PUBLICIDADE
Oferecimento:

Tudo sobre AgroSP

SP: greening pressiona setor da laranja e pode desencadear migração

Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná são apontados como estados potenciais para receber novos pomares de laranja

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão

23/05/2025 - 12:03

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Nos últimos cinco anos, o setor de laranja em São Paulo tem enfrentado desafios crescentes devido ao aumento da incidência de greening — também conhecido como huanglongbing (HBL). Soma-se a cenário, os altos custos da terra e as condições climáticas adversas. 

Segundo o Rabobank, na safra 2024/25, algumas regiões do estado já apresentam taxas de greening superiores a 70%, com áreas mais severamente afetadas nas regiões sul e central do estado, enquanto as regiões do norte permanecem menos impactadas. “Essa disparidade regional está levando os produtores a buscar novas áreas de plantio no norte e nordeste de São Paulo, mas, cada vez mais, também fora do estado”, aponta o banco em relatório. 

Considerando que o cultivo de laranja exige um investimento inicial elevado, o prazo médio de retorno de cerca de nove anos e 70% dos hectares produtivos de São Paulo estão em áreas com alta incidência de greening, os produtores paulistas enfrentam um dilema: vale a pena replantar ou investir em novos pomares?

Desafios do replantio

Embora pomares maduros ainda consigam manter níveis razoáveis de produtividade, mesmo quando infectados pelo greening, a situação é muito diferente para as árvores jovens. Nesses casos, a vulnerabilidade é significativamente maior, tornando o replantio uma decisão carregada de incertezas. 

Na visão do Rabobank, a estratégia adotada tradicionalmente em São Paulo — remover rapidamente as mudas infectadas — tem se mostrado mais eficaz do que modelos como o da Flórida (EUA), que aposta no manejo nutricional para prolongar a vida de árvores contaminadas.

PUBLICIDADE
O psilídeo Diaphorina citri é o inseto vetor da bactéria Candidatus Liberibacter spp., que causa o greening. Foto: Adobe Stock

Entre os fatores que explicam essa maior suscetibilidade das plantas jovens estão o sistema radicular e vascular pouco desenvolvido — facilitando a propagação da bactéria causadora do HLB —, além da preferência do psilídeo asiático, vetor da doença, por brotações novas, abundantes nas fases iniciais das plantas. Soma-se a isso a progressão acelerada da doença, que muitas vezes impede que essas árvores cheguem sequer à fase produtiva.

Obstáculos da realocação

Diferente de polos citrícolas voltados ao mercado de fruta fresca, como Espanha, México e Califórnia, a citricultura de São Paulo é guiada pela indústria de suco. De 200 a 250 milhões de caixas por safra vão para o processamento, contra apenas 40 a 50 milhões destinadas ao mercado in natura.

A proximidade com as fábricas é estratégica, mas a logística viável se limita a um raio de até 500 quilômetros — um desafio que vai além da distância. Fatores como qualidade das estradas, relevo e acesso à água e energia restringem a expansão.

A infraestrutura também impõe barreiras, uma vez que, a irrigação se tornou praticamente indispensável diante do clima mais seco e quente. Apesar de apenas 33% dos pomares atuais em São Paulo serem irrigados, esse índice já supera 65% nos novos projetos. O fornecimento de energia, no entanto, pode ser um gargalo em outras regiões.

Além do mais, fora de São Paulo, há mais dificuldade para encontrar mão de obra qualificada e manter equipes estáveis, adicionando custos de transporte que podem incrementar de R$ 2 a R$ 3 por caixa, afetando diretamente a rentabilidade. “Por outro lado, o preço mais baixo da terra em outros estados pode ajudar a equilibrar essa conta”, pondera o relatório.

PUBLICIDADE

Regiões potenciais

Minas Gerais vem se consolidando rapidamente como uma região-chave para a citricultura. Isso acontece devido à proximidade com as indústrias de processamento de suco, às condições climáticas favoráveis, à disponibilidade de mão de obra e à infraestrutura adequada.

