda

Respostas foram protocoladas no processo que o governo dos EUA abriu contra o Brasil por supostas "práticas desleais" de comércio

PUBLICIDADE

Agropolítica

Consórcio com construtora leva leilão de concessão da Rota do Agro

Trecho tem 490 quilômetros de extensão e liga dois importantes polos agropecuários: Rio Verde (GO) a Rondonópolis (MT)

Agropolítica

Deputados aprovam criação de subcomissão permanente do Plano Safra

Finalidade do grupo é fazer um acompanhamento contínuo e propor soluções para a política de crédito rural no país

Agropolítica

Ministério decide não aplicar medidas antidumping sobre leite em pó argentino e uruguaio

Setor se mobiliza para tentar reverter situação e pede resposta “política” do governo brasileiro, não apenas técnica

Agropolítica

Tarifa dos EUA: ministro da Agricultura acredita em reversão para café e carne

Carlos Fávaro também comentou previsão de retomada das exportações de carne de frango para China

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.