Inovação
Embrapa lança duas novas variedades de laranja
Com lançamento para esta semana, novidades têm características de sabor e produção interessantes para produtor e consumidor final
Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
03/06/2025 - 08:00

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lança nesta terça-feira, 3, duas novas variedades de laranjas. São cultivares que aliam produtividade e qualidade de suco. A laranja kawatta e a majorca estão sendo apresentadas na 50ª Expocitros.
Como explica o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Eduardo Girardi, ambas apresentam um aspecto que é conveniente para a citricultura. “São duas laranjas com a característica de produzir frutos com colheita precoce, a época de maturação em torno de maio a julho, que é o período precoce”, comenta ao Agro Estadão.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria entre a Embrapa, o Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM) e a Fundação Coopercitrus Credicitrus (FCC). Os estudos começaram na década de 90 no Estado de São Paulo, quando foram introduzidas em campo essas duas variedades no Brasil. A kawatta é do Suriname. Já a majorca tem procedência da Espanha, mas as mudas plantadas em São Paulo vieram da Flórida, nos Estados Unidos.

Laranjas precoces, produtivas e agradáveis ao paladar
Como explica o pesquisador, as variedades precoce são importantes para que o produtor possa ter condições de produzir laranja durante mais períodos do ano. Por isso, muitos optam por plantar variedades precoce, de meia temporada e longas. A variedade precoce mais plantada no Brasil é a hamlin. No entanto, o seu suco não apresenta uma qualidade igual a da laranja pera, por exemplo. Por isso, o suco da hamlin precisa ser misturado com o suco de outras laranjas. Com a kawatta e a majorca, os produtores terão mais duas opções de laranjas precoces, mas que têm uma qualidade melhor do que a hamlin.
“A hamlin não tem um suco de muito boa qualidade, a cor é mais pálida, o sabor menos agradável. Essas duas novas variedades mostraram ter tonalidade de suco de polpa mais acentuada, melhorando a percepção do fruto, sabor muito interessante e, em particular, a majorca ainda mostrou em todos os testes uma concentração de vitamina C alta, maior do que a hamlin, o que é muito interessante para a questão nutricional”, pontua Girardi.
Quanto à produtividade, a hamlin é a mais produtiva entre as variedades populares. De acordo com o pesquisador, os experimentos mostraram que as novas cultivares produzem, aproximadamente, o mesmo patamar. “Acima de 30 toneladas por hectare, em alguns experimentos passou de 50”, indica o especialista, que ainda pondera que esse número varia conforme as condições de manejo
“A gente está liberando agora para ser uma alternativa, para produzir sucos de boa qualidade, e, mesmo que elas tenham um pouco de semente, tem cerca de oito a dez sementes, para aquelas pessoas que gostam de comprar laranjas para consumir em casa, fazer o suco em casa, elas também vão ser uma opção muito interessante”.
Orientações para o cultivo
As novas variedades podem ser plantadas em qualquer região do Estado de São Paulo, pois apresentam boa adaptabilidade, tanto para o clima da parte sul como da parte norte. Além disso, locais vizinhos a São Paulo que tenham clima semelhante também estão aptos para o cultivo.
“O que ocorre é que, em regiões mais frias ou em regiões de altitude maior, acima de 800 metros, a coloração das cascas e dos frutos fica mais intensa. Isso ocorre para todas as laranjas, mas particularmente para elas [as novas variedades] fica muito intensa. Mas a qualidade da polpa, o teor de açúcar e a acidez são semelhantes, tanto em regiões mais quentes como mais frias”, conta Girardi.
O pesquisador também orienta que o plantio seja feito entre espaçamento mínimo de seis metros, sendo o ideal de sete metros, pois são laranjeiras de porte grande. Além disso, o produtor pode usar porta-enxertos mais comuns, como limão-cravo, citrumelo swingle e tangerina sunki. Quanto às doenças, o uso de defensivos é o mesmo recomendado para a variedade pera, por exemplo, pois não apresenta resistência às doenças mais comuns.