A expectativa, de acordo com o Rabobank, é que o estado alcance 15% da área plantada de São Paulo até a safra de 2027/28, contra 10% em 2021/22. “O número de municípios que expandem seus pomares de laranja também vem crescendo. Embora a região do Triângulo Mineiro ainda responda por dois terços da produção do estado, já se observa crescimento nas regiões sul e sudoeste de Minas Gerais”, destaca. 

Já o Paraná, tradicional produtor de laranja, especialmente na região de Paranavaí, mantém um crescimento orgânico, ainda que lento e constante. 

Enquanto isso, Mato Grosso do Sul vem ganhando espaço como uma nova fronteira promissora. A previsão é que o estado alcance 15 mil hectares de laranja plantada até 2027/28. 

“A maioria dos produtores independentes está concentrada em áreas próximas à divisa com São Paulo, mas há plantios ativos nas imediações de Campo Grande, liderados pela Cutrale, uma das maiores empresas do setor”, sinaliza o relatório, destacando que essa expansão pode, eventualmente, justificar a construção de uma nova fábrica de processamento na região. 

PUBLICIDADE

No entanto, para viabilizar economicamente uma planta de grande porte, estima-se que seriam necessários 30 mil hectares. Um investimento que, segundo o Rabobank, faz sentido, considerando que Campo Grande está fora do raio de 450 quilômetros considerado ideal para abastecimento das plantas de São Paulo.

Na safra de 2025/26, a área plantada combinada em Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul é estimada em 73 mil hectares. Esse número deve crescer para 100 mil hectares até 2028/29, puxado principalmente pela expansão em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Esse total “representa pouco menos de um terço da área projetada para São Paulo, proporcionando à indústria de suco de laranja uma oferta de fruta fresca, mas geograficamente diversificada.” 

O Rabobank esclarece, contudo, que o movimento não se trata de um êxodo da produção de laranja de São Paulo, mas sim de uma movimentação gradual.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Associação rejeita substitutivo e quer retirada de projeto sobre carreira de pesquisador

Tudo sobre AgroSP

Associação rejeita substitutivo e quer retirada de projeto sobre carreira de pesquisador

APqC afirma que novo texto apresentado pelo governo praticamente não altera a primeira versão enviada à Alesp

Álcool com odor de rosas vira pesticida natural que preserva anfíbios

Tudo sobre AgroSP

Álcool com odor de rosas vira pesticida natural que preserva anfíbios

Nanopartícula com geraniol evita que sapos e rãs sofram efeitos dos defensivos químicos que chegam aos cursos d’água

Setor de leites vegetais quer diálogo com governo de SP por imposto menor

Tudo sobre AgroSP

Setor de leites vegetais quer diálogo com governo de SP por imposto menor

Segundo associação que representa empresas do segmento, reajuste na carga tributária encarece produtos e compromete a competitividade

Governo de SP fecha acordo internacional para implantar políticas para biogás

Tudo sobre AgroSP

Governo de SP fecha acordo internacional para implantar políticas para biogás

Parceria com a World Biogas Association (WBA) será anunciada oficialmente nesta quinta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente

PUBLICIDADE

Tudo sobre AgroSP

Amendoim ganha espaço nas lavouras brasileiras

São Paulo concentra 84% da produção nacional, segundo relatório do Itaú BBA, e se destaca também nas exportações, de grãos e de óleo

Tudo sobre AgroSP

Cresce pressão contra projeto que muda carreira de pesquisador em SP

Categoria pressiona governo paulista e pede que projeto de lei encaminhado à Alesp em regime de urgência seja retirado

Tudo sobre AgroSP

SP: mais da metade dos solos tem saúde considerada baixa

Índice foi apurado no primeiro mapa de saúde do solo da América Latina e Caribe, da Esalq; Fapesp apoia centro de desenvolvimento para estimular práticas sustentáveis

CONTEÚDO PATROCINADO

Turismo rural impulsiona interior de SP com geração de renda e preservação cultural

Meet Point Estadão Think discute como propriedades rurais podem se transformar em polos de acolhimento, desenvolvimento sustentável e fortalecimento regional

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.