PUBLICIDADE

Inovação

Embrapa desenvolve tecnologia para prolongar qualidade das frutas 

Método pode ser usado para mangas, melões, laranjas e mamões; também é uma alternativa para uso de fungicidas somente na etapa final de produção

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

18/02/2025 - 08:00

Foto: Embrapa/Divulgação
Foto: Embrapa/Divulgação

Não é raro encontrar pelas fruteiras das casas brasileiras uma ou outra fruta com podridão, mesmo que ela tenha sido adquirida no dia anterior. Isso acontece porque há uma série de fungos e contaminações que no momento da colheita e do transporte são invisíveis, mas logo se manifestam. Se isso ocorre em frutas produzidas há alguns quilômetros de distância, imagine com frutas que demoram semanas para chegar ao destino final? 

Exportadores e produtores já adotam algumas medidas para controlar esses inimigos invisíveis, como o tratamento hidrotérmico. No entanto, o processo atualmente difundido pode trazer prejuízos na qualidade da fruta. Por isso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu um procedimento inspirado no tratamento hidrotérmico, porém menos ofensivo e com resultados de controle de doenças iguais ao processo tradicional.  

“O tratamento hidrotérmico, principalmente, nas mangas, já é utilizado para controle da mosca das frutas, que é uma exigência dos Estados Unidos e Japão. Só que o tratamento feito é por imersão, então você mergulha a fruta em água quente, 52ºC, por aproximadamente cinco minutos. O problema é que ele acaba afetando a qualidade da fruta. Fica uma fruta com sabor meio cozido”, comenta o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Daniel Terao, ao Agro Estadão.

A proposta desenvolvida pela empresa de pesquisa sugere usar temperaturas mais altas, porém de forma mais curta, o que induz a resistência natural das frutas contra esses microrganismos. Além disso, faz uma limpeza nos esporos e microfissuras, que são vias de entrada para proliferação dessas doenças. Outro ponto é que as frutas produzem uma cera natural que ao ser atingida por essas temperaturas altas formam uma espécie de camada extra de proteção, lacrando esses orifícios que serviram de porta para os fungos. 

O pesquisador explica como é feito o tratamento sugerido pela Embrapa: “É um tratamento hidrotérmico por aspersão de água quente e escovação. Então as escovas giram com a fruta e ela recebe um jato de água quente num período bem menor. A gente trabalha com temperaturas bem mais altas, de 55ºC a 70ºC, dependendo da fruta, por um período de no máximo 60 segundos, e logo em seguida recebe um banho de água fria”.

PUBLICIDADE

As pesquisas iniciais foram feitas com manga, melão, laranja e mamão. Todas tiveram resultados positivos de eficiência no controle e manutenção da qualidade. Porém, Terao indica que outras frutas com característica arredondada, como abacate e goiaba, também podem passar pelo processo, mas é necessário um acompanhamento para ver a temperatura da água, já que isso interfere na mortalidade dos microorganismos e também na qualidade do produto. 

Nos testes realizados, a Embrapa Meio Ambiente simulou condições comuns de armazenamento dessas frutas. No caso das exportações, o experimento foi feito com armazenamento em câmara fria a 10ºC por 15 dias e depois mais sete dias em temperatura ambiente de 22ºC. Já nas situações do mercado interno, o teste foi com número menor de dias: sete dias em câmara fria e o mesmo período em temperatura ambiente que variou entre 22ºC e 25ºC. 

Alternativa a fungicidas

Um outro método de controle adotado é o uso de fungicidas. No momento de colher e embalar, as frutas costumam passar por um processo de seleção para ver avarias ou enfermidades, porém essa análise é feita a olho nu. O problema acontece no tempo de armazenamento, por isso, alguns exportadores e produtores utilizam fungicidas para prevenir a proliferação dos fungos. 

“Existem umas infecções que a gente chama de quiescentes em que o fungo está presente, só que no momento do embarque ele não manifesta sintomas porque a fruta ainda não completou o processo de maturação. Durante esse tempo de transporte, a fruta vai amadurecendo e o fungo vai se desenvolvendo. Tem carregamentos, por exemplo, que quando abre o contêiner está tudo podre”, completa Terao.

Além disso, outro problema é a seleção indireta de fungos mais fortes. “Se você usa a mesma molécula continuamente, acaba selecionando raças resistentes e daí o produto não funciona mais”, pontua. Por isso, Terao indica que o procedimento hidrotérmico é um caminho mais seguro. “Esse é o desafio, de encontrar métodos de controle dessas doenças, que sejam sustentáveis, limpos e não deixem resíduos tóxicos nas frutas”, afirma.

O passo seguinte da pesquisa está em disponibilizar o tratamento desenvolvido pela Embrapa. Nesse sentido, o pesquisador revela que  “já existem empresas interessadas em fazer o produto e vender”.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Os robôs já estão fazendo colheitas, saiba mais

Inovação

Os robôs já estão fazendo colheitas, saiba mais

Com precisão cirúrgica e inteligência artificial, robôs colhem no ponto ideal de maturação, garantindo produtos de maior qualidade e minimizando desperdícios na lavoura

Satélites ajudam a medir pastagens com até 86% de precisão

Inovação

Satélites ajudam a medir pastagens com até 86% de precisão

Nova metodologia da Embrapa estima volume de forragem por imagens e dados climáticos, sem necessidade de ir a campo 

Já viu o raro milho que parece vidro?

Inovação

Já viu o raro milho que parece vidro?

Esta variedade, com seus grãos translúcidos e coloridos, é uma joia agrícola

Força-tarefa busca variedades de mandioca resistentes à vassoura-de-bruxa

Inovação

Força-tarefa busca variedades de mandioca resistentes à vassoura-de-bruxa

A Embrapa, em parceria com pesquisadores alemães, analisa material genético para conter avanço do fungo em lavouras do Amapá 

PUBLICIDADE

Inovação

Plataforma com IA ajuda na gestão e aumenta ganhos na cadeia do óleo de palma

Tecnologia de empresa da Malásia está sendo introduzida no Brasil e traz rastreabilidade da produção

Inovação

Conheça o primeiro trator fabricado no Brasil

Em 1960, o Ford 8-BR marcou o início da mecanização agrícola no Brasil, transformando o campo e impulsionando agricutlura do país

Inovação

Digitalização e robôs levam pecuária leiteira de atividade familiar a empresa

Com produção em 98% dos municípios, Brasil soma 34 bilhões de litros de leite por ano e exige gestão mais eficiente no campo

Inovação

Estudo inédito aponta fungo que compromete produção do shimeji

Fungo do gênero Penicillium é registrado pela primeira vez no País, que enfrenta desafios com a falta de produtos seguros e respaldo técnico para a produção comercial

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.