Diversificação dos pomares
Segundo o pesquisador, a introdução dessas novas cultivares nos pomares comerciais pode ajudar os produtores na diversificação na hora da colheita.. Ele explica que existem mais de 600 variedades de laranja, mas os plantios no Estado de São Paulo e região são limitados. “Apenas três [pera, valência e hamlin] representam 75% dos plantios de São Paulo. Então, a gente tem uma diversidade genética muito baixa. O esforço é de pôr no campo mais variedades, mais diversidade que seja interessante para o produtor, porque ele vai ter um pomar mais diverso, com períodos de colheita diferenciados”, salienta.
Além disso, essa diversificação pode trazer variedade para o consumidor final. “A laranja é muito procurada também nessa época de inverno, por questão de saúde. E justamente em maio, junho, julho, no início do inverno, você tem grande oferta da hamlin, mas não é uma laranja muito atraente. Então, a nossa esperança e expectativa é que, com essas novas cultivares, elas atraiam mais às pessoas, e que isso estimule o consumo em casa do suco de frutas de boa qualidade, com bastante vitamina C”, projeta o especialista
Onde encontrar
Conforme a Embrapa, os produtores viveiristas e os demais produtores interessados poderão ter acesso às plantas a partir do segundo semestre deste ano. O Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM) irá disponibilizar as borbulhas — pequenos brotos retirados de galhos de frutas cítricas que servem para produzir mudas de alta qualidade. A partir disso, os viveiristas e os demais produtores poderão gerar matrizes para fazer as mudas.
O pesquisador ainda orienta que o produtor interessado na muda final ou mesmo os viveiristas devem ficar atentos para saber se a origem da planta é do CCSM, pois ela é a única mantenedora registrada no Ministério da Agricultura. Isso quer dizer que é a única empresa aprovada para fazer a propagação dessas novas cultivares
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Inovação
1
Pesquisa comprova que bactérias ajudam a produzir tilápias em sistema de bioflocos
2
CONTEÚDO PATROCINADO
Nestlé impulsiona a sustentabilidade na cadeia do leite por meio do Programa Nature por Ninho
3
Agtechs colocam Brasil em nova era da agricultura inteligente
4
Robô usa luz e inteligência artificial para diagnosticar doenças em algodão e soja
5
Ministério da Agricultura lança plataforma para integrar investidores e startups
6
CONTEÚDO PATROCINADO
Inovação biotecnológica transforma o manejo agrícola no Brasil
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
CONTEÚDO PATROCINADO
Inovação biotecnológica transforma o manejo agrícola no Brasil
Totalmente produzido no País, o Fortivance combina ciência e tecnologia para otimizar o uso de inseticidas
CONTEÚDO PATROCINADO
Nestlé impulsiona a sustentabilidade na cadeia do leite por meio do Programa Nature por Ninho
Iniciativa, existente no Brasil há mais de duas décadas, contribui para elevar qualidade e sustentabilidade no campo
Inovação
Inteligência Artificial: máquinas que 'pensam' ajudam o produtor
Sensores, drones e satélites alimentam a IA para monitorar plantas e animais, permitindo ações proativas e evitando perdas na fazenda
Inovação
Ridesa Brasil lança 18 variedades de cana em Ribeirão Preto (SP)
Rede interuniversitária destaca ganhos de produtividade e resistência de até 33,9% em cultivares
Inovação
CropLife Brasil lança o CropData, plataforma de dados do setor
Portal integra dados sobre sementes, bioinsumos e defensivos, com boletins e análises periódicas do desempenho do setor
Inovação
Agtechs colocam Brasil em nova era da agricultura inteligente
Número de startups do agro cresceu 27% no País nos últimos cinco anos e já representa cerca de 80% de todas agtechs da América do Sul
Inovação
Agricultura espacial pode impulsionar soluções sustentáveis na Terra
Pesquisas sobre cultivo de plantas fora da Terra devem ajudar a enfrentar as mudanças climáticas
Inovação
Pesquisadores obtêm mel com sabor chocolate da casca da amêndoa do cacau
Usando mel de abelhas sem ferrão, estudo da Unicamp transforma resíduo da indústria em ingrediente sustentável