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Agropolítica

Câmara aprova projeto que flexibiliza licenciamento ambiental

Atividades agrícolas ficam livres de licenciamento ambiental se estiverem em dia com o CAR ou com compromisso de regularização da vegetação

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Broadcast Agro

17/07/2025 - 09:13

Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados
Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira, 17, um projeto de lei que institui o novo licenciamento ambiental no Brasil. O texto-base teve 267 votos favoráveis e 116 contrários. Já a redação final passou com 231 votos a 87. A matéria, que nasceu na Câmara em 2004, já havia sido aprovada pelo Senado e foi encaminhada para sanção presidencial.

O Ministério do Meio Ambiente é contrário à proposta, e deputados aliados do governo intitularam o texto de “PL da Devastação”. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), orientou a bancada contra o projeto. No plenário, o deputado lamentou a falta de um acordo, mas disse que a questão não representa “o fim do mundo”.

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“Lutei muito para que nós fizéssemos o diálogo e o debate e a votação fosse remetida para a primeira quinzena de agosto”, declarou. “Não foi possível. Também não entendo isso como sendo o fim do mundo. O Parlamento é democrático, mas eu devo informar que a posição do governo é contrária. Por pouco não fizemos um acordo, mas vida que segue.”

Já o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetará o projeto. “Hoje foi um dia de vitórias. IOF, várias decisões importantes. Amanhã será um outro dia de vitória, porque o Brasil não é isso”, declarou. “E aos senhores que disseram que nós iríamos entrar no STF, não. Vai ter o presidente Lula, e o presidente Lula com certeza vai vetar esse PL da devastação”.

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Rodrigo Agostinho, também esteve presente na sessão para conversar com deputados. Ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, ele afirmou ter identificado cerca de 40 pontos problemáticos no projeto e elencou como o mais preocupante a possibilidade de licença ambiental autodeclaratória. De acordo com Agostinho, 90% das atividades industriais terão licenças nessa modalidade. Além disso, o presidente do Ibama afirmou que parte expressiva das barragens no Brasil é considerada de médio porte e impacto e, portanto, entrará no rol.

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Ao fim da votação, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que o relator do projeto, Zé Vitor (PL-MG), consultou primeiramente a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Motta também disse que Vitor incorporou 70% dos pedidos do governo a partir de conversas com os ministérios da Agricultura, de Minas e Energia, dos Transportes e da Casa Civil. Segundo o presidente da Câmara, o relator demonstrou “bom interesse com o debate e com o diálogo na busca de uma convergência”. Além disso, Motta afirmou que “até o último momento, antes de trazermos a matéria ao plenário, nós buscamos negociar com o governo”.

Veja os principais pontos do projeto:

Mineração fora de disposições do Conama

O projeto aprovado na Câmara retira a prevalência das disposições do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para os licenciamentos de atividades ou de empreendimentos minerários de grande porte e/ou de alto risco. Dessa forma, o setor passa a seguir o que está previsto na nova lei de licenciamento.

Cria a Licença Ambiental Especial (LAE)

Elaborada no Senado, a LAE constitui um procedimento monofásico para a obtenção de uma licença, ou seja, um rito único com todas as etapas e previsão de prioridade para a emissão de anuências necessárias ao licenciamento. A licença especial se dará para projetos previamente listados pelo Executivo. O processo deve respeitar o prazo de um ano. Na prática, a nova categoria servirá, por exemplo, para destravar a prospecção de petróleo pela Petrobras na Foz do Amazonas, bandeira do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e de boa parte da bancada da região Norte no Congresso.

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Nacionaliza a Licença Ambiental por Compromisso (LAC)

Existente em alguns Estados, a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC) permite que o solicitante encaminhe pela internet a documentação exigida em lei para a avaliação da atividade sob o parâmetro ambiental. A nova lei de licenciamento prevê que o LAC pode ocorrer se forem atendidas quando a atividade ou o empreendimento for de pequeno ou de médio porte e, simultaneamente, de baixo ou médio potencial poluidor.

Cria a Licença Ambiental Única (LAU)

O projeto cria a modalidade de licença que, em uma única etapa, atesta a viabilidade da instalação, da ampliação e da operação de atividade ou de empreendimento, aprova as ações de controle e monitoramento ambiental e estabelece condicionantes ambientais para a sua instalação e operação e, quando necessário, para a sua desativação.

Permite renovação automática de licença online

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O texto permite a renovação automática da licença ambiental para a atividade ou de empreendimento caracterizado como de baixo ou médio potencial poluidor e pequeno ou médio porte. A licença poderá ser renovada por igual período, a partir de declaração eletrônica do empreendedor que atende o atendimento de algumas exigências: não tenham sido alterados o porte da atividade ou do empreendimento, nem as suas as características; não tenha sido alterada a legislação ambiental aplicável à atividade ou ao empreendimento; tenham sido cumpridas as condicionantes ambientais aplicáveis ou, se ainda em curso, estejam sendo cumpridas conforme o cronograma aprovado pela autoridade licenciadora.

Retira necessidade de licenciamento para atividades agropecuárias

O projeto estabelece que não estão sujeitos a licenciamento ambiental as atividades de: cultivo de espécies de interesse agrícola, temporárias, semiperenes e perenes; pecuária extensiva e semi-intensiva; pecuária intensiva de pequeno porte; pesquisa de natureza agropecuária, que não implique risco biológico e com autorização prévia de órgãos competentes. Para se livrarem do licenciamento, basta que o imóvel esteja regular com registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou tenha firmado termo de compromisso próprio para a regularização de déficit de vegetação em reserva legal ou em área de preservação permanente.

Dispensa licenciamento para obras de saneamento

O projeto dispensa do licenciamento ambiental as obras para os sistemas e as estações de tratamento de água e de esgoto sanitário, até o atingimento das metas de universalização da Lei do Saneamento Básico. Também prevê que a autoridade ambiental competente deve assegurar procedimentos simplificados e prioridade na análise para o licenciamento ambiental de projetos relacionados ao saneamento e à segurança energética nacional, desde que previstos e contratados no planejamento e nas políticas energéticas nacionais.

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Institui prazos para órgãos ambientais efetuarem licenciamentos

O projeto prevê o prazo de 10 meses para a licença prévia mediante apresentação de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima); seis meses para a licença prévia em projetos que têm previsão legal para apresentar estudo simplificado; três meses para Licença de Instalação (LI), Licença de Operação (LO), Licença por Adesão e Compromisso (LAC) e Licença de Operação Corretiva (LOC); e quatro meses para licenças pelo procedimento bifásico em que não se exija EIA. Além disso, prevê o prazo de 30 dias e prorrogação por 15 dias para que as autoridades envolvidas se manifestem sobre o Termo de Referência (TR), a partir do recebimento de solicitação da autoridade licenciadora.

Aumenta pena para operação sem licença

O projeto estipula pena de seis meses a dois anos, ou multa, para quem construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais. Nas regras vigentes anteriormente, a pena prevista é de detenção de um a seis meses.

Derruba artigo sobre ações imediatas a desastres

O relator acatou uma emenda que derruba um artigo que previa que, em caso de situação de emergência ou de estado de calamidade pública, ações de resposta imediata ao desastre poderiam ser executadas independentemente de licenciamento ambiental.

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