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Sustentabilidade

Carta aponta como o agro pode ser solução para os problemas climáticos

Documento foi elaborado durante a Conferência Mundial de Agronegócio e Alimentos, que teve palestra de diretora-geral da FAO

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Igor Savenhago | Ribeirão Preto (SP)

27/06/2025 - 13:30

Marcos Fava Neves, presidente da conferência e reitor da Harven Agribusiness School. Foto:  Sistema FAEP/Divulgação
Marcos Fava Neves, presidente da conferência e reitor da Harven Agribusiness School. Foto: Sistema FAEP/Divulgação

As discussões promovidas na 35ª Conferência Mundial de Agronegócio e Alimentos (Ifama), realizada nesta semana em Ribeirão Preto (SP), resultaram em uma carta, que será apresentada na COP 30 e que aponta como o agronegócio pode ser um aliado para combater os problemas climáticos no planeta. 

O documento, resultado da colaboração entre cientistas, políticos, pesquisadores, estudantes e outros agentes do agronegócio global, expõe, em cinco tópicos, os principais caminhos para aumentar a produção de alimentos e bionergia, de forma a atender às demandas do crescimento populacional, combater a fome e, de forma concomitante, preservar o meio ambiente. 

A carta é assinada pelo presidente do Ifama, Aidan Connoly, e por Marcos Fava Neves, presidente da conferência, reitor da Harven Agribusiness School, instituição que sediou o evento, e professor da Universidade de São Paulo (USP). Eles destacam que, em 2050, a população do planeta deverá chegar a 9,6 bilhões de habitantes — contra 8,2 bilhões em 2024 — e que esse incremento, aliado ao aumento da renda per capita, ao envelhecimento das pessoas e aos movimentos de urbanização, vai gerar uma elevação significativa da necessidade de alimentos. 

“Um estudo publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA (2025), mostra que as importações das principais commodities agrícolas devem crescer nos próximos 10 anos, com destaque para arroz (+30,7%), carne suína (+26,6%), soja (+25,6%), frango (+25,3%), milho (+22,1%), algodão (+21,0%), carne bovina (+17,8%) e trigo (+12,1%)”, informa a carta. 

Outra constatação do estudo do USDA é que, no ano passado, mais de 295 milhões de pessoas em 53 países já enfrentavam níveis agudos de fome, 14 milhões a mais na comparação com 2023. “Em suma, o mundo precisa aumentar a produção, protegendo o meio ambiente e otimizando o uso dos recursos. Este é o grande desafio. E como o agronegócio pode ajudar?”, questionam os autores da carta. 

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São duas as soluções apontadas: 

1) Crescimento horizontal da produção, com aumento do uso da terra para o cultivo agrícola, por meio da destinação de áreas subutilizadas ou com baixos níveis de produtividade — como áreas de pastagem degradadas — para aumento da produção;

2) Maior produtividade por área, com desenvolvimento de inovações e tecnologias que possibilitem ganhos de produtividade e reduzam o desperdício de recursos. 

Para cumprir com esses compromissos, os cinco tópicos listados são: 

  • a utilização de sistemas de produção sustentáveis e agricultura regenerativa
  • o uso de tecnologias aplicadas às cadeias alimentares; 
  • o uso de bioinsumos e tecnologias genéticas; 
  • o uso de tecnologias para conversão de energia; 
  • políticas públicas voltadas à descarbonização. 

“O objetivo de apresentar este inventário na COP 30 [que será em novembro em Belém (PA)] é demonstrar, de forma sólida e consistente, que a agricultura pode ser parte da solução para as mudanças climáticas se políticas públicas e estratégias privadas forem adotadas para a expansão do uso dessas tecnologias climáticas inteligentes”, conclui o documento. 

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Diretora-geral da FAO chamou atenção para segurança alimentar e nutricional

A programação do Ifama nesta quinta-feira, 26, contou com palestra de Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). 

 Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO)
Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da FAO. Foto: Harven Agribusiness School/Divulgação

Na apresentação, intitulada “Criando mercados alimentares resilientes para o futuro”, ela destacou que o fortalecimento de sistemas alimentares passa por inovação científica, políticas públicas inclusivas, sustentabilidade e transformação na forma como o mundo produz, distribui e consome alimentos. Um desafio, segundo ela, que se torna cada vez mais complexo diante das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade, da escassez de água, da poluição, de crises econômicas e da intensificação de conflitos geopolíticos.

Nesse contexto, garantir acesso de agricultores e comunidades vulneráveis a insumos essenciais como sementes, fertilizantes e vacinas para animais, é fundamental. “Políticas públicas associadas à inovação científica e sustentabilidade são essenciais para garantir a segurança alimentar e nutricional. A transformação é urgente”. Por outro lado, Beth demonstrou preocupação com a redução de recursos para respostas humanitárias e a intensificação de conflitos internacionais, que enfraquecem a cooperação entre países. 

Representantes de mais de 40 países

O congresso do Ifama reuniu pesquisadores, executivos, formuladores de políticas públicas e estudantes de mais de 40 países, que participaram de fóruns, debates e competições. 

O Ifama é uma associação global que existe desde 1990 e que congrega mais de 70 instituições de ensino e pesquisa pelo mundo. A Harven, de Ribeirão Preto, é a única brasileira no grupo. Segundo o sócio-fundador da universidade Roberto Fava Scare, um dos objetivos de trazer o congresso pela primeira vez para o Brasil foi o de demonstrar a capacidade de inovação do agronegócio nacional em questões vinculadas à segurança alimentar e aspectos políticos, que “começam a ficar cada vez mais importantes”. 

Outro motivo foi apresentar a diversidade do agro paulista, que responde por 24% do PIB da Agropecuária do país. “Essa diversidade é única, o que acaba atraindo as atenções internacionais. Aqui, falamos sobre laranja, café, bioenergia, cana, entre vários outros produtos. Por ser um território com solo muito rico, mercado consumidor próximo e canais de escoamento, São Paulo fica muito competitivo”, afirma Scare. 

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