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Agropolítica

Escassez de recursos e juros altos devem marcar o Plano Safra 2025/2026

Apreensão do setor veio depois do congelamento do orçamento destinado ao seguro rural

Daumildo Júnior | Brasília e Andrea Russo | São Paulo

25/06/2025 - 16:57

Foto: Adobe Stock
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Volumes escassos e juros altos. É o que espera o setor no anúncio do Plano Safra 2025/2026, previsto para a próxima semana. Apesar de ainda não confirmada pelo Palácio do Planalto, a divulgação do plano voltado à agricultura familiar deve ocorrer na segunda-feira, dia 30, e o empresarial, na terça-feira, 01 de julho.

Para a Sociedade Rural Brasileira, diante dos últimos acontecimentos, o volume de recursos deve ser escasso e as taxas de juros, elevadas. “Depois dos cortes no orçamento do seguro rural, não acredito que venham boas notícias”, disse Sérgio Bortolozzo, presidente da SRB, à reportagem.

O sentimento de apreensão vem depois do congelamento de R$ 445 milhões do orçamento destinado ao seguro rural. Para reverter esse contingenciamento, o setor produtivo se organiza em um manifesto conjunto com o objetivo de derrubar o veto do presidente Lula a um dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, que protegia o orçamento do seguro rural, blindando qualquer corte nos recursos. “Caso não tenhamos uma solução, a safra de verão estará sem cobertura”, explicou Bortolozzo. 

Ainda sobre o seguro rural, o ex-secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, disse ao Agro Estadão que o corte de recursos gera insegurança não só para produtores como para toda cadeia produtiva. “O impacto do corte de recursos é uma quebra de confiança não só com os produtores como para as seguradoras, resseguradoras e cooperativas, que devem estar se perguntando se o seguro rural é pra valer no Brasil”, afirmou. 

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) propõe que o Governo Federal disponibilize R$ 4 bilhões para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2025/26. A entidade também solicita R$ 594 bilhões em recursos financiáveis no Plano Safra, sendo R$ 390 bilhões para custeio e comercialização, R$ 101 bilhões para investimentos e R$ 103 bilhões para agricultura familiar e empreendedores familiares. As propostas da entidade foram entregues ao secretário de Política Agrícola do ministério da Agricultura (Mapa), Guilherme Campos, há dois meses.

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Taxa de juros

A taxa Selic – que deve se manter em 15%, segundo avaliação divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira, 24 – é outro grande desafio desta temporada. No Plano Safra 2024/2025, a taxa estava em 10,5%. “Vamos ter um custeio com um custo maior de capital e a Selic vai encarecer o financiamento privado, como as operações de barter. Será um cenário de maior risco para os produtores rurais nesta safra”, afirma Wedekin. Também está previsto maior uso de recursos privados, uma vez que, segundo ele, os títulos do agronegócio já são mais importantes e maiores que o crédito rural oficial.

“Um dos planos mais difíceis”

Na semana passada, em entrevista exclusiva ao Agro Estadão, Gilson Bittencourt, subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, disse que a construção do Plano Safra, este ano, será “um dos mais difíceis”.  “As fontes de recursos estão bastante limitadas, seja por questões vinculadas a renegociações, que vão esterilizando por um determinado tempo fontes de recursos, seja pelo aumento nos custos de equalização em função da taxa Selic”, comentou.

Uma coisa é certa: deve se repetir este ano a prioridade para os pequenos e médios produtores, que absorve boa parte dos custos de equalização do tesouro nacional. “Há uma tentativa do governo de fortalecer produtos alimentícios e agricultura familiar e médio [produtor]”, afirmou Bittencourt. 

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