PUBLICIDADE

Sustentabilidade

Safra de cana-de-açúcar no Centro-Oeste paulista pode cair 20% após incêndios

Municípios afetados por incêndios em São Paulo deve chegar a 200, estima governo estadual; 3,8 mil propriedades rurais tiveram prejuízos

Nome Colunistas

Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com | Atualizada às 18h21

26/08/2024 - 16:17

Fogo consumiu lavouras em Sertãozinho. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Fogo consumiu lavouras em Sertãozinho. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O produtor de cana-de-açúcar Mario Pelegrini conta que ele e o pai, de 71 anos, nunca tinham passado por incêndios como os do último fim de semana, no interior de São Paulo. O fogo destruiu 50 hectares da lavoura em Olímpia e deixou a incerteza sobre a próxima safra. 

“Não sei se vai brotar. tem que chover pra ver se vai brotar ou não. Mas eu acredito que uns 30% da safra que vem vai perder”, conta Pelegrini ao Agro Estadão. Ele diz que conseguiu salvar a seringueira “na marra” porque usou um tanque de água. Mas a lavoura que já tinha brotado foi perdida. “Foi feio demais, demais… o fogo veio de longe, de 30 km, veio queimando tudo, foi coisa absurda”, lembra. 

Na região Centro-Oeste de São Paulo, entre 30% e 40% das lavouras de cana-de-açúcar foram atingidas pelos incêndios, segundo levantamento da Canaoeste. A associação reúne 2.500 produtores e uma área de 100 mil hectares. 

Como consequência, a Canaoeste estima redução em torno de 20% na safra deste ano, que era projetada em 8 milhões de toneladas. Para o ano que vem, a queda de produtividade também é esperada.

“Tem produtor que tinha acabado de fazer o trato de cultivo e perdeu 100% de adubo, tem produtores que não sabem se ano que vem vai ter cana, porque o fogo atingiu o sistema radicular e, então, aquela soqueira não vai mais brotar”, conta Almir Torcato, diretor-executivo Canaoeste e membro do Conselho da Orplana. Segundo ele, a Canaoeste está com 15 agrônomos em campo para rastrear as consequências.

PUBLICIDADE

Já a Orplana – que reúne 20 associações em São Paulo e 33 no Brasil – estimou um prejuízo inicial de R$ 350 milhões e 60 mil hectares de lavouras queimadas. Mas na tarde desta segunda-feira, 26, a área afetada já teria superado os 70 mil hectares. 

Governo de São Paulo estima que 200 municípios foram afetados

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo divulgou, na tarde desta segunda-feira, um levantamento sobre os prejuízos causados pelo fogo. Em nota, a SAA diz que 3.837 propriedades rurais em 144 municípios foram afetados até o momento. Em vídeo, o secretário Guilherme Piai afirma que os dados são preliminares e que esses números devem chegar a cinco mil propriedades e 200 municípios. Confira o vídeo abaixo:

Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, acredita que cinco mil propriedades foram afetadas por incêndios.

O prejuízo inicial estimado para o agronegócio paulista é de R$ 1 bilhão. Além da cana-de-açúcar, outras cadeias produtivas foram impactadas, como a bovinocultura, fruticultura, heveicultura (cultivo da seringueira) e apicultura. 

O governo estadual disponibilizou R$ 110 milhões para os produtores afetados, sendo R$ 10 milhões como custeio emergencial para a recuperação das propriedades. Os R$ 100 milhões são subsídio para o seguro rural. O Secretário de Agricultura esclarece que é preciso preencher um Termo Circunstanciado (no site da SAA ou nas Casas de Agricultura) para ter acesso às medidas de ajuda, como casas para quem perdeu a moradia. 

“Esse termo gera segurança jurídica para que órgãos ambientais não multem os nossos produtores que foram vítimas de incêndios. O agronegócio foi vítima do que aconteceu, foi o mais prejudicado e o que mais ajudou o governo de São Paulo a combater esses incêndios”, diz Piai em vídeo.

