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Sustentabilidade

De lixo a energia: no Ceará, sistema transforma resíduos da Ceasa em biogás

Tecnologia desenvolvida pela Embrapa e a Universidade Federal do Ceará tem potencial para ser adotado nas 57 centrais de abastecimento do País

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Redação Agro Estadão

10/09/2025 - 11:45

Foto: Embrapa/Divulgação
Foto: Embrapa/Divulgação

Pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal do Ceará (UFC) criaram um sistema capaz de transformar frutas e verduras estragadas em energia. A tecnologia foi desenvolvida para a Ceasa do Ceará, que descarta todos os meses de 17 a 25 toneladas de alimentos impróprios para o consumo. Esse material costuma ser enviado ao aterro sanitário, em um contrato que custa cerca de R$ 230 mil por mês. Projetada para a Ceasa do estado, a tecnologia tem potencial de replicação nas outras 57 centrais de abastecimento brasileiras.

A tecnologia do “Sistema Integrado de Reatores Anaeróbios” busca transformar esse passivo em energia renovável. O biogás gerado pode suprir até 100% da demanda da central nos horários de pico e mais 20% no restante do dia, além de reduzir gastos com descarte e emissões de gases de efeito estufa. “Caso não seja utilizado na própria Ceasa, esse biogás pode ser comercializado na forma de biometano após tratamento adequado”, afirma o pesquisador Renato Leitão, da Embrapa Agroindústria Tropical.

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O sistema separa os resíduos em duas partes: líquida e sólida. A fração líquida vai para reatores UASB (do inglês Upflow Anaerobic Sludge Blanket, ou reator anaeróbio de manta de lodo de fluxo ascendente), que aceleram a produção de biogás. A parte sólida pode virar adubo, por meio da compostagem, ou ser usada em outros reatores que ainda estão em fase de estudo.

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Foto: Embrapa/Divulgação

“O impacto pode ser enorme: energia limpa, menos resíduos, mais empregos e economia circular na prática”, destaca o professor André dos Santos, da UFC. Segundo ele, a inovação também pode ser replicada em outras centrais de abastecimento do País. “As Ceasas concentram grande volume de perdas de frutas e hortaliças. Se cada uma delas pudesse aproveitar seus resíduos dessa forma, teríamos economia, energia renovável e menor impacto ambiental”, acrescenta.

Além do biogás, os cientistas também testaram a produção de biohidrogênio — gás considerado promissor para o futuro da energia limpa. Os resultados ainda não são competitivos, mas, na avaliação dos pesquisadores, mostram que existe potencial para ser explorado nessa rota.

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Desperdício de alimentos no Brasil

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas e hortaliças, mas perde cerca de 42% dos alimentos produzidos ao longo da cadeia. 

Só nas Ceasas, aproximadamente 30% das frutas e verduras acabam no lixo, o que equivale a 10,9 milhões de toneladas por ano. Além do impacto social, o desperdício gera custos de descarte e prejuízos ambientais.

O estado de São Paulo, por exemplo, que possui a maior Ceasa da América Latina, reportou, em 2023, a produção de 150 e 180 toneladas de resíduos por dia na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

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