Sustentabilidade
Em 2 dias, Brasil concentrou 72% das queimadas da América Latina
Até agora, Brasil teve mais de 180 mil focos de queimadas; número é 108% maior do que o registrado no período ano passado

Da Redação*
14/09/2024 - 19:33

Em apenas dois dias, o Brasil concentrou 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul. De acordo com dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 7.322 focos de incêndio nas últimas 48 horas até a sexta-feira (13).
Na sequência, aparecem Bolívia com 1.137 focos (11,2%), Peru com 842 (8,3%), Argentina com 433 (4,3%) e Paraguai com 271 (2,7%) focos de queimadas nas últimas 48 horas.
Considerando o acumulado do ano, até a data de ontem, o Brasil registrou 180.137 focos em 2024, 50,6% dos incêndios da América do Sul. O número é 108% maior em relação ao mesmo período de 2023, quando foram anotados 86.256 focos entre janeiro e 13 de setembro.
Entre os estados brasileiros, Mato Grosso lidera o ranking, com 1.379 registros nas últimas 48 horas, seguido por Amazonas, com 1.205, Pará, com 1.001, e Acre, com 513 focos. O município com o maior número de queimadas no período é Cáceres (MT), que teve 237 focos nas últimas 48 horas. Novo Aripuanã (AM) e São Félix do Xingu (PA) vêm logo atrás com 204 e 187 focos de incêndio, respectivamente.
A Amazônia foi a região mais afetada, concentrando 49% das áreas atingidas pelo fogo nas últimas 48 horas. Na sequência, aparecem o Cerrado (30,5%), a Mata Atlântica (13,2%), o Pantanal (5,4%) e a Caatinga (1,9%).

Paraná bate recorde de incêndios florestais
O Paraná bateu um recorde histórico e registrou 11.115 casos de incêndios florestais em 2024. Segundo o Corpo de Bombeiros do estado, até então, o topo do ranking de incêndios florestais era do ano de 2019, com 10.835 ocorrências, seguido por 2021 com 10.648 incidentes.
A situação alarmante, que coloca em risco a agropecuária, fez com que o governo estadual decretasse situação de emergência por 180 dias. “Os incêndios têm predominado em florestas nativas e reservas dentro das propriedades rurais, motivo de preocupação, pois, além da perda do meio ambiente, pode gerar multas aos produtores rurais”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
Em São Paulo, os prejuízos nas áreas de cana-de-açúcar superam R$ 1,2 bilhão, segundo levantamento da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil). A entidade divulgou levantamento nesta sexta, 13, atualizando para 181 mil hectares queimados em áreas de cana e de rebrota.
Ações coordenadas
A Polícia Federal (PF) aponta que há indícios de que parte dos incêndios florestais no país pode ter ocorrido por meio de ações coordenadas.
A hipótese de ação humana em parte das queimadas que assolam o país também já foi levantada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que determinou medidas para o enfrentamento aos incêndios na Amazônia e no Pantanal.
O uso do fogo para práticas agrícolas no Pantanal e na maior parte da Amazônia está proibido e é crime, com pena de dois a quatro anos de prisão.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, associados a essa prática, os incêndios florestais no Brasil e em outros países da América do Sul são intensificados pela mudança do clima, que causa estiagens prolongadas em biomas como o Pantanal e Amazônia. Em 2024, 58% do território nacional são afetados pela seca. Em cerca de um terço do país, o cenário é de seca severa.
*Com informações da Agência Brasil
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
De MT para o mundo: conheça fazenda brasileira que é exemplo de sustentabilidade
2
1ª ligação de fornecimento de biometano do País é inaugurada no interior de SP
3
Em São Paulo, fazendas usam a fotografia como aliada do meio ambiente
4
Confundida com mosca, essa abelha ajuda a manter vivo o ciclo das orquídeas
5
Biometano: o que é, como é produzido e qual a diferença para o gás natural
6
Decisão do Cade põe fim à Moratória da Soja em janeiro de 2026

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Sustentabilidade
Concurso revela a maior árvore de erva-mate do RS
Exemplar de 2,22 metros de circunferência está em Caseiros e ajudará em pesquisas e preservação da espécie símbolo do Estado

Sustentabilidade
Setor florestal apresenta caderno com soluções para mudanças climáticas
Práticas sustentáveis serão levadas pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) para serem apresentadas em Belém (PA), durante a COP 30

Sustentabilidade
Estatuto do Pantanal é sancionado e cria selo para produtos sustentáveis
Texto regulamenta conservação do Pantanal, impõe regras para supressão vegetal e institui programas de serviços ambientais

Sustentabilidade
Parceria entre Cecafé e Emater-MG reforça sustentabilidade na cafeicultura
Entidades promoverão práticas regenerativas através de culturas de cobertura na entrelinha do café
Sustentabilidade
Avanço do PIB agropecuário não está associado ao desmatamento, aponta estudo
Levantamento projeta que, mesmo com crescimento médio de 2,5% ao ano no PIB agropecuário, o Brasil pode chegar perto do desmatamento zero em 2040
Sustentabilidade
COP 30: Carta do Pantanal é apresentada em Campo Grande (MS)
Texto da carta sugere a criação de um plano com políticas ambientais, sociais e econômicas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Sustentabilidade
Decisão do Cade põe fim à Moratória da Soja em janeiro de 2026
Plenário confirmou posição da Superintendência-Geral, mas manteve a moratória até dezembro de 2025, suspendendo o acordo em janeiro de 2026
Sustentabilidade
SP lança programa que busca aliar conservação ambiental e economia verde
Iniciativa prevê restauração de áreas degradadas e remuneração de ativos utilizando o modelo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)