Economia
Expointer bate recorde de público, mas vendas caem pela metade
Feira em Esteio (RS) recebeu mais de 1 milhão de visitantes e foi marcada por protestos de agricultores
Redação Agro Estadão | Atualizada às 14h16
08/09/2025 - 09:58

A 48ª edição da Expointer, finalizada neste domingo, 7, foi marcada por recordes históricos de público e de vendas no pavilhão da agricultura familiar, anúncio de Medida Provisória federal de socorro aos agricultores endividados e queda no volume geral de comercialização.
Ao longo dos nove dias, a feira recebeu 1.010.020 visitantes, o maior número de todas as edições, representando um crescimento de 22,82% em relação ao recorde anterior de 2023 (822.340). A Expointer 2025 movimentou R$ 4,4 bilhões em vendas, uma retração de 45,7% em relação aos R$ 8,1 bilhões negociados na edição anterior.
O grande destaque positivo da 48ª edição da feira, que é considerada a maior a céu averto da agropecuária da América latina, foi o Pavilhão da Agricultura Familiar, que alcançou um faturamento de R$ 13,6 milhões, superando em mais de 25% a marca de R$ 10,8 milhões de 2024. O espaço contou com a presença recorde de 456 empreendimentos expositores. Os resultados foram divulgados em coletiva de imprensa no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

Apesar do sucesso de público, outros setores importantes apresentaram queda. O setor de Máquinas e Implementos Agrícolas registrou R$ 3,7 milhões em intenções de negócios, uma redução expressiva frente aos R$ 7,4 milhões de 2024, ano da enchente histórica que atingiu 90% do estado do RS.
A a diretora-executiva do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers), Ana Paula Werlang explica que o Rio Grande do Sul possui 60% do parque fabril de máquinas e implementos agrícolas de todo o Brasil, sendo que 90% das vendas são para fora do estado.
Werlang aponta uma série de motivos para a baixa nas vendas: endividamento dos produtores devido a enchentes e estiagem; juros altos e dificuldade de acesso ao crédito; impactos do tarifaço dos Estado Unidos que afetam a aquisição de insumos e commodities e ainda a cautela dos produtores em investir devido à incerteza econômica.
“A gente teve vendas exponenciais no setor nos últimos quatro anos e por isso o dado de 2024 não é parâmetro. O patamar estava alto mesmo. Então, o recuo da venda não é crise! Nem se fala em crise no setor. O recuo da venda é pelo momento econômico”, afirma a diretora.
As vendas de animais, embora tenham contado com um número recorde de 6.696 exemplares inscritos, somaram R$ 15,4 milhões, abaixo dos R$ 18,9 milhões do ano anterior. O setor automobilístico fechou com um volume de negócios superior a R$ 590 milhões.
Para o secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Edivilson Brum, a feira foi excelente de forma geral, mesmo com a retração em alguns segmentos. “Sabemos que os números de comercialização em geral registraram queda. Isso se deve à significativa redução dos preços, que descapitalizou os produtores gaúchos e agravou o endividamento agrícola. Esse é o retrato da situação que temos debatido constantemente”.
O governo gaúcho anunciou, ainda, que a Expointer 2026 já tem data definida e ocorrerá de 29 de agosto a 6 de setembro.
Anúncio federal e protesto

A presença do governo federal na feira foi marcada por protestos. Durante a cerimônia de abertura, na sexta-feira, 05, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, foram recebidos com vaias e coroas fúnebres por parte dos produtores rurais. A presença dos representantes do governo federal ocorreu para confirmar a liberação de R$ 12 bilhões para repactuação de dívidas de produtores rurais.
Números da edição 2025 da Expointer


- Vendas gerais: R$ 4,4 bilhões (-45,7% vs 2024)
- Público total: 1.010.020 visitantes
- Recorde diário: 147.812 pessoas
- Faturamento da agricultura familiar: R$ 13,6 milhões (+25% vs 2024)
- Expositores da agricultura familiar: 456
- Animais inscritos: 6.696 exemplares
- Vendas de animais: R$ 15,4 milhões (-18,5% vs 2024)
- Setor automobilístico: R$ 591,8 milhões
- Máquinas e implementos agrícolas: R$ 3,7 bilhões (-50% vs 2024)
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