Economia
Exportação de café mantém alta na receita, apesar de queda no volume embarcado
Com 3,1 milhões de sacas exportadas, Brasil teve queda de 28% em abril, mas mantém desempenho recorde no acumulado do ano-safra

Paloma Custódio | Guaxupé (MG) | paloma.custodio@estadao.com
12/05/2025 - 16:59

O Brasil exportou 3,093 milhões de sacas de 60 kg de café em abril de 2025, uma queda de 27,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Apesar da retração no volume, a receita cambial registrou um forte crescimento, alcançando US$ 1,341 bilhão — um aumento de 41,8% no período. Os dados constam no relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No acumulado do ano, entre janeiro e abril, o país embarcou 13,816 milhões de sacas, uma redução de 15,5% em relação aos quatro primeiros meses de 2024. Por outro lado, a receita cambial disparou 51%, chegando a US$ 5,235 bilhões, o maior valor para esse intervalo de quatro meses na série histórica do Cecafé.
Já no acumulado dos dez primeiros meses do ano safra 2024/25, mesmo com a queda nos embarques durante a entressafra, as exportações apresentam desempenho recorde, com 39,994 milhões de sacas embarcadas e US$ 12,443 bilhões de faturamento. Os números representam aumentos de 1,5% no volume e 56,3% na receita em relação ao mesmo período do ano-safra anterior (julho de 2023 a abril de 2024).
Em vídeo divulgado pelo Cecafé, o diretor-geral da entidade, Marcos Matos, destaca que a entrada da nova safra em 2025 deve impulsionar novamente as exportações. “Tivemos um recorde no ano passado, com 50,5 milhões de sacas exportadas. Agora, aguardamos a safra de 2025, que apresenta desafios para o arábica, embora algumas projeções tenham melhorado e esperado uma safra melhor para os canéforas (conilon + robusta)”, afirma.
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, reforçou, em nota, que o Brasil deve colher a maior safra de cafés canéforas da história, enquanto Vietnã e Indonésia, principais concorrentes nessa variedade, devem apresentar aumento de produção. “No momento, o conilon brasileiro ainda não é tão competitivo contra essas duas origens, o que favorece a indústria nacional no que se refere a preços”, explica.
Já para o café arábica, cuja colheita se aproxima, Ferreira observa que as condições climáticas — antes não favoráveis devido à estiagem e às altas temperaturas no Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana — melhoraram nos últimos meses. Com isso, diversas estimativas de produção foram revistas para cima.
“Seguiremos com um ano apertado, porém com uma safra não tão distante da anterior. Com a alta dos preços verificada no mercado desde o ano passado e, agora, em função da possibilidade de safra recorde no conilon, espera-se um arrefecimento nos preços desta variedade, o que já vem ocorrendo e pode ser determinante para estancar a alta de preços ao consumidor, uma vez que já se observa aumento substancial dos canéforas nos blends das principais indústrias na comparação com o ano passado”, avalia.
Desempenho por tipo de café
O café arábica liderou as exportações nos quatro primeiros meses de 2025, com 11,709 milhões de sacas embarcadas. Em seguida, aparece o café solúvel, com embarque equivalente a 1,282 milhão de sacas. O canéfora (conilon + robusta) vem na sequência, com 807.165 sacas, seguido pelo setor industrial de café torrado e moído, com 18.386 sacas exportadas.
Principais destinos
Os Estados Unidos se mantiveram como o principal destino do café brasileiro entre janeiro e abril, com 2,373 milhões de sacas adquiridas, uma queda de 11,2% em relação ao mesmo período de 2024. A Alemanha ficou em segundo lugar, com 1,785 milhão de sacas (-24,4%), seguida pela Itália, com 1,146 milhão (-13%).
O Japão aumentou suas importações de café brasileiro em 6,1%, adquirindo 865.929 sacas. Já a Bélgica importou 618.305 sacas, com forte retração de 63,1%.
Fechando o top 10, aparecem:
- Turquia: 599.671 sacas (+26,2%);
- Holanda: 504.703 sacas (-5,4%);
- Espanha: 453.558 sacas (+3,9%);
- Rússia: 448.778 sacas (+62,9%);
- China: 386.132 sacas (+2,1%).
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, comenta em vídeo sobre o recorde de exportações de café em 2024, ressalta a expectativa de uma safra promissora de canéforas este ano e destaca os números dos cafés especiais brasileiros.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Tarifa: enquanto Brasil espera, café do Vietnã e Indonésia pode ser isento
2
COP 30, em Belém, proíbe açaí e prevê pouca carne vermelha
3
Exportações de café caem em julho, mas receita é recorde apesar de tarifaço dos EUA
4
Você nunca ouviu dessa raiz, mas ela já foi mais importante que o trigo
5
Rios brasileiros podem ser ‘Mississipis’ do agro, dizem especialistas
6
Suco de laranja: apesar da isenção, setor ainda perde R$ 1,5 bilhão com tarifas

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
O que a comitiva do agro brasileiro fez no Japão?
Além de carne bovina e suína, Brasil negocia ampliar vendas de farelo de soja; Japão pede preços mais competitivos

Economia
Nem todos os estados devem exportar carne bovina ao Japão, indica secretário do Mapa
Abertura está em negociação e o governo prevê anunciar em breve; a expectativa inicial é vender de 30 a 50 mil toneladas de carne bovina

Economia
BRF prevê queda de 2% no custo da ração no 2º semestre
Companhia também estima cenário de equilíbrio entre oferta e demanda de carnes aves e suínos no segundo semestre

Economia
Centro-Sul processa 50,217 milhões de t de cana na 2ª quinzena de julho
Produção de açúcar caiu 0,80%, etanol hidratado recuou 13,54% e etanol anidro, 6,57% em comparação com igual período na safra 2024/2025
Economia
Por que o agro está atento ao encontro entre Putin e Trump?
Setor acompanha com cautela a cúpula no Alasca, que pode resultar em novas sanções aos produtos brasileiros e redefinir o mercado de fertilizantes
Economia
Gilson Bittencourt assume vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil
Agrônomo assume mandato até 2027 após aprovação pelo conselho de administração do banco
Economia
Amado por uns, odiado por outros: esse tempero polêmico é cheio de benefícios
Apesar da polêmica, o coentro é um tesouro nutricional: melhora a digestão, protege as células com antioxidantes e beneficia o coração
Economia
Sem Brasil, lanchonetes nos EUA têm carne com preço mais alto
JBS USA alerta que país não tem substituto e que medida afetará o preço final dos hambúrgueres