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Economia

Setor de café pede urgência em negociação das tarifas com os EUA

Exportadores relatam cancelamentos, postergação de contratos e temem perder o consumidor dos EUA com mudança no padrão do blend do café

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

17/10/2025 - 05:00

Marcos Matos, diretor executivo do Cecafé, confirmou encontro com Alckmin na próxima semana. Foto: Evandro Macedo/LIDE
Marcos Matos, diretor executivo do Cecafé, confirmou encontro com Alckmin na próxima semana. Foto: Evandro Macedo/LIDE

Para o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) as negociações entre Brasil e Estados Unidos (EUA) em torno das tarifas impostas aos produtos brasileiros precisam ser tratadas com senso de urgência e foco na pauta econômica. Desde que a tarifa de 50% entrou em vigor, em agosto deste ano, o setor acompanha quedas consecutivas nos embarques para o principal mercado consumidor de café, afetando, por consequência, o resultado final da cadeia. 

Mesmo que outros mercados tenham ampliado suas aquisições no período, à exemplo de países da Europa e da própria Colômbia — concorrente do Brasil no mercado global de café —, o cenário deixa o setor em alerta. “A gente viu empresas norte-americanas comprando, empresas europeias. Ou seja, é a sede, é o maior mercado consumidor de café. […] Então, para nós existe um senso de urgência muito grande. Existem contratos sendo postergados, com grandes prejuízos, em outros casos, existem contratos sendo quebrados. Por isso, nós temos que trabalhar com urgência a isenção ao café”, disse Marcos Matos, diretor executivo do Cecafé, ao Agro Estadão. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Em busca dessa urgência, o Cecafé agendou uma reunião com o vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, no próximo dia 22 de setembro. “Nós vamos falar da situação do setor como um todo, porque às vezes só olhar as estatísticas de tabelas parece que está tudo bem e não está. A isenção das tarifas é nossa prioridade absoluta”, salientou.

Segundo o dirigente, há expectativa de que as reuniões diplomáticas recentes — incluindo o encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na quinta-feira, 16 — abram caminho para uma revisão das tarifas. Porém, ainda não há sinais concretos que isso aconteça, uma vez que novas reuniões, incluindo um encontro pessoalmente entre Trump e Lula deve acontecer em breve. Entretanto, sem data prevista. 

A incerteza deixa o setor cauteloso. “Hoje a gente tem um jogo de xadrez sendo jogado, antes nós não tínhamos. Então, por isso, a gente celebra com otimismo, mas prudência ao mesmo tempo uma possibilidade de isenção tarifária”, destacou.

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Pior cenário

Matos alerta ainda que, se o cenário não for revertido este ano, o resultado final de exportações do setor será duramente afetado. No caso dos EUA, há o risco de nenhum embarque ser realizado nessa reta final de 2025. “Esse seria o nosso pior cenário e se a gente não reverter as tarifas é exatamente isso que vai acontecer”, aponta. 

Para o dirigente, se o governo brasileiro deixar para reconquistar o mercado norte-americano no próximo ano, corre-se o risco de ter um maior grau de dificuldade, com o Brasil indo para o “final da fila” entre os países de preferência dos EUA. Isso pode acontecer, de acordo com Matos, caso haja mudança nos blends do café consumido pelos norte-americanos. 

Atualmente, esse blend — mistura de grãos de diferentes origens — é majoritariamente brasileiro. “Qual é o grande risco? Se essa situação perdurar, as indústrias podem mudar a composição dos blends, e o consumidor acaba se acostumando a novos padrões de sabor. […] Por isso, é fundamental resolver essa questão o quanto antes, antecipando qualquer mudança de mercado”, explicou. 

Para o diretor executivo do Cecafé, se houver uma reversão das tarifas ainda em 2025, será possível acompanhar o retorno dos EUA às compras do produto brasileiro “com força”. 

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