Economia
RS: queda de 17,4% na safra de soja devido à estiagem
Estimativa da Emater/RS para safra de verão 2024/2025 aponta redução de 6,6% na produção de grãos

Paloma Custódio | Brasília | paloma.custodio@estadao.com
11/03/2025 - 13:30

A segunda estimativa da safra de verão 2024/2025 no Rio Grande do Sul aponta uma redução de 6,6% na produção e de 0,4% na área plantada. É o que aponta a Emater/RS-Ascar, em relatório divulgado nesta terça-feira, 11, durante a Expodireto Cotrijal. As lavouras gaúchas devem alcançar uma produção de 28 milhões de toneladas, cultivadas em 8,4 milhões de hectares.
A soja foi uma das culturas mais afetadas pela estiagem dos últimos meses, com a produção estimada em 15 milhões de toneladas — uma queda de 17,4% em relação à safra 2023/24. Apesar do leve aumento de 0,3% na área cultivada, a produtividade recuou significativamente, atingindo 2.240 kg por hectare, uma redução de 20,3%.
Durante o Café com a Imprensa na Expodireto, o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, ressaltou a heterogeneidade dos resultados da soja no estado. “A maior parte da área cultivada está no oeste do Rio Grande do Sul, enquanto no leste a área é menor, mas com melhor desenvoltura”, destaca. Como exemplo, ele cita a região de Caxias do Sul, no leste, que representa apenas 4% da área cultivada de soja no estado, mas alcançou uma produtividade de 3.306 kg por hectare. Em contraste, Bagé, uma das regiões com maior área plantada no oeste, registrou uma produtividade de somente 1.679 kg por hectare.

“Aquelas regiões consolidadas, com bom solo, bom manejo e bom histórico [produtivo], possuem uma produtividade importante. No entanto, aquelas afetadas pela falta de chuva e pelo estresse hídrico associado às ondas de calor apresentam distintos desenvolvimentos regionais”, avalia.
Apoio aos municípios afetados pela estiagem
Na ocasião, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, destacou o repasse de R$ 46,7 milhões aos municípios atingidos pela falta de chuvas para poderem adotar medidas emergenciais. “Ao invés de fazermos convênios com municípios, que é muito mais demorado, nós vamos ter agora um sistema fundo a fundo, ou seja, o repasse do fundo estadual passa para o fundo municipal. Esse recurso é muito mais ágil e mais efetivo, chegando mais rapidamente na ponta”, reforça.
Demais cultivos da safra de verão
O milho registrou um aumento de 21,6% na produtividade, apesar da redução de 13,9% na área plantada em relação ao ciclo 2023/24. A expectativa é colher 4,7 milhões de toneladas ao final da safra, com uma produtividade de 6.866 kg por hectare. O milho destinado à silagem apresentou um crescimento de 17,4% na produtividade, enquanto a área plantada recuou 7,1%. A produção prevista é de 12,3 milhões de toneladas, com rendimento de 36.760 kg por hectare.
Para o arroz, a projeção indica uma colheita de 8,1 milhões de toneladas, um avanço de 12,9% na produção em comparação com a safra anterior. A produtividade pode alcançar 8.376 kg por hectare, representando uma leve queda de 0,1%.
O feijão 1ª safra também apresenta boas perspectivas. A estimativa é de 49.901 toneladas ao final da colheita, um crescimento de 22,7%. A produtividade deve atingir 1.838 kg por hectare, um aumento de 24,5% em relação ao ciclo 2023/24, mesmo com a redução de 1,8% na área plantada.
Já o feijão 2ª safra deve registrar uma queda de 19,8% na produção, com expectativa de 18.196 toneladas colhidas. Apesar da redução de 46,5% na área cultivada, a produtividade tende a crescer 42,9%, podendo chegar a 1.527 kg por hectare.

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