Sustentabilidade

Megatendência dos bioinsumos: o avanço sustentável da agricultura brasileira

Mercado global de bioinsumos cresce em torno de 13% ao ano, movimentando US$ 14 bilhões

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

05/06/2025 - 17:17

Painel do GAFFFF debateu crescimento no uso de insumos biológicos - Foto: Sabrina Nascimento

O uso de bioinsumos — produtos biológicos à base de microrganismos, extratos vegetais ou substâncias naturais — deixou de ser uma alternativa de nicho e passou a ser primordial na agricultura moderna. Essa mudança, segundo especialistas, não é mais uma promessa: é uma megatendência.

O tema foi debatido durante o Global Agribusiness Festival (GAFFFF), que está sendo realizado no Allianz Parque, em São Paulo, nesta quinta, 5, e sexta-feiras, 6.

O cenário atual impressiona. Segundo Eduardo Leão, diretor executivo da CropLife Brasil, o mercado global de bioinsumos já movimenta US$ 14 bilhões e cresce em ritmo acelerado – entre 12% e 13% ao ano. A América Latina puxa esse crescimento, devendo responder, até o final da década, por cerca de 30% do uso mundial. Somente no Brasil, atualmente, cerca de 26% da área agrícola do faz uso de algum insumo biológico.

Por isso, gigantes do setor, governos, associações e produtores reconhecem o papel decisivo dos biológicos para a produção sustentável de alimentos, diante da crescente demanda global e das pressões ambientais e comerciais.

Conforme explicou Frederic Beudot, líder global de biológicos da Corteva Agriscience, dois vetores estão impulsionando o uso de bioinsumos no campo: o controle biológico de pragas e a necessidade de produzir mais com menos. “É aí que a biotecnologia e os biológicos ajudam os agricultores a atingir seus objetivos”, destacou, durante o GAFFFF. Ele mencionou ainda que, hoje, a área de biológicos é a que mais cresce dentro da companhia, mas sem abrir números.

Apesar do avanço, Frederic destaca um desafio-chave: o conhecimento técnico. “Até agora, muitos produtores ainda usam os biológicos de maneira improvisada. Precisamos avançar em treinamento, saber o que usar, quando usar e como aplicar para potencializar os resultados”, disse.

Essa preocupação é compartilhada por outras entidades do setor, como a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo.

Para o economista da entidade, Cláudio Brisolara, os bioinsumos têm um papel semelhante ao que teve a mecanização no passado. “Eles podem levar a agricultura para outro patamar. Ainda há necessidade de regulamentação, mas os produtores estão cada vez mais interessados, e sindicatos têm nos procurado para discutir o tema”, apontou. De acordo com ele, tanto pequenos quanto grandes agricultores têm utilizado bioinsumos em diversas culturas, marcando o conceito de agricultura regenerativa.