Agropolítica
Fávaro: descontos em dívidas de agricultores gaúchos “podem até ser de 100%”
Possibilidade de perdão das dívidas de agricultores não está clara na MP de repactuação das dívidas publicada nesta quinta, mas deverá ser incluída no decreto de regulamentação
2 minutos de leitura 01/08/2024 - 18:25
Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com e Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que os agricultores que “comprovadamente perderam tudo” nas enchentes do Rio Grande do Sul poderão ter as dívidas zeradas. Esse é um pedido do setor, que tinha expectativa de ver na Medida Provisória publicada nesta quarta, 31. Segundo o ministro, a possibilidade estará “mais clara” no decreto de regulamentação da MP, que deve ser publicado nos próximos dias. A declaração foi dada a jornalistas, na tarde desta quinta-feira, 01, na saída de um evento da Embrapa, em Brasília (DF).
O texto da MP não fala em perdão de dívidas para o agricultor que perdeu tudo nas enchentes e inundações, mas determina que no caso de perdas acima de 60%, a decisão sobre o desconto será tomada por uma comissão interministerial.
Carlos Fávaro explicou como isso irá funcionar: “aqueles que foram afetados entre 60% a 100% têm um grau a mais de comprovação que precisa ser feito. A autodeclaração passa pelo conselho municipal, que atesta com comprovações técnicas de que ele precisa de um desconto maior, podendo ser até 100% das dívidas de custeio de 2023/2024, 100% das parcelas de investimento de 2024 e, possivelmente, de 2025. Mas que precisa de um atestado superior de um conjunto de ministérios, provavelmente será do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Casa Civil”.
No caso dos agricultores que tiverem 30% de perdas comprovadas, a autodeclaração precisará ser atestada pelo Conselho Municipal de Agricultura, enquanto que as perdas de 30% a 60% terão o percentual de redução das dívidas regulamentado no decreto.
Fávaro também afirmou que nos próximos dias serão publicadas outras ações para ajudar os produtores rurais do Rio Grande do Sul, como um Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN). Segundo o ministro, o PLN está sendo debatido entre o Ministério da Agricultura e uma comissão mista do Congresso Nacional.
Já as dívidas com cooperativas e cerealistas e revendas poderão ser tratadas em uma ou em duas Medidas Provisórias. “É um arcabouço de ações que possa dar tranquilidade aos produtores reestruturarem suas dívidas e recomeçarem a produzir”, afirmou o ministro.
Fávaro citou, ainda, o Fundo Garantidor para Investimentos (FGI) que os produtores poderão utilizar como garantia para acesso a crédito. A MP publicada nesta quarta autoriza o governo a aumentar em até R$ 500 milhões a participação no fundo.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Agropolítica
1
Eleições nos EUA: Trump e o agro brasileiro
2
Fávaro: "que empresas brasileiras deixem de fornecer carne até para o Carrefour Brasil"
3
Um jantar com Xi Jinping: veja como foi o encontro que reuniu o líder chinês e representantes do Agro brasileiro
4
Reforma Tributária no Senado: 5 pontos pedidos pelo Agro
5
Ministro da Agricultura anuncia criação de duas novas secretarias
6
Cultivo e importação de cannabis para uso medicinal são autorizados pelo STJ
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Agropolítica
Superintendências ganham mais peso no pacote de reestruturação do Mapa
Ainda não há uma data para que mudanças aconteçam, mas é provável que fique para 2025
Agropolítica
Inmet vira secretaria do Mapa e deve ajudar no Seguro Rural
Com novo status, orçamento do Inmet sobe para R$ 30 milhões; para Carlos Fávaro, modernização do órgão vai ajudar no Seguro Rural, que deve mudar em 2025
Agropolítica
PL dos bioinsumos é aprovado na Câmara e setor comemora: “reafirma os direitos do produtor”
Texto dispensa registro para produção on farm para uso próprio; matéria segue para Senado
Agropolítica
Lula: "Que o agro brasileiro cause raiva em deputado francês, comércio é guerra"
Conforme o presidente da República, o acordo Mercosul-UE será fechado mesmo sem o apoio da França
“Nossos pratos não são lixeiras”, diz deputado francês sobre carne brasileira
Declaração foi dada durante votação contra acordo Mercosul-União Europeia e acontece uma semana após fala polêmica do Grupo Carrefour
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, é convidado a prestar esclarecimentos na Câmara
Senado também quer ouvir o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, e o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, para cobrar explicações sobre declarações
Fávaro: “Quem ofender produtos brasileiros terá resposta à altura”, afirma ministro
O ministro reforçou que o episódio Carrefour está superado e o Brasil segue aberto ao diálogo sobre sustentabilidade, rastreabilidade e boas práticas agrícolas
CNA irá tomar ações legais contra Carrefour
Segundo o departamento jurídico da CNA, a ideia é fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico