Agropolítica
Brasil não pode ficar refém da relação com EUA, afirma ministro da Agricultura
Carlos Fávaro disse ter "quase convicção" de que algumas declarações e posições de Trump tendem a ficar restritas ao período eleitoral

Broadcast Agro
07/11/2024 - 14:37

Brasília, 7 – O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil tem de respeitar a posição mais protecionista do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, mas que não deve ficar refém dessa relação. “Ele fez uma campanha numa plataforma mais protecionista. Queremos ter relações comerciais com toda a América do Sul, com os Estados Unidos, com a Europa, mas também não precisamos ficar reféns dessa situação. O fortalecimento do Brics e o fortalecimento dos países do Sul Global são fundamentais para ampliarmos as nossas negociações”, disse Favaro a jornalistas no Uruguai, onde cumpriu agenda na quarta-feira, 6.
Ele afirmou ter “quase convicção” de que algumas declarações e posições de Trump tendem a ficar restritas ao período eleitoral. “A eleição talvez se exacerbe algumas manifestações, mas a realidade governando é outra. Por isso, eu tenho certeza que os Estados Unidos continuarão tendo um protagonismo importante para o mundo, para a América Latina, para a Ásia e para o Oriente Médio na nova gestão de Donald Trump”, observou.
Para Fávaro, uma ampliação das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com os países do Sul Global “supera qualquer protecionismo” a ser adotado por outros países. “Neste Sul Global, temos grande densidade populacional com Índia, China, Japão, toda a Ásia, além de todo o Oriente Médio com países com muitos recursos. E temos a América do Sul com grande densidade populacional e países bem estabilizados”, ponderou o ministro.
Diálogo com UE
O ministro Fávaro, voltou a afirmar que vê necessidade de a União Europeia (UE) “despertar” para maior diálogo com países de fora do bloco. “O tempo dos países colonizadores ficou para trás. Nós queremos ter uma excelente relação com a comunidade europeia, defendemos a formalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, mas que isso seja feito de forma respeitosa e que garanta a soberania de todos os países”, disse.
Para o ministro, tanto no acordo entre os blocos quanto em outras políticas públicas medidas unilaterais e de transgressão da soberania nacional não serão bem-sucedidas. “Vejo com bons olhos a manifestação positiva da Unidade Europeia em voltar a discutir o tema da lei antidesmatamento, uma legislação aprovada de forma unilateral, desrespeitosa e transgredindo a soberania dos nossos países”, criticou Favaro. “Mas só o fato de eles concordarem em rediscutir é a consciência de que avançaram demais”, acrescentou.
O Brasil, apoiado pelos demais países da América do Sul, pediu à Comissão Europeia a prorrogação e revisão da nova lei ambiental do bloco, que proíbe a importação de commodities ligadas a desmatamento a partir de dezembro de 2020. O adiamento da entrada em vigor da lei, previsto para 31 de dezembro, depende ainda da validação do Conselho e do Parlamento Europeu.
Fávaro afirmou que a contrariedade do Brasil em relação à lei europeia não se deve “à falta de respeito ao meio ambiente ou práticas sustentáveis na produção”. “Queremos e já estamos com várias políticas de boas práticas de sustentabilidade em todos os nossos países (da América do Sul), mas queremos discutir com eles sentados à mesa e não sendo de cima para baixo, de forma unilateral”, ponderou.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Lula quer encerrar 20 anos de negociações e abrir mercado da carne bovina para Japão
2
“As medidas do presidente Trump basicamente pegam o livro de regras da OMC e jogam no lixo”, diz Roberto Azevêdo
3
PL da Reciprocidade é aprovado na Câmara em tramitação que durou um dia
4
Vietnã abre mercado de carne bovina para Brasil
5
Brasil pretende instituir protocolo de sustentabilidade com chineses e criar ‘Soja China’
6
Lula anuncia assinatura de 10 acordos de cooperação com o Japão

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Agropolítica
Comissão de Agricultura convida Fávaro para explicar ações do MST, inflação e crise do agro gaúcho
Segundo dados da CNA, invasões de terras registradas nesses primeiros meses de 2025 já superam as de todo o ano passado

Agropolítica
Comissário da UE diz esperar finalizar acordo com Mercosul em breve
O comissão avalia que ascensão do governo Trump motiva busca de outras oportunidades no comércio internacional

Agropolítica
Haddad e lideranças gaúchas se reúnem para discutir suspensão de dívidas rurais
Encontro nesta quarta-feira reúne titular da Fazenda, governador e parlamentares gaúchos para discutir renegociação das dívidas rurais

Agropolítica
Lula diz não ter preferência entre EUA e China: "Eu quero vender e comprar"
Em entrevista nesta terça-feira, Lula lamentou protecionismo de Trump, que, segundo ele, é contrário às tendências do comércio mundial
Agropolítica
Chile reconhece Paraná como livre de febre aftosa sem vacinação para carne suína
Anúncio feito pelo Mapa abre portas para expansão comercial, enquanto Brasil avança em negociações com China, Vietnã e Japão
Agropolítica
BRICS têm nova agenda agrícola com foco em sustentabilidade e segurança alimentar
Declaração Ministerial reúne compromissos para restaurar terras degradadas e ampliar o comércio agrícola sustentável entre os 11 países do bloco
Agropolítica
Decreto amplia fiscalização sobre biodiesel comercializado por distribuidoras
Medida estabelece que a meta individual a ser cumprida pelos distribuidores em seu primeiro ano de atuação será fixada pela ANP
Agropolítica
Declaração dos ministros da Agricultura dos BRICS deve dar ênfase à certificação eletrônica
Reunião ministerial será nesta quinta-feira, 17, em Brasília (DF) e servirá como preparação para Cúpula dos Líderes do bloco