PUBLICIDADE

Agropolítica

Brasil precisa negociar com EUA após taxação de Trump sobre aço, avalia especialista

Principal impacto imediato da taxação sobre o agronegócio deve ser em relação ao frete marítimo, devido à dificuldade de precificação do real custo do transporte

Nome Colunistas

Paloma Custódio | Brasília

11/02/2025 - 17:39

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Com a decisão do presidente Donald Trump de instituir uma taxação de 25% sobre as importações americanas de aço e alumínio, o Brasil deve buscar algum tipo de negociação com os Estados Unidos. É o que avalia o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e também colunista do Agro Estadão, Welber Barral. “Eu não conversei com o governo brasileiro, mas o que os governos de todos os países estão fazendo nesse momento, inclusive do Canadá — que é o mais afetado —, é buscar algum tipo de negociação com os Estados Unidos”, avaliou.

Procurado pela reportagem, o secretário de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Luis Rua, disse que “o Brasil sempre estará disponível para os países que queiram fazer negócios. Temos escala, qualidade, sanidade, competitividade e sustentabilidade”, afirmou.

Durante a reunião-almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nesta terça-feira, 11, em Brasília, o presidente da bancada, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) interpretou a decisão de Trump como um gesto de “chamar para a mesa de negociação”.

“O Partido Republicano dos EUA tem uma característica de ser muito mais protecionista. Então é natural que haja um protecionismo, assim como todos os países deveriam proteger os seus produtores. Infelizmente aqui [no Brasil] isso não acontece com tanta frequência. Mas [espero] que a gente consiga manter a porta do diálogo aberta”, disse Lupion em coletiva de imprensa.

O professor de Agronegócio Global do INSPER, Marcos Jank, recordou a política comercial protecionista adotada pelos EUA na década de 1930, na qual o país elevou as tarifas de importação para até 60% sobre 20 mil produtos da época. Como consequência, houve retaliação global contra os Estados Unidos.

PUBLICIDADE

“O comércio mundial encolheu em dois terços, ou 66%, em função dessa espiral protecionista que foi criada entre 1929 e 1935 e que levou o mundo todo a uma recessão e, depois, à Segunda Guerra Mundial. O que precisamos fazer agora é tentar não deixar essa espiral protecionista se formar”, orientou em entrevista ao Agro Estadão.

A reportagem entrou em contato com as assessorias do Ministério da Fazenda, Itamaraty e Secretaria de Comunicação da Presidência da República, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.

Impactos da taxação para o agro brasileiro

Os EUA são o maior concorrente do Brasil na disputa de mercados internacionais, especialmente por compradores de commodities. Um dos maiores importadores é a China, principal alvo das taxações norte-americanas. “Essas posições mais fortes e incisivas do presidente americano nos abrem oportunidades ótimas para a negociação na Ásia e no Oriente. Mas eles podem chamar a China pra mesa e atrapalhar o jogo para nós”, avalia o presidente da FPA, Pedro Lupion. 

“É uma questão de tempo para termos algum tipo de tarifa ou posicionamento diverso do presidente americano. Na última vez que ele fez isso, a relação com o Brasil era outra e ele nos isentou de novas tarifas. Não sei se isso vai acontecer dessa vez”, complementa.

O professor de pós-graduação da Harven Agribusiness School, José Carlos de Lima Júnior, disse à reportagem que a política de taxação no governo Trump é imprevisível, com a possibilidade de novas tarifas sobre importações no futuro, o que pode impactar diretamente os produtos agrícolas brasileiros. No momento, porém, o principal impacto para o agronegócio está no frete marítimo, devido à dificuldade de precificação do real custo do transporte. 

“Essa situação é muito parecida com o que ocorreu no primeiro mandato do presidente Trump. O embate comercial que ele criou com a China naquele momento criou a base para que nós tivéssemos o início de uma disparada do frete marítimo”, ressalta.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

“Duro golpe”, diz Lupion sobre corte de 42% no orçamento do seguro rural

Agropolítica

“Duro golpe”, diz Lupion sobre corte de 42% no orçamento do seguro rural

Presidente da FPA também voltou a criticar a carga tributária sobre instrumentos de financiamento do setor

Israel, Coreia do Sul e Bolívia reabrem mercado à carne de frango do Brasil

Agropolítica

Israel, Coreia do Sul e Bolívia reabrem mercado à carne de frango do Brasil

Fim dos embargos ocorre após a autodeclaração do Brasil e a validação da OMSA de país livre de gripe aviária em granjas comerciais

OMSA reconhece Brasil como livre de gripe aviária em granjas comerciais

Agropolítica

OMSA reconhece Brasil como livre de gripe aviária em granjas comerciais

Adidos agrícolas já estão informando aos países fechados ao frango brasileiro; expectativa do setor é retomar os mercados gradativamente 

“O Plano Safra já está impactado”, diz secretário de Política Agrícola

Agropolítica

“O Plano Safra já está impactado”, diz secretário de Política Agrícola

Sobre o congelamento de R$ 445 milhões no orçamento do Seguro Rural, Guilherme Campos afirma que o orçamento deve ficar ainda “mais apertado” com a renegociação das dívidas dos produtores gaúchos 

PUBLICIDADE

Agropolítica

África do Sul retoma importações de frango brasileiro, mas mantém restrição ao RS

Com a mudança, segundo o Mapa, 21 países ainda mantêm embargo total, enquanto 20 aplicam restrições apenas ao estado

Agropolítica

Congresso aprova vetos relacionados à política energética brasileira 

Mudanças impactam o acesso ao Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e o marco legal das eólicas ‘offshore’

Agropolítica

“Autodeclaração é o primeiro passo”, diz secretário de Defesa Agropecuária do Mapa

Expectativa do Ministério é que países retomem as importações rapidamente

Agropolítica

CNC: governo credencia instituições financeiras interessadas em operar Funcafé

Segundo o CNC, a iniciativa tem como objetivo tornar viável a operacionalização dos recursos do fundo na safra 2025/26.

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.