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Entrave no Consecana-SP permanece e nova precificação é adiada

Enquanto aguarda nova reunião, setor de cana enfrenta cenário de incertezas e impactos no planejamento da safra

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

14/08/2025 - 14:45

Sem nova metodologia, o preço do quilo do ATR em São Paulo segue com o valor de março. | Foto: Adobe Stock
Sem nova metodologia, o preço do quilo do ATR em São Paulo segue com o valor de março. | Foto: Adobe Stock

A revisão da diretoria do Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo (Consecana-SP) segue indefinida. Conforme o Agro Estadão noticiou, um impasse entre a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) e a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) está travando a aprovação da nova metodologia de precificação do setor paulista. 

Representantes da Orplana e Unica — entidades associadas fundadoras — participaram da Assembleia Geral Extraordinária do Consecana-SP no dia 11 de agosto. Porém, por falta de consenso, uma nova reunião para eleição dos membros do Consecana-SP foi agendada.

“Uma nova reunião foi marcada para o dia 11 de setembro para eleição dos membros do Consecana-SP. Ainda sem um acordo formal, mas com a Orplana para assinar a revisão”, informou a Orplana, ao Agro Estadão, por meio de sua assessoria de imprensa. 

À reportagem, a Unica confirmou que, ‘de fato, está marcada uma nova assembleia do Consecana-SP para definir a diretoria’. “A Unica continua aberta ao diálogo e mantém o compromisso com transparência, boa governança e valorização de toda a cadeia da cana”, disse, também através da assessoria de imprensa. 

Nesta semana, durante participação em painel na 31ª Fenasucro & Agrocana, o presidente da Orplana, José Guilherme Nogueira mencionou a necessidade de respeito às instituições que representam tanto os canavicultores quanto a indústria. “Sem dúvida nenhuma não existe indústria sem produção. É preciso destacar a relevância do produtor. A única coisa que nós, que defendemos os interesses do produtor, pedimos é o respeito às instituições”, disse. “Vamos sempre fazer o que foi acertado, combinado e assinado. Vamos resolver de mãos dadas, com o objetivo de garantir segurança para todos”, complementou. 

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Sem atualização

Sem a nova metodologia, o preço do quilo do ATR — indicador que representa a qualidade da cana —, em São Paulo, segue com o valor de março: R$ 1,24 mensal e R$ 1,19 acumulado. Para Marcelo Di Bonifácio Filho, analista de inteligência de mercado da StoneX, o cenário é de insegurança jurídica. 

Segundo ele, neste primeiro momento, os principais afetados pela falta de definição são os produtores que vendem cana para as usinas, pois sem a revisão do Consecana-SP, eles ficam sem um indicador oficial atualizado para balizar contratos e negociações. “Existem contratos em que o preço do produto derivado da cana é fixo, mas também tem contratos em que o valor varia de acordo com o custo da matéria-prima. Nesse caso, essa indefinição acaba impactando diretamente”, explica, ressaltando que, por ora, não se tem relatos de problemas generalizados.

O especialista alerta ainda que, sem a revisão, há risco de desalinhamento entre o valor real de mercado e o preço pago ao agricultor, podendo gerar distorções na cadeia. No médio prazo, a oferta de cana para as usinas pode ser impactada. “Quanto mais tempo levar para resolver, maior a incerteza para quem está no campo”, indica. 

Outro aspecto apontado por Bonifácio é o efeito na tomada de decisão. De acordo com o analista, o indicador não é apenas uma referência de preço, ele influencia diretamente a forma como produtores planejam a safra. “Por exemplo, os produtores que estão agora decidindo se plantam cana ou soja em algumas regiões de São Paulo, vão precisar saber como está esse indicador. Então, é algo que realmente precisa ter resolução o mais rápido possível”, afirma.

Entenda o caso

Criado há mais de 20 anos, o Consecana-SP é um modelo de governança entre a indústria — representada pela Unica — e os produtores rurais — representados pela Orplana. 

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Segundo o estatuto, o Conselho tem por finalidade ‘zelar pelo relacionamento da cadeia produtiva da agroindústria canavieira do Estado de São Paulo, conjugando esforços de todos aqueles que desta participam, desde o plantio da cana até a venda dos produtos finais’.

No entanto, uma divergência entre as entidades quanto a composição da diretoria do está paralisando a revisão da metodologia de precificação da cana paulista, que desde 2023 está em processo de atualização. Um estudo encomendado à FGV Agro foi já foi concluído e entregue em abril de 2025 ao Consecana-SP, porém, a aplicação aguarda a eleição dos novos membros da diretoria.  

O clima entre as entidades fundadoras se acirrou no fim de julho, às vésperas da Assembleia Geral de agosto, quando a Unica divulgou nota pública lamentando ‘a ausência de consenso’ e criticando a postura da Orplana durante reunião anterior. Dias depois, a Orplana respondeu afirmando ter sido surpreendida com a publicação, já que havia sido acordado um comunicado conjunto, além de acusar a Unica de se ausentar das reuniões da diretoria desde abril, o que teria dificultado o diálogo.

Em sua posição, a Unica defende a renovação completa dos cargos como forma de restabelecer ‘um ambiente de governança equilibrado, transparente e produtivo’. A Orplana, por sua vez, vê na proposta uma tentativa de ‘interferência e submissão’ incompatível com o caráter paritário do conselho.

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