O diálogo necessário sobre a exportação de gado vivo | Agro Estadão O diálogo necessário sobre a exportação de gado vivo | Agro Estadão
PUBLICIDADE
Nome Colunistas

Teresa Vendramini

Produtora Rural, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

O diálogo necessário sobre a exportação de gado vivo

Vivemos em tempos em que o diálogo está cada vez mais escasso. Ou se é uma coisa ou se é outra, assim como o tema deste artigo

Foto: Teresa Vendramini/Arquivo Pessoal
Foto: Teresa Vendramini/Arquivo Pessoal

Mas antes de rechaçar qualquer um dos lados, é preciso refletir sobre o assunto. Como pecuarista, minha obrigação é estudar o tema, não só pelos benefícios econômicos que essa prática pode trazer, mas também pela responsabilidade com o bem-estar animal e, sobretudo, pela qualidade do produto que ofereço.

Pela reflexão econômica, o Brasil sendo detentor do maior rebanho comercial do mundo, é óbvio afirmar que a exportação de gado vivo representa um grande potencial de renda para o nosso país. Em 2023, as exportações brasileiras somaram US$ 474 milhões, representando 6% das vendas de carne bovina desossada congelada. Receita recorde, depois de quatro anos de quedas substanciais, especialmente no período da pandemia, quando o faturamento com esse tipo de exportação não passou de US$ 66 milhões em 2021. Os principais destinos são os países do Oriente Médio e África que, por questões religiosas ou culturais, preferem processar os animais. 

Da reflexão como prática sustentável, a primeira coisa que lembramos – e é natural que seja assim – são os problemas que ocorreram em alguns transportes de gado vivo. Como o caso de Barcarena, onde houve a morte de muitos animais ou, mais recentemente, na Cidade do Cabo, na África do Sul, em que a mídia internacional relatou a situação insalubre de 19 mil bois exportados vivos. É importante reforçar que, nós, pecuaristas, consideramos deploráveis esses e outros incidentes semelhantes. Somos criadores e valorizamos nosso rebanho. Investimos em melhoramento genético, gestão, protocolos sanitários e em bem-estar para oferecer produtos de qualidade ao mercado. Assim como para nós, não é interessante um cenário como esse, tampouco é desejo do país comprador. 

Também é preciso refletir sobre os processos regulatórios vigentes. O Ministério da Agricultura e Pecuária, por meio da Coordenação de Boas-práticas e Bem-Estar Animal (CBPA), estabelece normas para para o transporte de animais vivos, seguindo diretrizes nacionais e internacionais. Essas normas começam na fazenda, com a responsabilidade dos pecuaristas em avaliar se os animais estão saudáveis e aptos para a viagem, garantir o bem-estar do transporte terrestre, com veículos limpos, além de apresentar a documentação sanitária. No porto, nas EPEs (Estabelecimento de Pré-Embarque), os animais passam por uma quarentena e por novos protocolos sanitários, de acordo com o país de destino. As embarcações também são vistoriadas, não só a qualidade das instalações, como a presença de cochos, comida, água e serragem. O tamanho dos currais e a presença de veterinários, além da tripulação, também estão previstos neste protocolo.  

É fácil concluir que o comércio de gado vivo não vai acabar com o Brasil participando ou não deste segmento. Portanto, proibir essa prática não é a solução para o bem-estar animal. Devemos, sim, conhecer cada etapa desta cadeia, aprofundar os regramentos, qualificar os agentes envolvidos e definir as responsabilidades. Uma oportunidade para o Brasil – como potência agropecuária que movimenta no mundo cinco milhões de cabeças – de liderar esse movimento e se posicionar como uma nação sustentável.

Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE
Agro Estadão Newsletter
Agro Estadão Newsletter

Newsletter

Acorde bem informado
com as notícias do campo

Agro Clima
Agro Estadão Clima Agro Estadão Clima

Mapeamento completo das
condições do clima
para a sua região

Agro Estadão Clima
VER INDICADORES DO CLIMA

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Política Agrícola: Câmbio e China

Opinião

Política Agrícola: Câmbio e China

Produzir proteína em larga escala implica ficar mais exposto à dependência que o câmbio e o comércio internacional têm com relação à situação geopolítica. Trump rugindo será um gato ou um leão?  

José Carlos Vaz loading="lazy"
Opinião:

José Carlos Vaz

Agro em janeiro: 5 pontos para ficar de olho

Opinião

Agro em janeiro: 5 pontos para ficar de olho

Dólar em patamares recordes, início do novo governo Trump e efeitos do clima nas lavouras; o que esperar de janeiro para o agronegócio

Marcos Fava Neves loading="lazy"
Opinião:

Marcos Fava Neves

2024: setores público e privado juntos para fortalecer a transição energética

Opinião

2024: setores público e privado juntos para fortalecer a transição energética

Este ano de 2024 acumulou boas notícias para o setor de biocombustíveis, em especial para a indústria de biodiesel, que completa 20 anos

Francisco Turra loading="lazy"
Opinião:

Francisco Turra

O canto aflitivo dos cafezais

Opinião

O canto aflitivo dos cafezais

Em um mundo onde o café é mais do que uma mercadoria — é cultura, sustento e identidade —, ignorar os recentes efeitos climáticos no cafezais brasileiros seria um erro catastrófico

Welber Barral loading="lazy"
Opinião:

Welber Barral

PUBLICIDADE

Opinião

O acordo Mercosul-União Europeia e a competência do agro brasileiro

A competitividade e a sustentabilidade da agricultura brasileira assustam os produtores europeus, sobretudo franceses, que têm um setor agropecuário altamente subsidiado

Celso Moretti loading="lazy"
Opinião:

Celso Moretti

Opinião

A informação a serviço do produtor

A atuação integrada é indispensável para fortalecer a representatividade dos produtores rurais, aprimorar o planejamento estratégico do agronegócio e posicionar o Brasil como líder global em sustentabilidade e produtividade

Tirso Meirelles loading="lazy"
Opinião:

Tirso Meirelles

Opinião

Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em dezembro

Dezembro será um mês extremamente importante para acompanhar o andamento das lavouras no Brasil, de olho no mundo dos grãos e das carnes

Marcos Fava Neves loading="lazy"
Opinião:

Marcos Fava Neves

Opinião

Política Agrícola: novidades regulatórias

O Bacen deu um passo importante para dar mais segurança e transparência à matriz de recursos do sistema produtivo rural

José Carlos Vaz loading="lazy"
Opinião:

José Carlos Vaz

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.