Agro na COP30
Fim do uso de combustíveis fósseis ganha força na COP 30
Entidades do biodiesel lançam manifesto em apoio ao “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”
Daumildo Júnior* | Belém (PA) | daumildo.junior@estadao.com
20/11/2025 - 08:55

Apesar de não estar na pauta oficial de negociação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), o chamado “Mapa do Caminho” para o fim do uso dos combustíveis fósseis já tem apoio de mais de 80 países. Esse roteiro também repercutiu no setor de biocombustíveis, que faz coro à proposta brasileira.
Nesta quarta-feira, 19, durante uma visita à COP 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pedir que os países se mobilizem para chegarem a um acordo que preveja um caminho para o fim do uso dos combustíveis fósseis. O tema vem ganhando força depois que Lula fez um discurso de abertura da Cúpula do Clima indicando essa direção.
Já do lado do setor produtivo brasileiro, há apoio para a proposta prosperar tendo como uma das bases o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Fósseis”, ou também conhecido como “Belém 4x”. Essa ação prevê que a produção de combustíveis sustentáveis possa quadruplicar até 2035. A iniciativa integra a Agenda de Ação proposta pelo Brasil e já tem a adesão de pelo menos 23 países.
“Dentro do compromisso de quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis no mundo, os biocombustíveis talvez sejam o principal item desse processo e a gente tem um potencial muito grande de continuar esse desenvolvimento”, destacou o presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos.
Quem também endossou o plano de aumentar a produção de combustíveis sustentáveis foram a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio). As entidades emitiram, nessa quarta, 19, um manifesto de apoio ao biodiesel e afirmaram que o país tem credenciais para a liderança mundial da transição energética também graças a esse biocombustível.
“Não podemos incorporar as narrativas da indústria do petróleo”
No espaço da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na AgriZone, o dia também foi de debate sobre os biocombustíveis. O biodiesel foi um dos principais pontos e os representantes setoriais rebateram dois problemas que costumam ser associados ao biocombustível: incompatibilidade com os motores atuais e concorrência com a produção de alimentos.
Em um dos painéis, o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, disse ser preciso ter “sensibilidade” para não “cair” em informações erradas sobre o biodiesel. Um dos aspectos que ele ressaltou foi o rigor no processo de produção.
“No Brasil, o combustível com o maior rigor na especificação é o biodiesel. São 26 testes que cada indústria tem que realizar”, disse. E ainda acrescentou ao falar da formação de borras: “Não é o biodiesel que causa borra. Nós não podemos incorporar no nosso discurso as narrativas da indústria do petróleo”.
Em outro painel, o presidente da Abiove, André Nassar, destacou o papel do biodiesel como facilitador da produção de proteínas. Ele abordou a relação entre o crescimento da demanda por alimentos e da demanda por energia, e como isso influencia na dinâmica do preço dos alimentos.
“A demanda por alimentos cresce num nível inferior do que a demanda por matéria-prima agrícola para energia. Por que estou falando isso? Porque devido à demanda por energia, nós vamos substituir os combustíveis fósseis. Então, isso [valorização pela demanda aquecida], ao meu ver, é importante que volte ao produtor, porque na hora que estou remunerando melhor o negócio de energia, eu faço com que o preço caia no mercado de alimentos e continue naquele processo de baratear o preço dos alimentos”, afirmou.
*Jornalista viajou a convite da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e CropLife Brasil
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