
Francisco Turra
Presidente dos Conselhos de Administração da APROBIO e Consultivo da ABPA, ex-ministro da Agricultura
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Prevenção, transparência e gestão eficiente do caso de Newcastle no RS
Em casos como a atual crise sanitária que acometeu o Rio Grande do Sul é preciso agilidade, assertividade e informações precisas
29/07/2024 - 08:00

Em minha trajetória de muitos anos de experiência na área de agronegócios, já vivenciei algumas crises sanitárias e o melhor ensinamento que tirei de processos semelhantes é a importância de uma atuação rápida, cumprindo todos os protocolos, e de uma gestão transparente ao oferecer as informações para agentes nacionais e internacionais de forma a não afetar o comércio e exportação dos alimentos envolvidos na situação.
Essa foi a receita adotada com eficiência a partir da identificação de caso isolado de Doença de Newcastle (DNC). Em 17 de julho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) confirmou a ocorrência de um caso DNC em um estabelecimento de avicultura comercial de corte, localizado no município gaúcho de Anta Gorda, no Vale do Taquari, e o diagnóstico positivo foi comunicado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP) às 16h do mesmo dia.
O estabelecimento avícola foi imediatamente interditado, com suspensão das movimentações das aves, seguindo os procedimentos de erradicação do foco descritos no Plano de Contingência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle.
Todas as aves foram eliminadas e o local passou por limpeza e desinfecção conforme determinações do Serviço Veterinário Oficial, incluindo medidas de biosseguridade e a demarcação de zonas de proteção e vigilância em um raio de 10km.
Em resposta ao evento, o MAPA publicou no dia 19 de julho uma Portaria declarando estado de emergência zoossanitária no Estado do Rio Grande do Sul, válida por 90 dias. A medida visou intensificar a vigilância epidemiológica e aplicar os protocolos de erradicação do foco estabelecidos no Plano de Contingência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Além disso, foi emitido o Ofício Circular Conjunto Nº 06/DIPOA/SDA/2024, suspendendo temporariamente as exportações das indústrias avícolas do estado até a conclusão das investigações.
No dia 23 de julho, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (O.A.RS), juntamente com suas entidades membros Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) e Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do Rio Grande do Sul (SIPARGS), representantes do complexo agroindustrial avícola gaúcho, setor de relevância crucial para o desenvolvimento econômico e social do estado e do país, externou considerações, observações e solicitações acerca da detecção de um caso de DNC.
Frente às medidas técnicas e responsáveis adotadas pelo Serviço Veterinário Oficial (MAPA e SEAPI), a restrição do caso detectado ao estabelecimento em Anta Gorda, os resultados negativos das outras amostras analisadas e a ausência de novos casos de DNC na região e no estado do Rio Grande do Sul, as entidades solicitaram ao MAPA, com base nas avaliações técnicas e legais, que suspendesse imediatamente as restrições às exportações das empresas localizadas no estado gaúcho.
O governo do Brasil comunicou oficialmente a conclusão do foco da doença com o sacrifício dos demais animais do aviário e limpeza e desinfecção do aviário à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), avançando rapidamente para o retorno às condições de normalidade e reafirmando que a ocorrência foi um evento sanitário isolado. O MAPA espera a retomada da comercialização para os mercados com a suspensão das emissões de certificados de exportação.
Registre-se o papel da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que continua atuando de maneira proativa na defesa do setor avícola agroindustrial brasileiro, interagindo com o MAPA e os países importadores em defesa das exportações avícolas do estado.
A ABPA e o setor avícola do Rio Grande do Sul reforçam o compromisso com a sanidade, biosseguridade e qualidade dos produtos avícolas gaúchos e brasileiros.

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