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Governo anuncia mais de R$ 6 bi em infraestrutura de escoamento para safra 24/25; obras, no entanto, não ficam prontas em 2025 

Governo federal considera que redução de quase 40% no custo logístico irá colaborar, no médio e longo prazo, para ter alimentos mais baratos ao consumidor

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Daumildo Júnior* | Brasília | Atualizada às 17h16

05/02/2025 - 14:33

Foto: Márcio Ferreira/Ministério dos Transportes
Foto: Márcio Ferreira/Ministério dos Transportes

Os ministérios dos Transportes, Portos e Aeroportos, e Agricultura e Pecuária anunciaram as medidas previstas de escoamento da safra de grãos 2024/2025. A expectativa é de que sejam investidos R$ 6,2 bilhões de verba pública na infraestrutura com foco em estradas, ferrovias e  portos. 

De acordo com o governo, a previsão orçamentária é:

  • R$ 2,6 bilhões para rodovias e ferrovias do Arco Norte;
  • R$ 1,9 bilhões para rodovias e ferrovias do Arco Sul/Sudeste;
  • R$ 1,7 bilhões no setor portuário. 

Apesar do anúncio ter sido vinculado ao escoamento da safra de grãos 2024/2025, a maioria das obras que serão beneficiadas pelos investimentos não ficarão prontas para serem usadas na atual safra. Os ministros Renan Filho, dos Transportes, e Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, foram questionados sobre a efetividade dos anúncios no escoamento ainda em 2025 e reconheceram que essas medidas não são para curto prazo. 

“O fato é que a safra já está sendo colhida e escoada e os investimentos não serão, obviamente, todos feitos este ano, mas o Brasil melhorou a qualidade das rodovias nos últimos anos. O sistema portuário é um dos que mais cresce no ano e o nosso agro, quase todo ano, praticamente, bate recorde na produção. É uma agenda trabalhada ano a ano. Nem todos os investimentos são feitos este ano, porque inclusive algumas das obras tem cronograma de mais de um ano, de dois, de cinco [anos]”, destacou Filho aos jornalistas.

Já Costa Filho justificou que essa é uma questão de planejamento, além de lembrar que nos últimos anos os investimentos vêm aumentando. “Muitos investimentos já foram contratados lá atrás, já em curso e outros serão anunciados dentro de um planejamento estratégico. Quando a gente fala sobre o futuro, a gente está falando em planejamento”, reforçou. 

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Outra questão é que esses valores podem ser alterados, já que ainda precisam da aprovação do orçamento da União pelo Congresso Nacional. O chefe da pasta dos Transportes afirmou esperar um valor maior para o ministério dele e do colega Costa Filho. 

“No caso aqui do Ministério dos Transportes nós não temos tido alterações para menor no nosso orçamento. Ao contrário. […] Eu espero que quando o Congresso aprovar agora o orçamento até aumente um pouco o orçamento”, disse Renan Filho. 

Setor não vê grande novidade

Para o setor, não houve grande novidade no anúncio feito pelo governo. O diretor executivo do Movimento Pró Logística, Edeon Vaz Ferreira, disse ao Agro Estadão que, estes investimentos já estavam em andamento. “O que foi anunciado são investimentos que já vinham sendo realizados. O mais importante é destinar recursos para a manutenção das rodovias, pois as ferrovias são projetos de médio e longo prazo. Já as hidrovias, sim, essas precisam de intervenções urgentes, como dragagem, derrocagem, sinalização e balizamento, conforme destacou o ministro Silvio”, pontuou Vaz.

Ele também apontou que, além dos investimentos em infraestrutura, seria essencial adotar medidas para reduzir o custo do transporte. “Uma sugestão que já apresentei em outros órgãos seria a implementação de uma política para diminuir o custo do frete. Não falo do frete em si, que é definido pelo mercado, mas do custo envolvido. Isso poderia ser feito reduzindo o preço do diesel por meio da diminuição de impostos, sem necessidade de interferência na Petrobras, além da redução de tributos sobre peças e pneus”, ressaltou Edeon.

Necessidade por mais armazéns será constante devido ao estímulo à safra, afirma Fávaro

Durante o evento, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, comentou sobre a armazenagem, outro ponto que preocupa produtores. Fávaro afirmou que a pasta tem dado atenção a essa demanda através do Plano Safra. Mas ponderou que essa necessidade continuará crescendo junto com a produção brasileira. “Todos os recursos investidos estão sendo tomados e o gargalo de armazenagem está sendo diminuído. Mas compreenda, é algo que vai acontecer sempre como acontece em rodovias, em ferrovias e em portos. Se nós estamos estimulando a safra a crescer, vai sempre estar faltando armazém”, salientou o ministro.

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Quanto ao escoamento da safra, Fávaro reforçou que os colegas têm trabalhado em conformidade com o crescimento da safra. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou no último levantamento uma safra de 322,3 milhões de toneladas. “O Silvio e o Renan tem um planejamento para correr e atender essas demandas crescentes. Mas com isso também da previsibilidade para o mercado. Por isso que eles estão batendo recorde em concessões, porque a iniciativa privada vê que o governo tem um direcionamento”, indicou o ministro da Agricultura.

Governo considera que plano irá colaborar para redução de custo dos alimentos

O governo federal considera que o plano para o escoamento da safra de grãos de 2025 pode colaborar para a redução do preço dos alimentos no mercado interno. As avaliações de ministros são de que os investimentos em infraestrutura de transportes resultarão em menor custo logístico, podendo alcançar o consumidor final. “As concessões de hidrovias, por exemplo, reduzem em quase 40% o custo das operações logísticas que hoje dependem das rodovias. Significa que, ao final, vamos trabalhar no médio e longo prazo também para ter custos de alimentos mais baratos na mesa do consumidor”, afirmou o ministro dos Transportes.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que o plano de escoamento, embora atenda fundamentalmente as demandas para exportação, alcança o mercado interno. “Com olhar para hidrovias, ferrovias e rodovias, sem dúvida alguma terá efeito no preço final para o consumidor.”

Já o ministro da Agricultura, voltou a descartar qualquer “pirotecnia” em medidas do governo para frear alta dos preços dos alimentos. “Não terá pirotecnia. Terá sim um acompanhamento, direcionamento para que possamos produzir o que mais pode faltar na mesa dos brasileiros. Quando tem abundância, a inflação cede. Este é o planejamento que se está cumprindo”, afirmou o ministro.

Vale destacar que o governo federal estuda baixar alíquotas de importação de alguns produtos, como o milho, para frear a alta dos alimentos.

Arco Norte deve escoar 60 milhões de toneladas de grãos neste ano

Os ministros também apresentaram uma previsão de fluxo de grãos que serão transportados nas principais vias do Arco Norte. Nos cinco principais corredores de escoamento rodoviários, a estimativa é de que passem 60 milhões de toneladas de grãos neste ano. A expectativa ficou dividida em:

  • BR 163: 20 milhões de toneladas;
  • BR 364: 16 milhões de toneladas;
  • BR 242: 4 milhões de toneladas;
  • BR 155/158/FNS/EFC: 11 milhões de toneladas
  • BR 135: 9 milhões de toneladas

*Com informações do Broadcast Agro

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