Economia
UE avança para proibir o termo 'carne' em alimentos vegetais; e no Brasil?
Parlamento Europeu aprova restrição de nomes como “hambúrguer” e “bife” em produtos plant-based; no Brasil, tema avança em projetos de lei estaduais

Redação Agro Estadão
09/10/2025 - 12:05

O Parlamento Europeu aprovou a proibição do uso de palavras como “hambúrguer”, “bife” e “salsicha” para descrever alimentos de origem vegetal, conhecidos como plant-based. Durante votação na quarta-feira, 08, a proposta da deputada francesa do Partido Popular Europeu, Celine Imart, obteve 355 votos a favor da proibição, 247 contra e 33 abstenções.
O resultado é visto como uma vitória para os pecuaristas do bloco europeu. O grupo defende que os rótulos ameaçam sua indústria e meios de subsistência. “Vamos chamar as coisas pelo nome”, destacou Celine à agência de notícias AFP.
Uma proibição total, entretanto, ainda não é certa. A proposta ainda precisa seguir a tramitação: ser aprovada pela Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, e também pelos governos dos 27 países-membros do bloco europeu para, então, se tornar lei.
A União Vegetariana Europeia (EVU) e empresas de alimentos em toda a Europa reagiram com decepção à votação. Grandes supermercados alemães, como Aldi e Lidl, a rede de fast food Burger King e a produtora de salsichas Rügenwalder Mühle se opuseram à proposta em uma carta aberta conjunta. Eles disseram que proibir “termos familiares” tornaria “mais difícil para os consumidores tomarem decisões informadas”. “Os cidadãos e agricultores europeus querem um sistema alimentar justo, sustentável e preparado para o futuro. Continuaremos a trabalhar com parceiros em toda a UE para garantir que o bom senso prevaleça”, disse Rob De Schutter, chefe de comunicação da WePlanet, membro da EVU, em nota.
Contudo, vale recordar que, em outro debate, a UE já definiu laticínios como produtos provenientes da “secreção mamária normal”. Isso inclui produtos como leite, iogurte e queijo. Após a decisão, o leite de aveia, por exemplo, é chamado de bebida de aveia nas prateleiras dos supermercados europeus.
E no Brasil?
Por aqui, a discussão sobre o uso de termos como “carne” para alimentos de base vegetal está em debate em diferentes esferas.
Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, estado com o maior rebanho bovino do País, tramita o Projeto de Lei 60/2025 que visa a proibição da palavra “carne” e seus sinônimos ou derivados em embalagens, rótulos e publicidades de produtos que não tenham esse alimento em sua composição. O texto é de autoria do deputado estadual João Henrique (PL-MT).
O projeto está em período de pauta para eventual recebimento de emendas. Depois, seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Se for considerado constitucional, continuará tramitando com análises e votações das comissões de mérito e em sessões plenárias.
Proposta semelhante chegou a ser aprovada no ano passado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O argumento era proteger o consumidor de eventuais confusões e garantir “concorrência leal” ao setor pecuário. O texto, no entanto, foi vetado integralmente pelo governador Tarcísio de Freitas em agosto de 2024. O chefe de Estado argumentou que a proposta invadia competência federal e poderia restringir indevidamente o mercado de inovação alimentar.
Ainda no último ano, o Ministério da Agricultura e Pecuária publicou nota técnica avaliando a rotulagem de produtos plant-based. O documento não propôs proibições, mas recomendou critérios de clareza nas embalagens, por exemplo, manter a indicação “à base de plantas” ou “100% vegetal” em destaque, para evitar qualquer risco de indução ao erro.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Pouco espaço em casa? Veja como fazer uma horta vertical
2
Chamada de nova soja, cannabis pode gerar quase R$ 6 bilhões até 2030
3
Banco do Brasil inicia renegociações de dívidas na próxima semana
4
Conheça a frutinha 'parente' da jabuticaba e pouco explorada
5
Soja: Argentina zera impostos e ameaça exportações do Brasil para a China
6
Safra 2025/2026 deve bater novo recorde com 353,8 milhões de toneladas

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Exportações de grãos da Argentina crescem até agosto; destaques para arroz e trigo
Governo argentino atribui aumento a eliminação de impostos, redução de retenções, simplificação de registros e abertura de mercados

Economia
Vagas no Agro: MG tem seleção para dois cursos superiores gratuitos
Oportunidades são para formação presencial em Agropecuária de Precisão, em Pitangui, e Tecnologia de Laticínios, em Juiz de Fora

Economia
Após 40 dias de espera, BNDES abre crédito para dívidas rurais no dia 15
Bagé, Candelária e Rosário do Sul podem entrar na nova lista de municípios gaúchos habilitados a receber o crédito

Economia
Demanda por biodiesel dispara e recorde é projetado para 2026 com B15
Produção deve crescer mais de 6% no próximo ano, apoiada no maior uso de soja e no redirecionamento do sebo bovino ao mercado interno
Economia
Indicador de preços da Ceagesp sobe 4% em setembro; no ano, há queda de 2,5%
No mês anterior, de acordo com a Ceagesp, a alta havia sido de 1,15%; setor de frutas foi o que mais subiu: 9,67% ante agosto
Economia
Custo da cesta básica cai em 22 das 27 capitais do País, apontam Conab e Dieese
Entre os produtos que puxaram queda, o tomate recuou em 26 capitais e a batata, caiu em dez das 11 cidades pesquisadas no Centro-Sul
Economia
Piracema: Ministério divulga períodos de restrição da pesca em todos os municípios
Fenômeno impacta o setor pesqueiro por seis meses; quem vive unicamente da atividade tem direito ao Seguro-Defeso
Economia
Brasil deverá exportar até 7,1 mi de t de soja e 6,3 mi de t de milho em outubro
Com isso, segundo a Anec, o País se aproximaria do recorde previsto de 110 milhões de toneladas de soja exportados em 2025