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Economia

Produtor do Brasil é o Ayrton Senna da agricultura mundial, diz especialista

Debatedores esboçaram, durante o Estadão Summit Agro 2025, em São Paulo, suas visões em relação ao futuro do agronegócio

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

27/11/2025 - 17:30

Painel "O futuro do agro" encerrou o Estadão Summit Agro 2025. Foto: Helcio Nagamine/Estadão
Painel "O futuro do agro" encerrou o Estadão Summit Agro 2025. Foto: Helcio Nagamine/Estadão

O Brasil desponta, atualmente, como o maior exportador mundial de soja, carne bovina, café, suco de laranja e diversos outros produtos agropecuários. Porém, diante das mudanças climáticas, questões geopolíticas e uma população mundial ascendente, exigindo um olhar redobrado para a segurança alimentar, vem o questionamento: qual será o futuro do agronegócio?

Independente do cenário, especialistas de diferentes elos da cadeia indicaram, durante o Estadão Summit Agro 2025, os desafios e demandas prioritárias do setor para os próximos dez anos. Um deles ressaltou que o produtor do Brasil é o Ayrton Senna da agricultura mundial. 

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Para o setor de algodão, onde o País lidera as exportações globais, o olhar futuro não deixa de passar pela concorrência com os tecidos sintéticos. “Pensando nos próximos dez anos, como algodão, o maior desafio é a briga contra o sintético. Nós estamos trabalhando o mundo, mostrando, falando da sustentabilidade, mas, hoje, 95% das fibras têxteis que o Brasil importa são sintéticos”, detalhou o produtor rural e presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Alexandre Pedro Schenkel. 

Durante o painel “O futuro do agro”, Schenkel explicou que os cerca de 2 milhões de toneladas de fibras sintéticas importadas anualmente são microplásticos que vão parar em aterros, rios e oceanos. “Então nós, temos um problema de saúde lá na frente”, salientou. 

Para o presidente da IBA, é necessário trabalhar uma campanha e legislação que possa ajudar na conscientização. “O Brasil é o país da biodiversidade, do bio: biocombustível, bioinsumos, biofibras, bioalimentos. Então, se a gente começar a trabalhar políticas assim, que ajudem a gente no uso desses produtos, acho que vai ser muito bacana”, disse.

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Schenkel aproveitou a oportunidade para comparar o agricultor brasileiro com Ayrton Senna, piloto de Fórmula 1 que, diante das adversidades, alcançava o seu melhor desempenho. “Vocês podem confiar que o Ayrton Senna foi um piloto mediano, equiparado a muitos outros pilotos, mas, quando chovia, não tinha para ninguém. […] A grande vantagem do Brasil é que, em anos difíceis como esse, você pode confiar num produtor brasileiro. Então, anos com desafio, o produtor brasileiro vai sobreviver, comparado a outros países”, destacou. 

Atendimento à demanda, mas dificuldade em comunicar

Não há como falar de futuro do agro sem olhar para as exportações de carnes. No painel, José Pimenta, diretor de Comércio Internacional e Relações Governamentais da BMJ Consultoria, disse que a oferta de proteínas que existe no Brasil é imensa. “Tem vários países que procuram o Brasil justamente para complementar a sua necessidade de oferta interna”, afirmou. 

Pensando nessa característica, ele enfatizou que, ao longo do tempo, diante de todas as instabilidades globais e protecionismo, a segurança alimentar surge como pilar. “Acho que essa mensagem tem que ficar clara: segurança alimentar é um ativo geopolítico”, destacou. 

O cenário foi reforçado por Pedro Garcia, gerente de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Segundo ele, o Brasil hoje consegue provar que é capaz de atender à demanda global de alimentos. “No caso da soja, mais de um terço da produção mundial vem do Brasil. A soja representa uma grande parcela do PIB brasileiro, o que já é bastante coisa. Temos uma produção que consegue expandir e aumentar todo ano”, indicou. 

Na visão dele, entretanto, há ainda o entrave de comunicar ao mundo que o País consegue produzir com sustentabilidade. “A gente tem o Código Florestal, tem todas as constituições, todo mundo sabe disso. A maior dificuldade e o desafio que a gente tem hoje são mostrar para os mercados que, de fato, isso acontece, porque é uma exigência que a gente vem recebendo de mercados internacionais, mercados principalmente da soja, de comprovar que o grão que estamos exportando segue com os critérios que a indústria fala”, explica.  

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Financiamento ainda é entrave

Participando remotamente do Estadão Summit Agro 2025, Tânia Zanella, presidente do Instituto Pensar Agro (IPA) e superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), lembrou que o financiamento rural segue como um entrave para a agropecuária. “A nossa grande política, ainda, é o Plano Safra, que já tem deixado a desejar há algum tempo”, destacou. 

Assim como o presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, que também participou do painel, Zanella lembrou do seguro rural. “Um tema e uma política tão importante para o nosso País. Quando a gente se depara agora de uma maneira muito mais constante com a questão de clima, ou seja, estiagem, até tornado dentro do nosso País agora”, afirmou.

Na lista de desafios, a dirigente do IPA e OCB incluiu a questão da infraestrutura. Apesar dos pontos que ainda precisam ser melhorados, na visão dela, o setor não pode perder a positividade. “Desafio é o que não falta, mas a gente precisa ter um olhar positivo, para frente, e imaginar o quanto nós, entidades, podemos instigar as mudanças”, apontou. 

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