PUBLICIDADE
Oferecimento:

Tudo sobre AgroSP

São Paulo terá centro para processamento de lúpulo

Objetivo é fomentar a criação de um mercado para o produto nacional; 99% do lúpulo usado pelas cervejarias brasileiras é importado

Nome Colunistas

Igor Savenhago | Ribeirão Preto (SP)

15/05/2025 - 07:51

Foto: Lúpulo Guarani/Divulgação
Foto: Lúpulo Guarani/Divulgação

Com um hectare plantado com lúpulo, a propriedade do casal Luciana Andréa Pereira e Isidro Ybarzabal Pons, em Araraquara (SP), se prepara para receber um centro para o processamento do produto. O empreendimento, uma parceria com o governo de São Paulo, será inaugurado no início de agosto e terá capacidade para beneficiar até uma tonelada por dia. 

A proposta é que o centro ajude a desenvolver a cadeia produtiva na região e contribua para criar um mercado do lúpulo brasileiro. Atualmente, 99% dessa matéria-prima, usada principalmente para a produção de cervejas, é importada pelo nosso país. 

A parceria com o governo paulista veio com o Programa SP Produz, que busca fortalecer cadeias produtivas locais (CPL), por meio do incentivo à auto-organização de aglomerações produtivas setoriais, e, com isso, promover desenvolvimento econômico em diversas regiões paulistas, para reduzir as desigualdades entre elas. 

O programa certificou o lúpulo de Araraquara com um selo de reconhecimento. Com isso, o estado vai fornecer os equipamentos necessários para a montagem do centro de processamento na área do casal, que, por sua vez, vai estabelecer um processo de governança para coordenar a atuação de 45 agentes envolvidos com a cadeia do lúpulo: universidades, produtores, agrônomos, empresas de insumos, indústria e comércio. 

Entre as metas, está estimular a abertura de novas áreas de produção na região e oferecer apoio a assentamentos, para que apostem no produto visando à geração de renda. Os pretendentes ao cultivo já têm, juntos, 15 hectares disponíveis.

PUBLICIDADE

“Com a CPL, temos engenheiros agrônomos e estamos redigindo um manual de boas práticas para o plantio. Um dos propósitos é estender para os assentados, mas buscando dar um suporte agronômico, repassar toda a experiência do plantio de lúpulo aqui na nossa região e, é claro, oferecer infraestrutura — que não é barata. Mas, com a ampliação do cultivo, o objetivo é mitigar esse valor”, afirma Luciana. 

Colheita e início dos trabalhos

A inauguração será nos dias 1º e 2 de agosto, durante a Festa da Colheita, que será realizada pelo terceiro ano seguido na propriedade. Estão previstas palestras, com distribuição do manual de boas práticas, visitas à plantação e degustação de cervejas — inclusive a Ópera Guarani, que leva a marca Lúpulo Guarani, criada pelo casal. Recentemente, a empresa colocou no mercado, também, uma água saborizada com lúpulo e prepara o lançamento de mais uma cerveja. 

Isidro explica que o processamento do lúpulo é dividido em três fases principais. Após a colheita, o produto passa por uma máquina peladora, que retira os cones — parte feminina da planta, usada para a produção de cerveja — dos galhos. Em seguida, os cones seguem para uma secadora e, finalmente, para uma peletizadora, que condensa a matéria-prima em pellets — forma como é usada pela indústria cervejeira. Os pellets são acondicionados em câmara fria, já que estragariam facilmente em temperatura ambiente.   

Da cana ao lúpulo

lúpulo
Empresa de Araraquara produz água saborizada com lúpulo. Foto: Lúpulo Guarani/Divulgação

A família de Luciana é tradicional no cultivo da cana-de-açúcar. O lúpulo chegou por meio de um tio, pesquisador, que projeta um crescimento expressivo para o mercado brasileiro. Primeiro, devido ao alto consumo de cerveja. O Brasil ocupa a terceira colocação no ranking mundial, atrás somente de Estados Unidos e China. São cerca de 16 bilhões de litros segundo a pesquisa Consumer Insights de 2022. Depois porque 99% do lúpulo usado pela indústria no Brasil vem de fora. E, em terceiro lugar, porque a planta, uma trepadeira da família da Cannabis, se adaptou bem ao clima tropical. 

Para isso, foram necessárias algumas adequações, já que ele é nativo de regiões do hemisfério norte, de clima temperado. Um dos pioneiros nas pesquisas foi o engenheiro agrônomo Renan Furlan, que concluiu o Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas na Unesp, em Jaboticabal, sendo orientado pela professora Leila Trevisan. 

Ele se concentrou no desenvolvimento de novas cultivares, adaptadas ao clima brasileiro. E, pelo trabalho, recebeu, em 2018, um prêmio da maior empresa da cadeia produtiva do lúpulo no planeta: a Barth Haas Grant. Uma das vantagens, segundo ele, em estabelecer um mercado doméstico, é manter o frescor do produto, já que as cargas de importados podem ter sido colhidas até dois anos antes da chegada ao Brasil. 

Ainda conforme o agrônomo, os custos iniciais para aderir à cultura costumam ser onerosos, mas os produtores podem colher até três safras por ano, tornando a rentabilidade do cultivo atraente e com grande potencial de expansão. 

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

São Paulo reduz focos de incêndio em 51% em julho

Tudo sobre AgroSP

São Paulo reduz focos de incêndio em 51% em julho

Segundo dados do Inpe, resultado também ficou abaixo da média histórica para o mês

Entrave no Consecana-SP permanece e nova precificação é adiada

Tudo sobre AgroSP

Entrave no Consecana-SP permanece e nova precificação é adiada

Enquanto aguarda nova reunião, setor de cana enfrenta cenário de incertezas e impactos no planejamento da safra

Impasse entre indústria e produtores trava revisão do Consecana-SP

Tudo sobre AgroSP

Impasse entre indústria e produtores trava revisão do Consecana-SP

Unica e Orplana trocaram acusações públicas às vésperas da assembleia sobre a nova metodologia de precificação da cana-de-açúcar

Faesp pede que alíquota de importação da borracha natural seja mantida

Tudo sobre AgroSP

Faesp pede que alíquota de importação da borracha natural seja mantida

Tarifa de 10,8% pode cair para 3,2% e incentivar entrada de borracha asiática no Brasil, o que afetaria competividade do produto brasileiro

PUBLICIDADE

Tudo sobre AgroSP

Cientistas criam bioplástico mais resistente com resíduos de laranja

Pesquisa desenvolvida em SP aponta caminhos para aproveitar descarte da indústria da laranja e reduzir dependência de plásticos derivados de petróleo

Tudo sobre AgroSP

Vazio sanitário do algodão em SP começa nesta sexta-feira, 1º

Objetivo é realizar o controle fitossanitário do bicudo-do-algodoeiro, praga que pode diminuir drasticamente a produtividade

Tudo sobre AgroSP

Drones que batem asas? Pássaros inspiram pesquisa em SP

Projeto visa entregar, até 2028, processos de engenharia que permitam reproduzir movimentos de aves encontradas na fauna brasileira

Tudo sobre AgroSP

Polinização pode gerar R$ 4,2 bilhões ao agro paulista

Estudo premiado da Semil em parceria com a USP mostra como recuperação da vegetação nativa pode aumentar a produtividade de lavouras como soja, laranja e café

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.