PUBLICIDADE
Banner Topo Post Agro na COP10

Agro na COP30

Descarbonização da agropecuária pode custar até US$ 170 bi ao Brasil até 2050

Plano Safra aporta aproximadamente 40% do recursos anuais necessários, mas tem sido única fonte de recurso

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

09/10/2025 - 21:11

Agropecuária emitiu 480 milhões de toneladas de CO₂ em 2023, diz estudo. Foto: Adobe Stock
Agropecuária emitiu 480 milhões de toneladas de CO₂ em 2023, diz estudo. Foto: Adobe Stock

Um estudo projetou que a agropecuária brasileira precisaria de um montante entre US$ 120 bilhões e US$ 170 bilhões de investimentos até 2050 para ser net zero, ou seja, emitir a mesma quantidade de gases do efeito estufa que remove da atmosfera. Ainda conforme o levantamento, o volume de recursos viria não só de linhas recorrentes do Plano Safra mas também de fontes não recorrentes, como investimentos verdes estrangeiros. 

Os cálculos foram apresentados ao presidente da Conferência sobre o Clima (COP 30), André Corrêa do Lago, nesta quinta-feira, 09, em Brasília (DF). O estudo foi feito pela Coalização de Agricultura para Descarbonização que reúne 43 entidades e empresas do setor agropecuário. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Mantendo-se os investimentos como estão atualmente, há uma defasagem anual de US$ 4 bilhões anuais para fazer a transformação dos sistemas produtivos. Além disso, o estudo também mostra que o Plano Safra é a única de fonte de recursos capaz de iniciar os projetos e com maior flexibilidade de condições. Porém, os cerca de US$ 2,7 bilhões anuais em linhas subsidiadas, com essa finalidade, não são suficientes. 

“Esse investimento é muito mais para fazer o produtor aderir a técnicas e tecnologias em curto prazo, porque depois, com o aumento da saúde do solo, ele tem manutenção de produtividade e aumento de produtividade. Então, você trabalha isso nesse investimento em termos de curto prazo para dar mais rapidez no processo de transformação, porque depois a produtividade e produção se mantêm pelo próprio produtor”, ressaltou ao Agro Estadão a diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi e representante da Coalizão de Agricultura, Juliana Lopes.

Meios para chegar à descarbonização

Além dos recursos para fazer essa transição, o estudo também elencou 15 atividades e ações que fariam o Brasil chegar na descarbonização completa do setor. O número total de emissões de gases do efeito estufa do setor é estimado em 480 milhões de toneladas de carbono equivalente em 2023, conforme o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Além disso, esse volume de emissões não considera a mudança do uso da terra por desmatamento, já que se entende que isso não está no controle do setor, mas sim dos órgãos de fiscalização e dos governos. 

PUBLICIDADE

De acordo com o estudo, apenas cinco dessas iniciativas já seriam suficientes para reduzir essas emissões em aproximadamente 80%. “São as 5 alavancas que permitem a gente ter uma maior redução das emissões em menor prazo”, destacou Lopes. Essas alavancas são:

  • Sistema de plantio direto;
  • Sistema de plantio de cobertura;
  • Integração lavoura-pecuária-floresta;
  • Expansão de pastos com alto vigor;
  • Intensificação da produtividade do rebanho. 

Investimentos estrangeiros ainda são desafio

A entrega desses estudos foi um dos pedidos feitos pelo presidente da COP 30 ao setor empresarial. Por isso, a criação da Coalização de Agricultura foi coordenada pela enviada especial do setor empresarial para COP 30 e presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi. Um dos motivos para isso era buscar dados e informações que comprovassem que o Brasil é uma oportunidade de negócios relacionados às mudanças climáticas. 

O Brasil e o Azerbaijão, sedes das COP 29 e 30, ficaram responsáveis por apresentar uma espécie de roteiro para que os financiamentos em transição e adaptação climática cheguem a US$ 1,3 trilhão por ano a partir de 2025. Segundo André Côrrea do Lago, ainda há um desafio sobre isso, uma vez que os investimentos privados tem se concentrado em países já desenvolvidos e os investimentos públicos são escassos ou inexistentes em países em desenvolvimento.   

“Ainda há um desequilíbrio muito grande nessa parte financeira e, por outro lado, não tem tido recursos públicos suficientes para estimular essa mudança. Nós estamos botando os números como eles são, ou seja, é claro que precisa de mais recursos públicos, mas também é claro que precisa de muito mais recursos privados porque as proporções são complexas, porque dependendo do país em desenvolvimento, alguns dependem muito mais de um do que do outro”, afirmou Lago à jornalistas, após receber o estudo da Coalizão. 

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

COP 30 termina com Agro satisfeito, apesar de poucos avanços e problemas de representatividade

Agro na COP30

COP 30 termina com Agro satisfeito, apesar de poucos avanços e problemas de representatividade

Cresce entendimento de que sistemas agroalimentares terão papel importante na próxima COP, que será realizada na Turquia e presidida pela Austrália 

Seguradoras se preparam para cumprir normas socioambientais: como isso afeta o Seguro Rural?

Agro na COP30

Seguradoras se preparam para cumprir normas socioambientais: como isso afeta o Seguro Rural?

CNSeg lançou, durante a COP 30, plataforma de consulta que seguradoras poderão acessar antes de firmar contratos

Governo “dá sinais trocados” quando trata de Seguro Rural, avalia especialista

Agro na COP30

Governo “dá sinais trocados” quando trata de Seguro Rural, avalia especialista

Setor cobra mais previsão em orçamento, que atualmente pode ser contingenciado e tem gerado incerteza para seguradoras

ABPA defende atualização de bancos de dados internacionais sobre uso da terra

Agro na COP30

ABPA defende atualização de bancos de dados internacionais sobre uso da terra

Segundo o presidente da associação, Ricardo Santin, produtores brasileiros podem ser penalizados por informações antigas

PUBLICIDADE

Agro na COP30

O que é e como aderir ao Protocolo de Carne de Baixo Carbono

Lançado durante a COP, protocolo receberá adesões a partir do início do próximo ano; MBRF deve pagar bônus pela carne certificada

Agro na COP30

Entenda o que é a taxonomia sustentável

Instrumento define critérios científicos para atividades agrícolas e combate práticas de greenwashing

Agro na COP30

Fávaro descarta decisão “abrupta” e “impositiva” sobre o Plano Clima

Em entrevista exclusiva, ministro fala sobre as metas climáticas e crítica países que “não põem a mão no bolso” para bancar financiamento climático

Agro na COP30

Fim do uso de combustíveis fósseis ganha força na COP 30

Entidades do biodiesel lançam manifesto em apoio ao “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.