Tudo sobre AgroSP
Sensor que cabe na palma da mão diminui uso de água na irrigação em 6x
Tecnologia para irrigação desenvolvida pela Embrapa Instrumentação ganhou nova versão neste ano e continua sendo aprimorada
Igor Savenhago | São Paulo
04/12/2024 - 16:00
Um sensor de seis centímetros de comprimento por dois centímetros de diâmetro, que cabe na palma da mão, está permitindo a pequenos agricultores paulistas reduzir, em até seis vezes, o uso de água para irrigação na produção de frutas e hortaliças.
O IGstat vem sendo desenvolvido desde 2013 pela Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), em parceria com a empresa Tecnicer, e ganhou nova versão neste ano, com tecnologia aprimorada. Com ele, produtores familiares que cultivam morango, mamão, uva, mirtilo, banana, café, tomate, cebola, entre outros alimentos, conseguem diminuir de 240 para 40 o número de dias em que a irrigação é utilizada.
Carlos Vaz, pesquisador da Embrapa Instrumentação, explica que os componentes do sensor são de baixo custo, o que torna a tecnologia viável para a agricultura familiar – diferente de outros dispositivos encontrados no mercado, cuja maioria é importada e apresenta custo elevado. Outro benefício é tornar a irrigação eficiente mesmo em propriedades que não contam com o apoio de um agrônomo. “Nesses casos, o próprio sensor pode fazer o papel de um consultor”.
Com estrutura simples feita em cerâmica, o sensor tem, no centro, esferas de vidro, separadas umas das outras, para possibilitar uma porosidade específica, que pode ser adequada para cada tipo de cultura, além de duas mangueiras, para entrada e saída de ar.
Ele é colocado na profundidade das raízes das plantas, e, quando o solo está úmido, o ar não passa pelo dispositivo, mas, quando é identificada a necessidade de água, há uma diminuição na pressão das mangueiras, que ativa, de forma automática, o sistema de irrigação. Quando o nível de água chega ao ideal, o sistema é desligado automaticamente.
Patenteado no Brasil e nos Estados Unidos, o sensor passou por vários testes em um painel pneumático, desenvolvido pelos pesquisadores, capaz de medir conjuntos de dez sensores a cada vez, de maneira totalmente automática. O resultado é uma tecnologia que pode ser aplicada em uma variedade de extensões de terra, desde pequenos vasos até grandes áreas. “A tecnologia continua sendo aprimorada. Estamos agora trabalhando em sistema digital, voltado aos produtores mais tecnificados”, afirma Vaz.
Quem tem acesso ao sensor de irrigação
A comercialização do produto é feita pela Pitaya, startup que nasceu em 2019, também em São Carlos, especificamente para desenvolver um modelo de negócios para o sensor. A empresa é a única no mundo a manter um convênio com a Embrapa que autoriza a fabricação do equipamento.
Segundo Juliana Polizel, CEO da startup, mais de 600 sensores já foram experimentados em laboratório, estufas e a campo. Além de áreas paulistas, está presente em Minas Gerais, Pará e Rio Grande do Sul. Ela relata que os experimentos apontam para melhoria da qualidade do solo, o que se reflete em maior produtividade. “A gente só não foi ainda para áreas com pivô central, que são maiores. Estamos em áreas menores, de médios e pequenos prores. E, em todas elas, a Embrapa conseguiu demonstrar que houve ganhos de produtividade”.
Um dos agricultores que usam a tecnologia é Flávio Roberto Marchesin, proprietário do Sítio São João, em São Carlos, que é parceiro da Embrapa. Ele desenvolve cultivos agrícolas e projetos de educação ambiental. E o uso racional de recursos propiciado pelo sensor tem ajudado no processo de conscientização de estudantes que visitam o local para a importância dos cuidados com o meio ambiente.
Há dois anos, Marchesin plantou 400 pés de morango. Atualmente, são variedades adaptadas ao clima quente da região – sendo duas cedidas pela Embrapa. O sistema de irrigação por gotejamento funciona com reuso de água proveniente da piscicultura – outra das atividades do sítio – e permite que o agricultor não só colha frutos o ano todo, como otimize os custos.
“Além de usar menos água e energia, a água dos peixes garante 20% dos nutrientes que preciso para o morango. A solução é complementada com minerais como cálcio, ferro, manganês e potássio”. O morango é vendido diretamente aos consumidores. Com o sucesso nos negócios e o aumento que tem observado na demanda, ele pretende plantar mais 400 pés em 2025.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Tudo sobre AgroSP
1
Sem inclusão de novos itens, benefícios fiscais do agro paulista são renovados
2
Governo de SP lança linha de crédito de R$ 10 milhões para fruticultura
3
Produtores têm até 31 de dezembro para vacinar rebanho contra Brucelose em SP
4
Frigorífico de carne de jacarés em São Paulo agora tem SIF
5
Pesquisadores desenvolvem pesticida natural a partir da cúrcuma
6
Canaviais paulistas impulsionam pulverização com uso de Inteligência Artificial
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Tudo sobre AgroSP
Produtores de SP se preparam para exportar jabuticaba aos EUA
Família Fagan, que há mais de 50 anos produz jabuticaba, deve enviar duas toneladas da fruta congelada ao mercado norte-americano
Tudo sobre AgroSP
Exportações do agro paulista batem recorde de US$ 30,6 bilhões
Em 2024, os embarques do setor cresceram 6,8% e garantiram superávit de US$ 25 bilhões
Tudo sobre AgroSP
Aposta no cacau incentiva turismo rural e fabricação de chocolate no noroeste paulista
Produtores de Mendonça (SP) vão colher primeira safra de cacau neste ano e criaram rota do fruto
Tudo sobre AgroSP
Manual orienta produtores sobre registro de Indicação Geográfica
A obtenção do reconhecimento pode contribuir para a agregação de valor e aumento da competividade de produtos agrícolas locais
Tudo sobre AgroSP
Batata-doce de Presidente Prudente recebe certificação de Indicação Geográfica
Medida pode aumentar o valor do produto, em média, entre 20% e 50%
Tudo sobre AgroSP
Estímulo à produção de jatobá transforma economia do oeste paulista
Projeto Jatobá criado por professora gera emprego, renda e incentiva formação de rede de coletores de outras regiões do país
Tudo sobre AgroSP
Brucelose: fêmeas de três a oito meses devem ser vacinadas até 30 de junho
Declaração de vacinação deverá ser feita pelos veterinários e animais podem ser identificados por brincos e não mais por marcação a fogo
Tudo sobre AgroSP
Canaviais paulistas impulsionam pulverização com uso de Inteligência Artificial
Usinas sucroenergéticas e produtores de cana aumentam procura pelo serviço que ajuda a reduzir custos na pulverização