Agropolítica

Ministério da Agricultura quer implementar o Custeio Sustentável no Plano Safra

Ideia é oferecer juros mais baratos para produtores que adotarem medidas sustentáveis

3 minutos de leitura

17/04/2024

Por: Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadão.com

Mão segurando soja
Foto: Adobe Stock

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) pretende implementar no próximo Plano Safra 2024/2025 o Custeio Sustentável. Basicamente, os produtores que já tiverem requisitos de sustentabilidade na produção, como o uso de bioinsumos e certificações trabalhistas, terão taxas de juros melhores na modalidade de custeio. A iniciativa foi adiantada pelo assessor especial do Mapa, Carlos Ernesto Augustin, durante um dos painéis da conferência internacional “50 anos da relação Brasil-China: cooperação para um mundo sustentável”. O evento ocorreu na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília (DF), nesta quarta, 17.

“Nós este ano, queremos inaugurar o que não deu pra fazer o ano passado que nós chamamos de Custeio Sustentável. Começar a levar o agricultor para ele ter taxas melhores para cada quesito que vier a performar: tipo cobertura morta, tipo uso dos bioinsumos, certificação trabalhista, rastreabilidade”, disse.

Os detalhes, como a porcentagem que cada medida sustentável deve influenciar nos juros, não foram tratados pelo assessor que disse ao Agro Estadão que a iniciativa ainda está em construção. O Mapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outras pastas do Executivo Federal ainda precisam definir os parâmetros. A ideia, segundo Augustin, é que seja fácil para o produtor rural comprovar as medidas sustentáveis já adotadas na propriedade.

Relação Brasil-China

No debate sobre o agronegócio que ocorreu durante o evento, o assessor ressaltou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD). Ele coordena as ações do programa e voltou a defender “dinheiro barato” para se financiar as recuperações de áreas de pastagem degradadas. A ideia do governo é contar com investimentos vindos de fora do país ou da iniciativa privada brasileira, mas que cobrem juros baixos. 

“Podemos dobrar a área com sustentabilidade? Sim, podemos. O que falta pra gente dobrar essa área? O que falta é dinheiro barato. Tendo dinheiro barato, o mundo precisa de alimento, a China precisa, e nós estamos aqui para fazer. É só arrumar dinheiro barato que a gente faz”, disse Augustin.

A diplomata brasileira, Letícia Frazão, presente no encontro e que trabalha na Embaixada do Brasil em Pequim, disse que há um discurso crescente das autoridades chinesas para uma autossuficiência de alimentos e pela segurança alimentar da população da China. No entanto, o país asiático esbarra no desafio de aumentar a produção sem ter mais áreas agricultáveis. 

Segundo ela, o discurso chinês e a realidade das terras não devem preocupar e nem relaxar o produtor brasileiro, que deve buscar diversificar as ofertas de produto mas também investir em novos mercados. “A China tem feito um esforço muito grande de diversificar passivos, como milho e a carne bovina, dois produtos que cresceram as exportações para o país asiático” afirmou.

A diretora do Instituto de Economia Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), Dan Shi, também defendeu a diversificação de produtos durante o evento. “O Brasil, para garantir essa segurança alimentar, também  tem que buscar constantemente essa diversificação, não depender somente de um produto. Essa é uma elevação de qualidade do Brasil”, acrescentou.

Já a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, disse que além da diversificação da pauta de exportação para a China, também é necessário ampliar quem exporta. 

“É uma preocupação geral quando a gente fala de agroexportador, de pauta e de destino. Se a gente fala de destino fica mais claro ainda. Mas ela passa por dois desafios: abertura de mercado e o aumento da base exportadora”, finalizou.  

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