PUBLICIDADE

Para o agronegócio paulista, incêndios foram criminosos 

O diretor-executivo da Canaoeste explica que os associados utilizam imagens de satélite para monitorar focos de incêndio e um sistema interno chamado “Plano de Auxílio Mútuo”, em que os produtores ajudam uns aos outros no combate às chamas quando detectam algum foco. 

Mas no caso do fim de semana, foram muitos chamados. “O evento foi tão absurdo que se você ouve os áudios no sistema… é estarrecedor! Produtor pedindo socorro, pedindo ajuda para evacuar casa, família”, conta Torcato . 

De acordo com os relatos e o sistema de monitoramento por satélite da Canaoeste, a cada 1 km havia um foco de incêndio. O diretor lembra que, normalmente, o fogo vai se alastrando e criando novos focos, um perto do outro. Por isso, existe a suspeita de que os incêndios foram provocados pela ação humana.

 “Havia condições climáticas para o fenômeno, sim, mas a maneira como aconteceu nunca se viu, foi algo sem precedentes. Foram focos pontuais distantes uns dos outros, é muito difícil dizer que não teve interferência humana. Qual seria a motivação para fazer isso? Não consigo identificar um motivo, a não ser vandalismo”, avalia o diretor.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) orienta que os produtores rurais devem registrar Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e encaminhar fotos e vídeos para ajudar nas investigações. Até esta segunda, 26, três pessoas haviam sido presas suspeitas de provocar focos de incêndio, segundo o governo paulista.

PUBLICIDADE

“Isso foi um ato criminoso, a gente precisa levantar quem fez, porque tivemos perdas da fauna, da flora” diz o presidente da FAESP ao Agro Estadão. Tirso Meirelles afirma que o SENAR está visitando as propriedades para verificar as necessidades de cada um. 

“Hoje estamos fazendo o mesmo modelo que o SENAR nacional fez com o Rio Grande do Sul. Para que a gente possa fazer um plano de negócios[…] Para que nós possamos ter recursos específicos para a retomada das atividades, estamos pedindo apoio ao Ministério da Agricultura. Nós teremos grande prejuízo, a produtividade já estava complicada por causa da seca, depois veio geada, agora com fogo muito mais”, finaliza.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Concurso revela a maior árvore de erva-mate do RS

Sustentabilidade

Concurso revela a maior árvore de erva-mate do RS

Exemplar de 2,22 metros de circunferência está em Caseiros e ajudará em pesquisas e preservação da espécie símbolo do Estado

Setor florestal apresenta caderno com soluções para mudanças climáticas

Sustentabilidade

Setor florestal apresenta caderno com soluções para mudanças climáticas

Práticas sustentáveis serão levadas pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) para serem apresentadas em Belém (PA), durante a COP 30

Estatuto do Pantanal é sancionado e cria selo para produtos sustentáveis

Sustentabilidade

Estatuto do Pantanal é sancionado e cria selo para produtos sustentáveis

Texto regulamenta conservação do Pantanal, impõe regras para supressão vegetal e institui programas de serviços ambientais

Parceria entre Cecafé e Emater-MG reforça sustentabilidade na cafeicultura

Sustentabilidade

Parceria entre Cecafé e Emater-MG reforça sustentabilidade na cafeicultura

Entidades promoverão práticas regenerativas através de culturas de cobertura na entrelinha do café

PUBLICIDADE

Sustentabilidade

Avanço do PIB agropecuário não está associado ao desmatamento, aponta estudo

Levantamento projeta que, mesmo com crescimento médio de 2,5% ao ano no PIB agropecuário, o Brasil pode chegar perto do desmatamento zero em 2040

Sustentabilidade

COP 30: Carta do Pantanal é apresentada em Campo Grande (MS)

Texto da carta sugere a criação de um plano com políticas ambientais, sociais e econômicas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Sustentabilidade

Decisão do Cade põe fim à Moratória da Soja em janeiro de 2026

Plenário confirmou posição da Superintendência-Geral, mas manteve a moratória até dezembro de 2025, suspendendo o acordo em janeiro de 2026

Sustentabilidade

SP lança programa que busca aliar conservação ambiental e economia verde

Iniciativa prevê restauração de áreas degradadas e remuneração de ativos utilizando o modelo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.